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Em Barreiros, congressistas questionam versão policial e cobram investigação ‘ampla’ sobre assassinato de menino

A Polícia Civil afirmou que Jonathas Oliveira, de 9 anos, teria sido morto por traficantes que queriam comprar as terras do pai dele

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JC

Publicado em 18/02/2022 às 12:32 | Atualizado em 18/02/2022 às 21:02
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A morte do filho de um líder rural, de apenas 9 anos, no município de Barreiros, Zona da Mata pernambucana, pela crueldade, chamou a atenção de integrantes das Comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Nesta sexta-feira (18), parlamentares visitaram a região do crime e cobraram maior rigor nas investigações, inclusive questionando a linha de investigação apresentada até agora.

A agenda cumprida durante a manhã envolveu um encontro na comunidade do Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, além de reunião na prefeitura da cidade. À tarde, está prevista, já no Recife, reunião com o governador Paulo Câmara (PSB) e, possivelmente, encontro com o presidente do TJPE, o desembargador Fernando Cerqueira dos Santos.

A comitiva tem buscado se inteirar dos fatos para cobrar maior rigor nas investigações. O deputado Carlos Veras criticou a versão policial apresentada até agora e cobrou atuação “ampla” na apuração da morte da criança.

“Estamos cobrando investigação ampla. Entendemos que precisa ser. Importante que a polícia possa fazer uma investigação ampla. Não estamos convencidos com a primeira versão dada. O próprio delegado colocou que a relação fundiária não foi descartada ainda, então é importante investigar a fundo todo esse processo”, alertou o deputado.

Segundo Veras, “Esse não é mais um caso, esquecido”. “A investigação tem de ser imparcial. Nós sabemos que, pelo histórico de ameaças, o governo do Estado é credor, porque a massa falida deve milhões ao governo. O governo precisa receber essas dívidas e fazer a reforma agrária”, declarou.

Ele resumiu que a visita trata-se de “uma diligência oficial'', para fazer uma escuta na comunidade e levar os elementos para a reunião com a prefeitura (de Barreiros), com o governador do Estado e também com o Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Nessa quinta-feira (17), após prender dois homens, Manoel Bezerra Siqueira Neto e Michael Faustino da Silva, e apreender um adolescente de 15 anos no Engenho Cocal Grande, na área rural de Tamandaré, a Polícia Civil afirmou que Jonathas Oliveira, de 9 anos, teria sido morto por traficantes que queriam comprar as terras do pai dele, o líder rural Geovane da Silva Santos, para criar cavalos.

A investigação apontou que Geovane não quis vendê-la e, por isso, teria sido alvo de uma tentativa de homicídio que acabou tirando, por engano, de acordo com os depoimentos dos suspeitos, a vida do filho.

Segundo o delegado Marcelo Queiroz, titular da Delegacia de Palmares, que apura o caso, os suspeitos disseram que fazem parte de uma rede de tráfico de drogas na região e que seus líderes estariam interessados em um pedaço de terra que seria do pai da vítima.

Essa versão policial tem sido amplamente questionada durante a visita da Comissão, já que a região onde aconteceu o crime é marcada historicamente por conflitos agrários.

“Compreendemos que é uma versão preliminar, a partir da versão dos que foram presos. Desde o início estamos exigindo investigação isenta e imparcial, que traga à tona os verdadeiros criminosos por esse crime bárbaro. Foi o assassinato de uma criança de nove anos numa área de conflito. Outras hipóteses estão abertas, e o que temos alertado sempre à polícia e governo do Estado é que essa região é um barril de pólvora, com conflitos o tempo todo por disputa pela terra”, ponderou o coordenador da Comissão Pastoral da Terra em Pernambuco, Plácido Junior.

Ele ressaltou que, nos últimos dois anos, mais de 40 pessoas foram ameaçadas de morte na Mata Sul por conta de conflitos por terra. “O governo do Estado e federal sabem disso há muito tempo”, criticou.

A Missão Oficial Conjunta a Pernambuco conta com a participação do deputado federal e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Carlos Veras (PT-PE), do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, o senador Humberto Costa (PT-PE), além dos deputados estaduais Doriel Barros (presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural); codeputadas Carolina Vergolino, Joelma Carla e Jô Cavalcanti (Mandato Juntas); presidentes da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular e líder do governo na Alepe, deputado Isaltino Nascimento; e o deputado João Paulo. Além de outras autoridades.

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