Recife fica em 14º lugar entre capitais brasileiras em ranking sobre desenvolvimento sustentável
Estudo foi elaborado com base no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil (IDSC-BR)
Com informações da Rádio Jornal
Um estudo elaborado com base no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil (IDSC-BR) colocou o Recife na 14ª posição entre as 26 capitais estaduais brasileiras, mostrando que a capital de Pernambuco ainda tem grandes desafios a superar para atingir todos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030.
No ranking geral do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil, que computou e analisou os dados de 770 municípios de todo o país, Recife encontra-se na 378ª posição, com pontuação média de 54,57 considerando todos os objetivos a serem atingidos. Quanto mais próximo de 100, mais perto de alcançar as metas preconizadas pela ONU.
A cidade registra nove ODS na cor vermelha, nível mais baixo do índice. São eles: número 2 - Fome zero e agricultura sustentável (36,0 pontos), 3 - Saúde e bem-estar (51,9 pontos), 4 - Educação de qualidade (48,6 pontos), 5 - Igualdade de Gênero (32,9 pontos), 6 - Água Limpa e Saneamento ( 64,4 pontos), 8 - Trabalho Decente e Crescimento Econômico ( 43,9 pontos), 10 - Redução das Desigualdades (40,6 pontos), 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis ( 29,2 pontos) e 16 - Paz, Justiça e Instituições eficazes ( 32,3 pontos). Alguns desses pontos são desafios compartilhados por prefeitos e gestores públicos de todo o país.
No entanto, o índice mostra que a cidade está muito próxima de alcançar plenamente a meta número 7 - Energia Limpa e Acessível (99,3 pontos) e número 12 - Consumo e Produção Responsáveis (95,2).
"O Recife está quase na metade desse ranking. Isso significa que de 0 a 100, que é o máximo para ser considera uma cidade sustentável - que deve ser atingida até 2030 -, Recife já teria percorrido a metade do caminho e ainda tem a metade do caminho a percorrer nos próximos 10 anos. Esse é o desafio atual da cidade", explica Jorge Abrahão, presidente do Instituto Cidades Sustentáveis.
Ranking das capitais do Brasil:
1. Curitiba (PR) - 66,03
2. São Paulo (SP) - 64,86
3. Florianópolis (SC) - 64,15
4. Goiânia (GO) - 61,68
5. Belo Horizonte (MG) - 61,08
6. Palmas (TO) - 60,17
7. Campo Grande (MS) - 58,64
8. Vitória (ES) - 58,37
9. João Pessoa (PB) - 57,80
10. Porto Alegre (RS) - 57,80
11. Manaus (AM) - 57,60
12. Rio de Janeiro (RJ) - 57,30
13. Salvador (BA) - 55,18
14. Recife (PE) - 54,57
15. Rio Branco (AC) - 53,56
16. Aracaju (SE) - 53,16
17. Cuiabá (MT) - 52,47
18. Fortaleza (CE) - 52,44
19. Boa Vista (RR) - 52,05
20. Natal (RN) - 51,47
21. Teresina (PI) - 51,28
22. Maceió (AL) - 50,36
23. São Luís (MA) - 49,81
24. Belém (PA) - 46,74
25. Porto Velho (RO) - 46,13
26. Macapá (AP) - 43,35
O ranking completo com as mais de 700 cidades pode ser conferido no site do projeto.
O Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades
O Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades - Brasil, lançado no dia 23 de março deste ano, é um estudo inédito desenvolvido pelo Programa Cidades Sustentáveis (PCS), em parceria com a Sustainable Development Solutions Network (SDSN), uma iniciativa da ONU para monitorar os ODS em seus países-membros.
Abrahão destaca que projeto é de suma importância para as cidades. "Se você olha os desafios das cidades, o prefeito pode ter um olhar sistêmico e estruturante para a cidade. E pode, com isso, ver onde é que estão as maiores fragilidades a as maiores virtudes. E, com isso, definir prioridades e investimentos a serem feitos", afirma.
A iniciativa conta com o apoio do Projeto CITinova e consiste em um extenso trabalho de seleção, coleta e sistematização de dados de 770 municípios brasileiros, incluindo as capitais estaduais, além de cidades de todas as regiões metropolitanas e biomas do país. Ao todo, foram utilizados 88 indicadores de gestão relacionados aos diversos temas abordados pelos 17 ODS. O levantamento dos dados foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
Embora as cidades ainda tenham quase dez anos para avançar na Agenda 2030, o estudo mostra que a maioria dos municípios está muito distante de cumprir as metas estabelecidas em 2015.
Objetivo mais desafiador
O objetivo mais desafiador é o 3 - Saúde e Bem-Estar, justamente o que apresenta uma relação direta com a pandemia em sua meta 3.d, que preconiza: reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde.
Neste ODS, 756 das 770 cidades estão no pior quartil do sistema de classificação e as outras 14, no segundo pior. Nenhuma cidade está nas duas melhores faixas da escala, que significam que o objetivo foi atingido (no caso do melhor quartil) ou que há alguns desafios para atingi-lo (no caso do segundo melhor). Importante destacar que os dados e indicadores do índice não levam em consideração os efeitos da pandemia, uma vez que se referem a períodos anteriores à disseminação do novo coronavírus.
Metodogolia do IDSC-BR
A metodologia do IDSC-BR foi elaborada pela SDSN (UN Sustainable Development Solution Network), uma iniciativa da ONU para mobilizar conhecimentos técnicos e científicos da academia, da sociedade civil e do setor privado no apoio de soluções em escalas locais, nacionais e globais. Lançada em 2012, a SDSN já desenvolveu índices para diversos países e cidades do mundo.
O IDSC-BR apresenta uma avaliação abrangente da distância para se atingir as metas dos objetivos ODS em 770 municípios, usando os dados mais atualizados (tipicamente entre 2010 e 2019) disponíveis em nível nacional e em fontes oficiais. As cidades foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios: capitais brasileiras, cidades com mais de 200 mil eleitores, cidades em regiões metropolitanas, cidades signatárias do Programa Cidades Sustentáveis (PCS) na gestão 2017-2020 e cidades com a Lei do Plano de Metas, além de contemplar todos os biomas brasileiros.
A pontuação do IDSC-BR é atribuída no intervalo entre 0 e 100 e pode ser interpretada como a porcentagem do desempenho ótimo. A diferença entre a pontuação obtida e 100 é, portanto, a distância em pontos porcentuais que uma cidade precisa superar para atingir o desempenho ótimo. Há uma pontuação para cada objetivo e outra para o conjunto dos 17 ODS.
O mesmo conjunto de indicadores foi aplicado a todos os 770 municípios para gerar pontuações e classificações comparáveis. Diferenças entre a posição de cidades na classificação final podem ocorrer por causa de pequenas distâncias na pontuação do IDSC.
Desse modo, o índice apresenta uma avaliação dos progressos e desafios dos municípios brasileiros para o cumprimento da Agenda 2030.