No Dia do Orgulho LGBTQIA+, ato no Recife pede fim da violência contra trans e travestis
O movimento relembrou o caso de Roberta Silva, que teve 40% do corpo queimado no dia 24 de junho, no Cais de Santa Rita
Nesta segunda-feira (28), Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, representantes de diversos movimentos sociais foram ao Centro do Recife pedir o fim da violência contra transexuais e travestis. O ato aconteceu em frente ao Palácio das Princesas, sede do governo estadual, em Santo Antônio, reivindicando proteção e políticas públicas em prol do grupo, e relembrando o caso da mulher trans Roberta Silva, que teve 40% do seu corpo queimado no Cais de Santa Rita, no dia 24 de junho.
- Dia do Orgulho: Recife implanta novas áreas de urbanismo tático com cores da bandeira LGBTQIA+
- MPPE apura denúncias contra escola em Aldeia que criticou campanha LGBTQIA+ da Burger King
- Clubes pernambucanos endossam movimento no dia o orgulho LGBTQIA+
- No Dia do Orgulho LGBTQIA+, Pabllo Vittar supreende Gil do Vigor no 'Encontro'
- 'Falas de Orgulho': Saiba como será o especial LGBTQIA+ da TV Globo nesta segunda-feira (28)
Pernambuco ocupa o sétimo lugar na lista de estados onde há mais assassinatos de pessoas transgênero e travestis no País, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
"Recentemente, tivemos dois casos de violência em Pernambuco: o de Kalyndra, que foi asfixiada pelo marido, e o de Roberta, queimada viva, no Cais de Santa Rita. Exigimos que medidas sejam tomadas para proteção da vida de pessoas trans. O transfeminicídio é algo sistemático, mas medidas podem ser tomadas", destacou Caia Coelho, membro da diretoria da Nova Associação de Travesti e Transexuais de Pernambuco (Natrape).
Em contrapartida, de acordo com Caia, Pernambuco também é o estado em que mais há mecanismos para proteção de pessoas LGBTQIA+. No entanto, as medidas não são postas em prática. “Além de Roberta, teve a travesti Lady Gaga, que foi esfaqueada no Cais de Santa Rita. Há mecanismos, mas eles não estão sendo tomados", concluiu.
Ainda segundo dados da Antra, em 2019, pelo menos 124 pessoas transgênero, entre homens e mulheres transexuais, transmasculinos e travestis, foram assassinadas no Brasil, em contextos de transfobia. Apenas no primeiro semestre de 2020, o País já contabiliza 175 vítimas.
Caso Roberta
Na última quinta-feira (24), uma mulher trans, identificada como Roberta, teve 40% do seu corpo queimado e um braço amputado, após um adolescente atear fogo em seu corpo no Cais de Santa Rita. Roberta permanece internada em estado grave no Hospital da Restauração, no Derby, Centro do Recife. Nesta segunda-feira (28), o chefe do Setor de Queimados do HR, Marcos Barreto, explicou que a situação do outro braço também é delicada.
- Como o caso Roberta, trans incendiada viva no Recife, evidencia violência contra comunidade LGBTQIA+
"Todas as lesões dela são de terceiro grau, ela ficou queimando, não apagou. No sábado, ela foi para o grupo vascular, que assumiu o caso dos braços que estavam comprometidos, e foi aberto o outro braço e tórax. Ela tem comprometimento sério do membro direito, é um membro que tem ainda risco grande de perda", comentou Marcos Barreto em entrevista à TV Jornal.
Caso Kalyndra
No início do mês, outro caso de violência. Kalyndra Selva Nogueira da Hora, de 26 anos, foi encontrada morta com marcas no pescoço e sinais de asfixia na casa em que morava, no bairro do Ipsep, no Recife. O companheiro dela, considerado o principal suspeito do crime, foi preso e em seguida liberado durante audiência de custódia.
A enfermeira Fernanda Falcão conhecia as vítimas e descreveu o que precisa ser feito para combater o preconceito e evitar novas vítimas. "Queremos criar estratégias de prevenção que podem ser trabalhadas com o Governo e a sociedade civil. Uma delas é a criação de uma casa de acolhimento para atender pessoas transgêneras em situação de rua. Além de trabalhar com formação institucional. Precisamos que as pessoas que estejam dentro dessas secretarias saibam
como receber essas pessoas", pontuou.