SEM CARNAVAL

Após suspensão do Carnaval de rua no Recife, artistas pedem socorro e cobram soluções dos governantes

Músicos sugerem que as festas de Carnaval possam acontecer em equipamentos públicos, com controle do número de pessoas e exigência de passaporte vacinal

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Filipe Farias

Publicado em 05/01/2022 às 22:32 | Atualizado em 06/01/2022 às 10:07
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Após o anúncio oficial da suspensão do Carnaval de rua do Recife, devido o avanço da epidemia de influenza H3N2 e da luta persistente contra a pandemia de covid-19, artistas repercutiram sobre a dificuldade de passar mais um ano sem a realização do maior evento que a capital pernambucana recebe, e cobraram soluções dos governantes para que as classes diretamente afetadas não sejam esquecidas.

Procurado pela reportagem do JC, o Maestro Forró, a princípio, achou acertada a decisão da Prefeitura do Recife. "Fico triste por toda essa situação. Realmente acredito que está difícil para todo mundo. Doenças, gripes, covid-19... Torço para que tudo isso passe o mais rápido possível e vai passar. Acho acertada a decisão, pois não devemos arriscar mais vidas, do ponto de vista da saúde", comentou.

Entretanto, o músico enfatizou que, se o Carnaval for de fato cancelado, a medida precisa ser adotada tanto nas festas de rua, como nas privadas. Ou, do contrário, que as autoridades promovam as festas públicas em locais fechados, controlando o número de pessoas e exigindo o passaporte de vacinação. "O argumento para ter as festas privadas é que pode controlar a entrada, verificar se todos estão vacinados... Então, acredito que se a ciência acha que controlando o número de pessoas pode realizar show, por que não fazer o Carnaval em alguns equipamentos como o Sítio da Trindade? Montando toda a estrutura como se faz nos shows em clubes, exigindo a vacinação e limitando o número de pessoas. Acho que seria uma saída. Pois o que não poder é cancelar o Carnaval de rua e manter as festas privadas, que já estão acontecendo há meses. A classe dos músicos não aguenta mais um ano sem Carnaval. Está muito difícil. Reconheço o que fizeram no ano passado, mas foi algo super insuficiente. É preciso pensar ações concretas para socorrer essa cadeia produtiva", declarou Maestro Forró.

Quem também exigiu providência dos governantes foi Almir Rouche, que alertou que as festas particulares estão acontecendo há meses. "As festas privadas estão acontecendo e não estamos aqui pregando a abertura Carnaval como ele acontecia anteriormente. Lutamos para que possamos estar inseridos nessa festas para os vacinados. Mostramos que temos equipamentos disponíveis para fazer o Carnaval", garantiu o cantor.

O Maestro Spok, por sua vez, teme que os menos favorecidos da categoria artística sejam afetados pelo segundo ano consecutivo. "Todos precisam muito da parte financeira. Precisa trabalhar. Mas eles (músicos, profissionais que trabalham nos bastidores dos eventos) talvez precisem até mais. É necessário que lhe para os artistas e para todas a manifestações culturais. Isso me preocupa", contou o músico.

TURISMO E LAZER

Já o Secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Rodrigo Novaes, confessou que lamentará bastante caso o Carnaval da cidade seja cancelado pelo segundo ano consecutivo; porém, adotou um discurso de priorizar o controle da pandemia da covid-19 e de novas gripes no Estado. "Para mim, enquanto secretário de Turismo do Estado, é muito ruim ter dois anos sem Carnaval, dois anos sem São João. Mas é uma situação de pandemia. Então, se for ter ou não Carnaval, é algo que vai ser anunciado mais a frente, com todas informações necessárias. Mas, nesse momento, o reforço é de que as pessoas sigam se cuidando, que usem máscara em todos os eventos", falou o político.

"É importante entender que ninguém é maluco de realizar uma festa como esta se ela for colocar a vida das pessoas em risco. Se for para ser assim, é claro que não deve ter festa nenhuma. Mas a autoridade que deve ser ouvida hoje para definir qualquer coisa sobre Carnaval é a sanitária, o secretário de Saúde do Estado", complementou Rodrigo Novaes.

REDE HOTELEIRA

Para Eduardo Cavalcanti, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco, se mostrou favorável ao cancelamento do Carnaval, mesmo com o impacto econômico no setor hoteleiro. "É melhor perder uma semana do que perder mais um ano. Sei que mexe na economia de diversos setores, como a de eventos, músicos, mas se a ciência mostra que os índices da contaminação pelo vírus da influenza e da covid-19 estão aumentando, a decisão é acertada. Não aguentamos outro 'lockdown', outra crise da que tivemos. É precisa segurar o Carnaval e ver as ações que o Governo adotará para minimizar a pandemia", disse Cavalcanti.

PREFEITURA

Através de sua rede social, o prefeito do Recife, João Campos, explicou o motivo de sua decisão de suspender o Carnaval da cidade. "Defender a vida é compromisso. O Recife segue enfrentando a pandemia da covid-19, junto com o surto mais recente de gripe, com responsabilidade e trabalho. Diante deste cenário, o Carnaval deste ano precisa ser suspenso. A decisão foi tomada ouvindo a comunidade científica e técnicos do Comitê do Carnaval, que inclui outras capitais brasileiras. Os passos seguintes, como eventual ou auxílio, ou possibilidade de prorrogação, estão sendo estudados, sempre com base nos indicadores de saúde. O bloco mais importante, neste momento, é o da vacina no braço. Vamos em frente".

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