PROTESTO

Manifestantes se aglomeram e realizam ato contra governo Bolsonaro neste sábado (29) no Centro do Recife

Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pela não realização do protesto. Mesmo assim, organizações decidiram manter o ato simbólico com distribuição de máscaras e álcool. Polícia Militar usou spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão

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Katarina Moraes

Publicado em 29/05/2021 às 9:48 | Atualizado em 31/05/2021 às 9:23
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Reportagem em atualização. Com informações dos repórteres Cinthya Ferreira e Thiago Santos

Manifestantes realizaram na manhã deste sábado (29), no Centro do Recife, o ato intitulado 'Fora Bolsonaro', que acontece em cidades por todo o Brasil. O protesto teve concentração na Praça do Derby, por volta das 9h, e contou com a presença de centrais sindicais, movimentos estudantis e sociais e representantes da sociedade civil, que denunciaram ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de sua equipe principalmente durante a pandemia da covid-19. A passeata começou em torno das 10h40 e, por volta das 11h50, forças policiais interceptaram o ato, que acabou em violência.

"Estávamos tranquilos, chegando na Avenida Guararapes, quando fomos confrontados pelo Choque e recebidos com bala de borracha. Foi desnecessário. Você diz que está protegendo a saúde do trabalhador, mas estava ferindo e colocando em risco a integridade física dos manifestantes. A policia agiu de maneira arbitraria e truculenta por mais de 40 minutos. Tivemos companheiros feridos e presos", relatou Antônio Celestino, que integra a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB-PE).

A Polícia Militar de Pernambuco usou spray de pimenta e bala de borracha para dispersar a multidão, o que teria deixado um dos militantes ferido. O protesto descumpriu decreto estadual que proíbe grande concentração de pessoas, devido ao risco de contaminação pelo novo coronavírus trazido por aglomerações. Nessa sexta (29), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou a não realização da manifestação.

A reportagem do JC tentou entrar em contato com a Secretaria de Defesa Social (SDS), com a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e com o Palácio do Campo das Princesas para obter esclarecimentos sobre o caso, mas, até agora, não teve retorno.

O que se observou no ato foi o uso massivo de máscaras - principalmente do tipo PFF2/N95, a mais recomendada para vedação contra o vírus, segundo estudo recente da Universidade de São Paulo - e a tentativa de se manter um distanciamento social e fornecer álcool para higienização das mãos. Mas, mesmo assim, aglomerações são registradas. Os militantes carregam bandeiras e cartazes, muitos com os dizeres: "Fora Bolsonaro, Mourão e militares", "Cadê a vacina, Bolsonaro?" e "Não tem vacina? A culpa é dele!". 

Além das críticas a Bolsonaro, outras pautas também foram trazidas pelo ato, como detalha o representante da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas no Recife, Carlos Elias. "A principal reivindicação é derrubar o governo Bolsonaro e Mourão, mas também é pelo auxílio emergencial para todas as pessoas que estão passando por necessidade, contra a reforma administrativa que vai atacar a saúde e a educação, destruindo serviços públicos, contra as privatizações, contra a destruição do meio ambiente e em apoio à luta dos povos indígenas", explicou.

Ainda, denunciou as medidas tomadas pelo Governo de Pernambuco e pela Prefeitura do Recife. [Estamos aqui para] denunciar também o negligenciamento com as medidas sanitárias tanto no governo Bolsonaro, quanto no governo Paulo Câmara, e aqui, no Recife, do governo João Campos", disse Elias.

Segundo levantamento da BBC News, o protesto contra o governo Bolsonaro estaria marcado para este sábado (29) em pelo menos 85 cidades brasileiras. Nessa sexta (28), a 34ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, com atribuição na Promoção e Defesa da Saúde do MPPE, expediu a Recomendação referente ao Procedimento Administrativo nº 02061.000.268/2020 para a não realização de quaisquer atos que possam vir ocasionar aglomerações de pessoas.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' acontece no Centro do Recife neste sábado (29) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' que acontece na Praça do Derby, Centro do Recife, neste sábado (29) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' que acontece na Praça do Derby, Centro do Recife, neste sábado (29) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' que acontece na Praça do Derby, Centro do Recife, neste sábado (29) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Ato 'Fora Bolsonaro' que acontece na Praça do Derby, Centro do Recife, neste sábado (29) - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

O documento destinava-se aos integrantes das Frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a União Nacional dos Estudantes (UNE), bem como as demais entidades e movimentos sociais que estão convocando e convidando a população para o ato em questão.

Ainda assim, muitas organizações decidiram manter a manifestação. "Fizemos um encontro ontem com todas as lideranças que estão hoje nessa atividade, e agora mesmo estamos seguindo todos os protocolos, existe uma equipe que está fazendo o processo de separar as pessoas e higienizar as suas mãos. A princípio, seria uma caminhada até o centro, mas foi abortada. Não vai ter mais a caminhada, mas sim um ato simbólico envolvendo todas as entidades e movimentos sociais que estão aqui", relatou o diretor da Federação Única dos Petroleiros, Luis Lorenzon.

Horas após a concentração na Praça do Derby, contudo, os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista.

A classe dos petroleiros protestou, principalmente, contra as privatizações em curso no país. "Sabemos do compromisso que temos não só conosco, militantes, mas também com a própria população. Dessa forma, queria deixar claro que a gente vem aqui externar a nossa pauta dos petroleiros, e dizer que somos contrários a esse processo de privatização que está em curso no Brasil todo", expôs Lorenzon.

 

Petrolina

A manifestação também ocorreu na Praça Maria Auxiliadora, no Centro de Petrolina, no Sertão do Estado, circulando por algumas ruas do Centro da cidade. Segundo os organizadores, houve orientações para que os presentes respeitassem as medidas sanitárias de proteção à covid-19.

“Estamos organizando três filas, respeitando a distância de 1,5m das pessoas. Temos seis faixas para facilitar a distribuição [dos manifestantes], e durante todo o ato terá distribuição de álcool em gel por nossa equipe de segurança, também estamos distribuindo máscaras PFF2 para pessoas e a equipe de segurança mai estar vigilante para que as pessoas não se aglomerem, retirem ou abaixem a máscara”, explicou Fernanda Vilas Boas, membro da União da Juventude Comunista (UJC).

O ato teve a participação ainda de membros do Diretório Central dos Estudantes da Univasf, União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UESPE), Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (SINTEP), Seção sindical dos docentes da UNIVASF (SINDUNIVASF), Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais (STAR), Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica (Sinergia), Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf), Associação Raízes, Coletivo Cores, Rua Juventude Anticapitalista, União da Juventude Socialista (UJS) e dos movimentos Olga Benário e Luta de Classes (MLC).

“Estamos defendendo a vida do povo brasileiro. Vemos o que o governo federal, desde o começo, não tem tomado nenhuma medida efetiva contra a pandemia e ainda menosprezou a disseminação do vírus. A situação do país está cada vez pior, com preços altos de alimentos, gás e da gasolina, e com o desemprego se mantendo. Também estamos defendemos a vacinação da população. O vírus não é o único culpado [pelo cenário atual], mas também o governo federal”, disse Bruno Melo, membro da Unidade Popular (UP).

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