Falta de manutenção nas quadras é barreira para socialização e prática de esportes na orla de Boa Viagem, no Recife
Telas quebradas, barras sem redes, ferrugem e falta de pintura são alguns dos problemas nos equipamentos públicos
Com informações da repórter Cinthia Ferreira, da TV Jornal
Após anos de cobrança da população e dos comerciantes locais, começou neste mês a derrubada dos quiosques da orla de Boa Viagem e do Pina, na Zona Sul da capital pernambucana, que devem ser totalmente revitalizados em até 15 meses, segundo a Prefeitura do Recife. Com essa importante promessa saindo do papel, agora o poder público precisa olhar para outras necessidades do cartão-postal da cidade, que ainda tem muito a melhorar.
Um exemplo são as quadras esportivas, cuja falta de manutenção é evidente atualmente. Em uma das quadras de vôlei, as hastes de sustentação da rede foram retiradas, deixando apenas buracos no chão. Em outra, os postes ficaram, mas as redes não. Nos campos de futebol e nas quadras de futsal, que são maioria, os alambrados, tela utilizada para cercá-los, estão quebrados, uns pela ação do tempo, outros pela ação de vândalos.
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O entregador de aplicativos Igor Renato disse ter perdido as contas de quantas bolas estouraram ao bater na tela de proteção quebrada. “Essa é a situação da quadra. A gente perde muitas bolas jogando aí. Ou elas furam quando batem nela, ou vão para a pista e os carros estouram.”
As barras do gol estão sem as redes, e as estruturas metálicas são corroídas pela ferrugem. Também faltam marcações no chão. O auxiliar de almoxarifado Yuri Marcos disse que a última vez que viu a quadra de futsal com as linhas de marcação no chão, foi quando os próprios moradores fizeram um mutirão e as pintaram: “Se a gente quiser alguma coisa aqui na comunidade, temos que fazer, porque não adianta esperar a prefeitura”.
A situação mais complicada é a da quadra de basquete, a única da praia. “O alambrado está destruído, tem muitos buracos, falta cuidado maior na tabela, que é antiga e, por ser de madeira, sofre com a ação do tempo. Os aros são bons, mas não estão bem cuidados. A iluminação vem só de um poste do outro lado, também poderia ser melhor”, cobra o professor Helder Lopes.
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O estado do espaço interfere mais do que em uma partida para diversão da população: para Helder, interfere no futuro dos atletas. “Aqui poderia ser um berçário para novos atletas. O esporte é muito importante para uma sociedade mais justa e mais igual e espaços como esses são muito importantes para a cidade.”
Para a Especialista de Desenvolvimento Urbano Lara Caccia, ele não está errado. Isso porque, em seu livro "Mobilidade urbana: políticas públicas e apropriação do espaço em cidades brasileiras”, a especialista defende a manutenção dos espaços públicos sob a perspectiva de que estes formam a "identidade da cidade”. “É nesses espaços que se manifestam as trocas e relações humanas, a diversidade de uso e a vocação de cada lugar, os conflitos e contradições da sociedade.”
Por nota, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou já ter realizado um "levantamento das ações necessárias à recuperação dos equipamentos" e que "agora está elaborando o orçamento para buscar recursos e viabilizar a execução das intervenções".
Como vão ficar os quiosques de Boa Viagem
Segundo a presidente da Associação dos Barraqueiros de Coco do Recife, Josy Miranda, a classe vai se reunir com a Prefeitura do Recife nesta quinta-feira (17) para acertar os últimos detalhes. "Já derrubaram uns três ou quatro quiosques, mas a obra em si só vamos saber quando começa na quinta. É quando vamos ter reunião para fechar tudo e saber quando vão entregar”, disse.
O visual previsto para os 60 quiosques será planejado pela ABCR, com assinatura do arquiteto Bruno Ferraz em parceria com o historiador e escritor Leonardo Dantas Silva e pelo xilogravurista Severino Borges, salvo algumas alterações, como na dimensão, na laje e nas esquadrias.
Os novos quiosques prometem unir cultura, modernidade e sustentabilidade. Nas paredes, haverá versos contando fatos marcantes da história recifense, que comemora 500 anos em 2037, desenhos com grafismo de Cordel e painel de azulejos portugueses com o desenho do antigo calçadão da orla. O concreto será pigmentado na cor areia e o balcão será acessível para atendimento de cadeirantes.