URBANISMO

Enquanto esperam requalificação, quiosques da orla de Boa Viagem, no Recife, seguem sendo alvos de arrombamentos

As constantes depredações contra os quiosques fazem com que 15 deles permaneçam fechados e inutilizados

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Katarina Moraes

Publicado em 08/11/2021 às 10:40 | Atualizado em 08/11/2021 às 15:33
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Foram ao menos três arrombamentos em menos de um mês. Há cerca de 15 dias, nem a câmera de segurança no quiosque de número 29 intimidou os assaltantes. Na última semana, o 21 teve a caixa de eletricidade quebrada e os fios de energia levados. Na madrugada desse domingo (7), foi a vez do quiosque 53 ter a porta de ferro empenada, e os vidros, a estufa e parte da mercadoria roubados. Essa é a onda de criminalidade que os donos dos comércios da Avenida Boa Viagem, no bairro de mesmo nome da Zona Sul do Recife, têm vivido enquanto esperam por ações do poder público, que promete iniciar a requalificação de toda a orla ainda em 2021.

As constantes depredações contra os equipamentos fazem com que 15 deles permaneçam fechados e inutilizados, segundo a Associação dos Barraqueiros de Coco de Recife (ABCR). “Não temos segurança na orla de Boa Viagem, não vejo passar viatura. Eles prendem e soltam [os assaltantes]. O dono do quiosque 4, por exemplo, dorme nele para zelar pelo que resta. A roubalheira tinha parado, mas começou de novo. estão quebrando e detonando mesmo. Pedem para que prestemos queixa, mas toda vez passamos um tempão na delegacia e não temos o problema resolvido”, denunciou a presidente da ABCR, Josy Miranda.

Por nota, a Polícia Militar de Pernambuco afirmou que o “Batalhão não foi acionado para a ocorrência citada na demanda”, e garantiu que faz policiamento ostensivo na orla de Boa Viagem, com “aumento significativo” nos finais de semana. Citou que na última segunda-feira (1º) prendeu dois homens suspeitos de arrombamento a quiosques, que foram encaminhados para a Delegacia de Boa Viagem. Por fim, afirmou que o bairro registrou redução de 11% de crimes do tipo em outubro deste ano, quando comparado com 2020, e que a população deve acionar a PM sempre que perceber uma “movimentação estranha” através do 190.

Outros comerciantes, entretanto, não aguentaram os prejuízos financeiros causados pelos arrombamentos. A ABCR conta que, dos 60 quiosques, 15 estão fechados, em ruínas - alguns deles cobertos por lonas plásticas e outros que nem mesmo têm fachada. “Tudo é gasto. O grande prejuízo não é o que eles levam, mas o que causam. Quebra uma porta ou um vidro, fora o tempo que você vai perder com o quiosque fechado, você vai ter que colocar tudo isso de volta. E muitos desistem do negócio”, explicou Chico Silva, diretor da associação.

WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM
Além da recorrência de furtos, a estrutura dos equipamentos segue desestimulando os comerciantes - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM
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Além da recorrência de furtos, a estrutura dos equipamentos segue desestimulando os comerciantes - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM
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Além da recorrência de furtos, a estrutura dos equipamentos segue desestimulando os comerciantes - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM
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Além da recorrência de furtos, a estrutura dos equipamentos segue desestimulando os comerciantes - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

Além da recorrência de furtos, a estrutura dos equipamentos segue desestimulando os comerciantes, já que a última reforma foi realizada há 11 anos, em 2009. Há um ano, foi feito um acordo entre a ABCR e a Prefeitura do Recife para revitalização dos quiosques, que até agora não saiu do papel. O prazo é de que as obras sejam iniciadas ainda neste ano por meio de patrocínios. O Blog de Jamildo antecipou que a parceira preferencial do projeto é a cervejaria Ambev.

À reportagem do JC, a Prefeitura do Recife garantiu que a promessa será cumprida no prazo. “A Secretaria de Política Urbana e Licenciamento esclarece que está, em conjunto com outros órgãos da gestão, elaborando um projeto de requalificação das orlas de Boa Viagem e do Pina. Com relação aos quiosques, a PCR já aprovou todos os trâmites do projeto de recuperação dos equipamentos, que ficará a cargo da Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife (ABCR). A previsão para o início das obras é ainda este ano”, disse.

O projeto foi feito em conjunto pelo arquiteto recifense Bruno Ferraz, historiador Leonardo Dantas, xilógrafo Severino Borges e pela Associação Pelo Cordel em Pernambuco (Acordel) e prevê a junção de cultura, modernidade e sustentabilidade para estampar os quiosques de um dos principais pontos turísticos do Recife. Cada um deve ter painel de energia solar e balcão acessível para cadeirantes, além de versos contando fatos marcantes da história recifense, que comemora 500 anos em 2037, desenhos com grafismo de Cordel e painel de azulejos com o desenho do antigo calçadão da orla, além de área para depósito e estrutura elétrica e hidráulica.

Ansiosa pelas obras, Josy recebe com otimismo a possibilidade de ganhar melhores condições de trabalho. “Pela primeira vez fomos ouvidos, porque antes a prefeitura discutia com arquitetos sobre o que era mais bonito para a cidade, mas não escutava comerciantes sobre o que era mais seguro para trabalhar. O quiosque está vindo, é só uma questão de trâmite legal, mas o que está para sair será muito bonito. Estamos em reunião com a prefeitura nesta semana, mas acreditamos que este ano ainda deva sair dois ou três quiosques”, torceu.

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