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Ainda em estado grave, menina atingida por muro do Metrô do Recife respira sem a ajuda de aparelhos; "ela quer muito vir para casa", diz mãe

A menina está internada na UTI pediátrica do Hospital da Restauração, no Derby

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Vanessa Moura

Publicado em 22/10/2021 às 14:43 | Atualizado em 22/10/2021 às 14:54
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Apesar de permanecer internada em estado grave estável, a menina de 8 anos atingida pela queda do muro do Metrô do Recife no último sábado (16), foi destubada na noite da quinta-feira (21) e agora respira sem a ajuda de aparelhos. 

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De acordo com informação cedida pela assessoria de imprensa do Hospital da Restauração (HR), onde a criança está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, desde a quarta-feira (20) a menina vinha dando uma resposta positiva à diminuição gradativa dos parâmetros do respirador.

Ainda nesta sexta, ela deve passar por exame de Ressonância Cevical, à nível de acompanhamento. A criança passou por uma cirurgia na bacia, na madrugada do domingo (17).

Em conversa com a reportagem do JC, a mãe da menina revelou estar esperançosa com a recuperação da filha. "O que eu espero é que minha filha se recupere logo. Já consegui falar com ela e tudo que ela pede é para vir para casa. Ela quer muito vir para casa, mas eu explico que agora ela não pode, que ela precisa ficar mais um tempo no hospital para se recuperar".

Ainda de acordo acordo com ela, as últimas informações cedidas pelo hospital apontam que a criança deve ser transferida para a enfermaria da unidade de saúde até o sábado (23). "Meu marido soube de um dos médicos que ela está para ser transferida para a enfermaria de hoje [sexta-feira] para amanhã [sábado]", completou. 

Queda do muro

 

GUGA MATOS/JC IMAGEM
Perícia após muro do Metrô do Recife atingir criança, da comunidade do Coque. - GUGA MATOS/JC IMAGEM

A vítima e outras crianças participavam de uma festa em comemoração ao Dia das Crianças, na comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra, no Centro da cidade. No entanto, o que era alegria acabou em desespero às 13h quando uma das placas do muro do Metrô do Recife caiu e atingiu a garota de 8 anos. Jonata Santos, que coordena o projeto Mão Amiga, responsável pelo evento, informou que havia cerca de 150 crianças no local, além de 20 voluntários e familiares da garotada.

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A menina foi inicialmente levada ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde recebeu os primeiros atendimentos, e depois foi para o HR.

"Foi muito sério o que aconteceu e poderia ter atingido mais crianças. Uma placa dessa deve pesar mais de 200 quilos. Ela teve hemorragias na boca, no nariz e na vagina porque houve rompimento da bacia", contou Jonata, na ocasião.

Revolta

"A comunidade está muito revoltada. Vários ofícios já foram enviados para a CBTU, pelo ponto de cultura que existe no Coque, alertando sobre a situação dos muros e pedindo providências. Infelizmente nada foi feito e acontece uma tragédia dessa", comentou Jonata. Segundo ele, a menina ferida é uma das mais ativas do Projeto Mão Amiga, que oferece recreação todos os sábados. "Ela é uma das mais ativas, adora nosso projeto, está presente todos os sábados", comentou.

"Era uma festa, as crianças estavam todas brincando. A gente quer Justiça, esse acidente não pode ficar impune. Ficamos todos desesperados. Foi um milagre de Deus ela ter saído viva daqui. Perdeu muito sangue e desmaiou. A CBTU precisa responder por isso", disse uma tia da garota.

Em nota, enviada apenas às 9h18 da segunda-feira (18), a CBTU lamentou "profundamente o ocorrido" e informou que está investigando a causa do acidente.

A companhia disse ainda que "os 71 km de vias eletrificadas do Metrô do Recife possuem muros que passam por vistoria e reparos periodicamente", embora o JC já tenha noticiado em outra ocasião a indignação dos moradores em relação à falta de vistoria nestes mesmos muros.

Em 2015, por exemplo, após a morte de Max Mateus Antônio do Nascimento, de 10 anos, também do Coque após ser atropelado por composição do metrô, a comunidade já se queixava da falta de manutenção dos muros, que frequentemente caiam.

O técnico administrativo Adelson da Silva Pereira, de 43 anos, integrante da Associação Nova Esperança do Coque, denunciou à reportagem que acidentes como esse acontecem constantemente.

"Na mesma região já houve acidentes por causa de queda de placas, de muros, faz muito tempo que não tem manutenção. Inclusive, tem uma ponte que liga a Comunidade do Coque ao bairro de Afogados por onde só passam pedestres que a escadaria está toda danificada oferecendo sérios risco de acidentes", relatou.

*Os nomes da vítima e dos familiares foram resguardados pela reportagem como forma de preservar a identidade da criança.

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