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No Recife, centro de convivência inaugura serviço só para mulheres em situação de rua

O atendimento é direcionado a mulheres cis, trans, gestantes e acompanhadas de filhos de até 12 anos

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Bruna Oliveira

Publicado em 25/06/2021 às 17:43 | Atualizado em 25/06/2021 às 17:52
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Mulheres em situação de rua podem contar com um centro de convivência no Recife. O espaço é da Escola Livre de Redução de Danos, que oferece um lugar para autocuidado, como banho, lavagem e secagem de roupa, descanso, lanche e leitura. O atendimento, localizado na Rua das Ninfas, nº 267, no bairro da Soledade, no Centro da capital pernambucana, é direcionado a mulheres cis, trans, gestantes e acompanhadas de filhos de até 12 anos.

A Escola Livre de Redução de Danos havia aberto o centro de convivência em março, com o funcionamento para acolher homens e mulheres. No entanto, apesar do uso misto, foi possível perceber que havia uma maior presença por parte dos homens.

“Isso poderia dificultar ainda mais que mulheres com suas crianças tivessem acesso aos serviços e cuidados do acolhimento. Pensamos num dia só para as mulheres, o que tem se mostrado uma iniciativa acertada”, conta a redutora de danos Ingrid Farias, co-fundadora da organização e coordenadora do centro.

No primeiro dia de funcionamento, o espaço teve a presença de Taciana Francisca da Silva, também conhecida como Lica, que chegou antes das 9h, horário de abertura do local. Assim que o portão abriu, ela teve sua temperatura corporal aferida e as mãos higienizadas com álcool 70%.

Em seguida, já de máscara, a mulher seguiu pelo corredor que dá acesso à área ao ar livre do imóvel onde funciona o serviço. A convivente lanchou cuscuz e biscoitos com suco de goiaba; preferiu guardar a banana para se alimentar em um outro momento. “É bom demais um lugar assim: poder tomar um banho de chuveiro, lavar as roupas, fazer um lanche no sossego. Tudo na rua é mais difícil. Para quem é mulher e precisa cuidar de criança, é mais ainda”, desabafou Taciana.

De acordo com o centro de convivência, faz parte do projeto oferecer apoio psicológico às pessoas conviventes no futuro. “A pandemia deixou muito mais evidente a necessidade do cuidado com a saúde mental, que, se é algo ainda difícil de se ter acesso para as pessoas que estão em postos de trabalho, com renda, para as pessoas em situação de rua se torna algo impossível. E a Escola de Redução de Danos tem essa preocupação”, explicou o psicólogo Rafael West, também co-fundador da organização.

Campanha Acolha, Não Puna

As atividades da Escola Livre de Redução de Danos em junho fazem parte da programação da campanha mundial Acolha, Não Puna (support, don’t punish, em inglês), atualmente presente em 239 cidades de 90 países. A iniciativa é global, realizada por mais de 340 entidades, para promover a redução de danos e políticas de drogas que priorizem a saúde pública e os direitos humanos, com o objetivo de construir alternativas sustentáveis aos ciclos de punição, marginalização e violência. Criada em 2013, a campanha acontece durante o mês de junho e tem seu ponto alto no dia 26.

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