PM que comandou ação violenta em protesto contra Bolsonaro é promovido pelo governo de Pernambuco
Oficial é um dos investigados pela violência praticada no ato e que deixou dois homens que não participavam parcialmente cegos
O capitão da Polícia Militar de Pernambuco Elton Máximo de Macedo, do Batalhão de Choque, um dos investigados pela violenta reação a um protesto pacífico contra o presidente Jair Bolsonaro, no dia 29 de maio de 2021, no Centro do Recife, foi promovido pelo governo do Estado de Pernambuco.
A ação violenta da PM deixou dois homens que não participavam da manifestação parcialmente cegos após serem atingidos nos olhos por balas de borracha. O arrumador de contêineres Jonas Correia de França e o adesivador de carros Daniel Campelo perderam a visão de um dos olhos. Os dois apenas passavam pelo local durante os atos, sendo surpreendidos pela violência militar.
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As balas de borracha foram atiradas pelos PMs lançados pelo comando da Corporação e da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) para acompanhar e, em determinado momento, dispersar a manifestação.
O PM Elton Máximo de Macedo foi promovido a major. A promoção, publicada no Diário Oficial do Estado de Pernambuco deste sábado (19/2), tem caráter retroativo ao dia 31 de dezembro de 2021.
A ascensão do militar, como explicado no DO, teve como critério a antiguidade e a disponibilidade da vaga de oficial existente nos quadros da Corporação. O ato que oficializa a mudança de patente foi assinado pelo governador Paulo Câmara (PSB).
O agora major está na PM desde 2004 e foi um dos oficiais afastados das ruas pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) devido ao envolvimento na repressão truculenta ao protesto. Ao todo, foram afastados 16 policiais, sendo três oficiais e 13 praças.
SILÊNCIO DO ESTADO E QUEDA DO COMANDO DA SEGURANÇA PÚBLICA
Apesar da promoção do PM, o governo de Pernambuco tem silenciado sobre as investigações do episódio. Já se passaram nove meses e até agora o Estado não divulgou oficialmente de quem partiu a ordem para dispersar os manifestantes no ato pacífico que era realizado contra o governo de Jair Bolsonaro.
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Mas um documento de comunicação interna da PM, publicado em um site oficial do governo do Estado, revelou que a ordem para dispersar manifestantes foi dada pelo Comando Geral da Polícia Militar.
A violência descabida empregada para dispersar o protesto, sem que antes tenha havido qualquer tipo de reação dos manifestantes, provocou um estrago no comando da segurança pública estadual: fez o então comandante da Polícia Militar, o coronel Vanildo Maranhão, pedir exoneração do cargo, e derrubou o então secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua.
Além da violência contra os dois trabalhadores que apenas passavam pelo local da manifestação, os PMs agrediram com spray de pimenta a vereadora do PT Liana Cirne, atingida no rosto quando questionava a truculência dos militares. Também houve outros registros de violência contra pessoas que participavam do ato.
POSIÇÃO DO ESTADO
A SDS encaminhou nota argumentando que a promoção se deu por antiguidade e, não, por merecimento ou bravura. Além disso, afirmou que não há impeditivo legal para a promoção já que as investigações sobre excessos no ato ainda estão em andamento.
Confira a nota na íntegra:
“Esclarecemos que o oficial em questão foi promovido em razão da antiguidade, conforme a Lei Complementar nº 470/2021, e não por mérito ou bravura. Como os processos em curso, seja na esfera administrativa ou criminal, não foram concluídos ou transitados em julgado, não houve impeditivo legal para o servidor ascender pelo critério de tempo de serviço em sua patente militar”.