DESABAMENTO

Seis imóveis são interditados na rua onde laje caiu e matou homem na Zona Oeste do Recife

Queda da estrutura provocou escoriações em um dos trabalhadores e a morte do ajudante de pedreiro Marcos de Lima, de 43 anos

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Katarina Moraes

Publicado em 21/04/2022 às 10:58 | Atualizado em 21/04/2022 às 15:16
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Com informações das repórteres Juliana Oliveira e Beatriz Albuquerque, da TV Jornal

A Defesa Civil do Recife interditou seis imóveis na Rua Catuíra, no Bairro da Torre, na Zona Oeste da cidade, na noite dessa quarta-feira (20). Entre eles, o cuja laje caiu e matou um homem durante a tarde de ontem, que será demolido.

O caso aconteceu por volta das 17h30 na Vila de Santa Luzia, enquanto cinco pessoas trabalhavam nas obras do edifício, que estava em construção desde novembro e já atingia o segundo andar.

A queda da estrutura provocou escoriações em um dos trabalhadores, enquanto o ajudante de pedreiro Marcos de Lima, de 43 anos, não resistiu ao impacto e faleceu antes mesmo da chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Para analisar o que será preciso para a demolição do imóvel, uma empresa privada especializada no serviço foi ao local na manhã desta quinta-feira (21).

A gerente geral de engenharia da Defesa Civil, Elaine Hawson, explicou que a demolição será feita manualmente e o mais rápido possível para que as famílias desalojadas possam retornar às suas casas. "Nós estamos fazendo a vistoria para avaliar o que vai ser necessário para que a demolição seja feita. Ela vai precisar ser feita com muito cuidado e de forma criteriosa para evitar que mais acidentes ocorram aqui. Estamos aguardando equipe da Neoenergia, que vai precisar intervir para iniciarmos", disse.

Nesta manhã, destroços do acidente e parte da placa de concreto que atingiu a vítima ainda estavam na rua. Pedaços da moto do trabalhador e a sandália dele estavam entre os escombros.

Vizinhos já haviam alertado proprietário

Cícero José, que é pedreiro e também teve a casa interditada por conta dos riscos de desabamento, disse que os funcionários da obra trabalhavam sem proteção e que o proprietário do imóvel tem outras construções irregulares no bairro. "Faz 22 anos que moro aqui, e desde lá ele já faz essas obras. Não tem fiscalização. Todo mundo avisava a ele que iria cair."

Outra casa interditada foi a de Maria Aparecida. Apesar de não querer gravar entrevista, a filha dela contou que a mãe teve que dormir na casa de familiares. Segundo ela, o dono do imóvel já havia sido informado pelos próprios vizinhos sobre o risco da construção.

Outra moradora, que também preferiu não ser identificada, também reclamou sobre as obras. "Vários prédios aqui são construções irregulares, inclusive um na esquina, que fica próximo a minha casa. Meu medo é que, quando chove, por não ser rebocado, os pedaços ficam caindo", contou.

A Defesa Civil contou que as famílias desalojadas foram orientadas sobre a necessidade das interdições e concordaram em se transferir temporariamente para a casa de amigos e parentes. Ainda, disse ter concedido auxílio-funeral para a família da vítima e colchões para quem solicitou.

Imóvel não era registrado

A secretária Executiva de Controle Urbano, Marta Lima, contou que equipes da Prefeitura do Recife tomaram conhecimento da realização da obra na última semana, e que exigiram a licença de construção ao proprietário, que se negou a dar informações. 

"Na segunda nossa fiscalização passou no local, identificou a obra, e a pessoa se negou a dar os dados, mas a gente notificou a paralisação imediata. Ele teria que ter comparecido para dar a documentação, mas não compareceu. Viemos novamente na terça para tentar identificar o proprietário, porque essa é uma área que não tem no cadastro imobiliário, e a gente deu entrada no embargo da obra", disse ela.

Mesmo assim, a obra prosseguiu - até a queda da estrutura acontecer. Agora, o município dará início ao processo judicial contra o proprietário do imóvel.

Luto e revolta

A família do homem ficou revoltada com o acidente. Eles apontam irregularidades em relação às obras executadas pelo dono do prédio. "O sentimento é de revolta, muita revolta. As obras deles (contratante) não têm estrutura, não têm base, não têm segurança, nem para quem trabalha nem muito menos para os moradores", disse Conceição Araújo, irmã da vítima.

Durante a entrevista, Conceição afirmou, ainda, que todas as obras têm rachaduras e estruturas comprometidas. "Todas têm rachadura, as casas todas comprometidas. E ele está pouco se lixando, quer só construir para ganhar dinheiro. Não se preocupa com as vidas. Há rachaduras, infiltrações e rachaduras nas casas ao lado. Quando a Defesa Civil vem e interdita, ele consegue cobrir provisoriamente e constrói em cima das coisas que já estão erradas", denuncia a irmã.

"A família está devastada. Ele tem mãe, tem filhos, tem netos. O dono se evadiu do lugar e nem para prestar segurança à família. Só desejo justiça. Pelo menos uma vez, o dinheiro não impere, porque eu acredito que tem dinheiro", conta Conceição.

Em comunicado, a Prefeitura do Recife informou que uma equipe da Defesa Civil foi enviada ao local "para fazer o primeiro atendimento do imóvel em questão e imóveis do entorno para avaliar as estruturas e tomar as medidas necessárias afim de garantir a segurança de moradores e transeuntes".

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