Mudanças criticadas por comerciantes em reforma do Mercado de São José, no Recife, foram exigência do Iphan, diz arquiteto
Entre as alterações no equipamento, estão a retirada da área das lanchonetes localizadas no pátio externo, realocação destas em um novo mezanino e a liberação da rua central
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O arquiteto Ronaldo L’amour, responsável pelo projeto que norteia reforma do Mercado de São José, no Centro do Recife, afirmou que as mudanças que vêm sendo criticadas pelos comerciantes do espaço foram exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Entre elas, estão a retirada da área das lanchonetes localizadas no pátio externo, realocação destas em um novo mezanino e a liberação da rua central.
“As intervenções surgem para atender às novas necessidades, mas respeitando a história. Trabalhamos com dois aspectos: restauração da estrutura metálica, do século 19, e a reforma dos boxes, que já estão descaracterizados. Então, para não diminuir a quantidade, os realocamos no mezanino”, afirmou o arquiteto.
O Iphan disse, por nota, que "por ser um monumento tombado e tendo sido executado por meio de recurso federal, o projeto foi analisado e fiscalizado pelo Instituto, sendo objeto de várias reuniões e discussões quanto à sua concepção. A proposta de instalação de um mezanino foi pensada como alternativa para incluir todos os permissionários, sem que nenhum perdesse seu posto."
Em reportagem neste JC, permissionários alegam não terem sido informados sobre as propostas de mudança e até agora não saberem para onde vão ou quanto irão receber de auxílio até que fique pronto - alternativas prometidas pela Prefeitura do Recife -, já que obras irão exigir a desocupação em outubro.
Gilberto Simões, de 62 anos, que vende almoços no local há 48 anos, detalha a insatisfação em precisar ocupar o 1º andar do equipamento. “Aqui atraímos pessoas que passam da Praça Dom Vital para a Rua de São José o dia todo. Se subirmos, a clientela vai diminuir”, alega.
Mas L'lamour disse que a intenção do órgão em requalificar o tem como intenção de fazer com que ele se assemelheao projeto inicial, de 1875. É o órgão, inclusive, quem financia a reforma, orçada em mais de R$ 21 milhões, enquanto as obras ficarão sob responsabilidade da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), por meio do Programa Recentro.
Já Cintia Ferreira, 38 anos, teme como irá comercializar os artigos religiosos que hoje vende no mercado no período da reforma. “Quando o mercado pegou fogo, nos anos 90, minha família passou necessidade, porque aqui ficou cinco anos fechado. Ainda não sabemos como nas obras de agora. Antes de pensar em requalificação, tinham que pensar nas pessoas - nós somos a cultura. Somos nós quem fazemos esse mercado estar vivo."
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Como vai ficar o mercado
De acordo com a Prefeitura do Recife, as obras do Mercado de São José serão executadas pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), com um investimento de R$ 21,4 milhões. A reforma está incluída no Recentro, programa de revitalização da área central da capital pernambucana. Veja como vai ficar o interior do mercado após a conclusão do restauro, prevista em dois anos após a assinatura do contrato: