Voo 115: Trinta anos após queda de avião no Ipsep, relembre acidentes aéreos que marcaram a história de Pernambuco
Em 11 de novembro de 1991, um avião Bandeirante caiu em um praça na Zona Sul do Recife cerca de 30 segundos após decolar do Aeroporto Internacional dos Guararapes
Nesta quinta-feira (11), completa-se 30 anos do acidente com o avião Bandeirante, prefixo PT-SCU, que vitimou 17 pessoas, entre elas duas que não estavam na aeronave. O avião que saiu do Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, tinha como destino o Aeroporto Internacional de Salvador. Mas caiu pouco tempo depois de decolar, no bairro do Ipsep, na Zona Sul da capital pernambucana.
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Todos que estavam a bordo do Voo 115 da Nordeste Linhas Aéreas faleceram: o piloto Elias Mucarbel; o copiloto Luiz Henrique Granja Cruz; o major da Aeronáutica Antônio Carlos A. Costa, encarregado da checagem de voo; o suboficial da Aeronáutica Ronaldo Azevedo; o empreiteiro Gustavo Mansur; o empresário mineiro Luiz Walace Palhares; os suíços Wlodzimierz Pas e sua esposa Emma; o militar da Marinha Renato Piassi e sua mulher Sandra, que estava grávida de seis meses; Lizanel Melo; Tereza de Araújo; Paulo Vasconcelos; o supervisor de produção de gás da White Martins, João Bosco de Carvalho; e Darcy Carvalho.
As imagens da tragédia no Ipsep
Além deles, uma criança de apenas 8 anos, que brincava de carrinho na praça, e um idoso, que estava sentado no jardim de sua residência foram vitimados. Horas após o acidente, a esposa de uma das vítimas também havia sido incluída entre os mortos. No dia seguinte, porém, a informação foi desmentida.
Esse foi apenas um dos muitos casos de acidente que ocorreram em Pernambuco. Relembre outros desastres aéreos que marcaram o Estado.
Acidentes aéreos que chocaram Pernambuco
1961
1º de novembro - Desastre do Voo da Amizade. O Douglas DC-7 da Panair do Brasil, prefixo PP-PDO, que saiu de Lisboa para o Recife, colidiu com a copa de uma árvore a 2,7 km da cabeceira da pista do Aeroporto do Recife e caiu, incendiando em seguida. Dos 88 passageiros e tripulantes, 45 morreram.
1987
14 de dezembro - Um Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou do Recife e, uma hora depois, caiu no mar, a 15 km de Fernando de Noronha. As 29 pessoas que estavam a bordo morreram. A perícia técnica apontou como causas o mau tempo e uma carga mal acondicionada na aeronave.
1990
20 de setembro - Os moradores de Fernando de Noronha foram testemunhas de outro acidente aéreo. Três minutos após decolar, o EMB 110 Bandeirante, prefixo PT-FAW, do governo de Pernambuco, caiu no mar. Do arquipélago, parentes das vítimas acompanharam as buscas, mas não houve sobreviventes.
1996
17 de novembro - Um choque no ar entre aviões foi a causa da queda de um Bandeirante da FAB, em São Caetano, a 151 km de Recife. Nove militares morreram no acidente. Destroços do avião, que não tinha caixa-preta, foram encontrados num raio de 200 metros.
2002
29 de setembro - Um bimotor Sêneca caiu em Arcoverde, Sertão do estado, em uma área residencial. Antes da queda, o avião derrubou uma árvore e bateu de bico no muro da Escola Estadual Noé Ferraz. Depois da queda o avião explodiu. Seis pessoas ficaram feridas, entre elas o hoje deputado federal Raul Henry. Ninguém morreu.
2007
16 de fevereiro - O piloto alemão Frank Hettlich morreu em um acidente com o avião bimotor Sêneca, prefixo D-GOMM, que pilotava e que caiu a cerca de 70 km do arquipélago de Fernando de Noronha. Ele viajava sozinho. O piloto saiu de Natal com destino a Dakar, no Senegal, África.
2008
23 de novembro - Um bimotor modelo King Air B-200 OSR, com 10 pessoas a bordo, caiu em San Martin, no Recife, a 5 km do aeroporto. A causa do acidente teria sido uma pane seca, pois o avião não explodiu. A aeronave pertencia a uma empresa de Joelma e Chimbinha, que formavam a Banda Calypso na época. O piloto e um produtor da banda paraense morreram.
2009
31 de maio - O voo 447 da Air France, que seguia do Rio de Janeiro para Paris, caiu no mar, a 600 km de Fernando de Noronha. As 228 pessoas a bordo morreram. Os corpos foram trazidos para o IML do Recife.
2011
13 de julho - Um avião da Noar Linhas Aéreas, que fazia o voo 4896, caiu em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A queda do bimotor da companhia aérea regional aconteceu três minutos depois de decolar do Aeroporto Internacional dos Guararapes. Todas as 16 pessoas a bordo morreram.
2014
13 de agosto - Um avião, modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, caiu em Santos, litoral paulista. Morreram o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que estava em plena campanha presidencial, e outras seis pessoas. Embora não tenha acontecido no Estado, esse acidente chocou os pernambucanos.
Aerofobia
Hoje em dia, as chances de um avião cair, principalmente em voos comerciais, são mínimas. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) calcula que acontecem 5,2 milhões de voos seguros para cada acidente. De acordo com as estatísticas, seria possível viajar todos os dias durante mais de 20 mil anos sem nunca sofrer um acidente aéreo fatal.
Apesar dos dados, muita gente ainda tem medo de viajar num avião, a chamada aerofobia. De acordo com o doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento Leopoldo Barbosa, professor da FPS, quando ocorre um acidente o medo coletivo é potencializado. Uma pesquisa de 2019 feita pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) revelou que 42% dos brasileiros têm medo de voar e possuem aerofobia. A média mundial é de 30%.
Ter medo de avião é uma situação muito comum entre as pessoas, mas não é necessário abandonar todos os planos e sonhos de viagens, por se achar mais seguro em terra, explica Barbosa "O medo é uma estratégia de proteção, que nos faz ter determinadas precauções. Então, é normal que algumas pessoas tenham medo de voar. Mas esse medo não pode ser algo que nos paralise, que fique por muito tempo em nós e nos impeça de voar", pontua a especialista, explicando que identificar os gatilhos deste temor pode ajudar a vencê-lo.