Mulher que disse ser autista para circular sem máscara em Pernambuco vai prestar depoimento à polícia
Após repercussão negativa, a mulher afirmou: ''eu não sou preconceituosa com nenhum distúrbio, tenho vários em minha família''
A Polícia Civil informou que irá intimar a bióloga Nathasha Borges para prestar depoimento na Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. A mulher fingiu ser uma pessoa com transtorno do espectro autista para ficar sem máscara de proteção contra a covid-19 em um shopping na capital pernambucana.
Ela publicou um vídeo nas redes sociais contando que foi a uma reunião no shopping e ficou sem máscara "o tempo inteiro". Em Pernambuco, a máscara, item necessário para a proteção à covid, segue obrigatória.
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Em trecho do vídeo, ela conta que, ao se deparar com um profissional da equipe de segurança do shopping, alegou autismo para não usar a máscara.
"Teve uma hora em que o homem veio me perguntar, aquele segurancinha do carrinho fez: 'Moça, dá para botar a máscara?', aí eu disse: 'Venha cá, venha cá. Não, porque eu sou autista'", disse.
"A Polícia Civil de Pernambuco, ao ter ciência do fato, tomou as devidas providências, identificando a pessoa que aparece no vídeo. A PCPE informa que ela será intimada a prestar depoimento na Delegacia de Boa Viagem", diz a polícia em nota.
A bióloga ainda afirmou que entrou em uma loja e também fingiu ser uma pessoa com autismo. "'Moça, a máscara'. Aí, eu disse: 'Eu sou autista, posso não'. O primeiro fez assim: 'Você está sozinha?'. E eu disse: 'Estou procurando a minha mãe, ela foi ali'".
Durante a pandemia, foram aprovadas leis que isentam pessoas com autismo de usar a máscara.
"Pronto, está todo mundo doido, a gente se faz de doido. Pronto. Está tudo certo. Olhe, a solução de um doido é outro doido na porta. Pronto, pronto, resolvido, não usei minha máscara hoje para nada, nem para entrar no tal órgão que eu vim fazer o negócio", afirmou Nathasha.
A atitude da bióloga causou revolta nas redes sociais e, após a repercussão negativa, ela afirmou nos stories: "Gente do céu, a todos os autistas e suas famílias, eu não sou preconceituosa com nenhum distúrbio, tenho em minha família. Parem de aumentar!!! Quem nunca errou atire a primeira pedra, uma lástima tudo isso. Não dá!!! Todos os stories derrubados. Faltou caridade e interpretação. Não tenho problemas em pedir desculpas, e pediria, se fosse preconceituosa. Não sou!", disse.
Em suas redes sociais, a bióloga compara máscara à focinheira e em várias postagens critica o item de proteção.
O caso aconteceu no RioMar, que afirmou ter recebido com perplexidade o vídeo e que atua "sempre pautado pelo respeito, com ações voltadas ao debate sobre inclusão", além de ter considerado as atitudes da bióloga "lamentáveis sob diversos aspectos".
O RioMar declarou, ainda, que "repudia quem usa de uma causa justa e coletiva para obter vantagens individuais". Além disso, explicou que o segurança "partiu do pressuposto da boa-fé solicitando a presença de um acompanhante, com uma abordagem educativa, uma vez que não tem poder de polícia".