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"Foi muito forte vê-la daquele jeito", diz mãe de Roberta, trans queimada viva no Recife

A mulher de 33 anos teve 40% do corpo queimado em tentativa de homicídio no Cais de Santa Rita, Centro do Recife, em 24 de junho. Ela está atualmente internada no Hospital da Restauração

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Katarina Moraes

Publicado em 05/07/2021 às 14:29 | Atualizado em 05/07/2021 às 14:57
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Com informações do repórter Mário Oliveira, da TV Jornal

A mãe de Roberta Nascimento Silva, a transexual de 33 anos que teve 40% do corpo queimado em tentativa de homicídio no Cais de Santa Rita, Centro do Recife, em 24 de junho, quebrou o silêncio em relação ao caso da filha. À TV Jornal, ela disse que precisa de medicação para dormir, e relatou o quanto foi doloroso vê-la após o atentado.

"Eu tenho pressão alta, deu uma dor em mim e fui socorrida. Foi muito forte vê-la queimada daquele jeito, ficou muito marcada. Quando saio de lá (do hospital), me sinto mal. Quando chego em casa, tenho que tomar remédio. Às vezes, durmo tarde", contou à reportagem a mulher, que não quis se identificar.

Segundo a mãe, Roberta vive nas ruas e tem dependência química desde adolescente. A grande esperança da família é que ela saia do hospital, se recupere e mude de vida. "[Desejo] que saia da rua e  fique direitinha". "[Queria] que ela se ajeitasse agora, parasse e pensasse no que aconteceu, que Jesus colocou a mão ali, porque está viva aí ainda", disse.

Roberta foi incendiada viva supostamente por um adolescente. Pela gravidade dos ferimentos, teve os dois braços amputados. A primeira cirurgia ocorreu no dia 26 de junho, no membro esquerdo, a nível do ombro. No dia 30, ela precisou amputar o braço direito. De acordo com o HR, o ataque provocou queimaduras de terceiro grau em seu corpo, chegando à musculatura.

A vítima vinha se recuperando, estava consciente e havia saído da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No entanto, nesse domingo (4) ela apresentou uma piora e foi novamente sedada e intubada. Ainda na tarde desta segunda-feira (5), será novamente transferida para a UTI. 

O médico Marcos Barreto, chefe do setor de queimados do hospital, informou que o quadro dela é de "altíssimo risco". "Ontem a noite ela começou a ter depressão respiratória, queda na saturação de oxigênio. Foram feitas todas as manobras necessárias para não fazer procedimento invasivo, mas, como ela não respondeu, às 21h20 ela foi para ventilação mecânica. Está agora sedada", disse.

O especialista explicou que a vítima passou por um "novo procedimento cirúrgico de retirada de tecido desvitalizado" na manhã desta segunda "no restante das queimaduras, que foram bem extensas, principalmente no tronco, frente e verso". Além disso, afirmou que outro "entrave na evolução do caso" é o comprometimento pulmonar em Roberta.

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