MOBILIDADE

Entenda por que a construção da passarela do Hospital das Clínicas, na BR-101, foi paralisada

Antiga estrutura foi demolida em 2018 por má conservação. Obras da nova passarela deveriam ter começado no mesmo ano, mas só iniciaram em 2021 — e foram paralisadas

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Katarina Moraes

Publicado em 27/04/2022 às 9:58 | Atualizado em 27/04/2022 às 11:03
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Com informações da repórter Juliana Oliveira, da TV Jornal

A construção da passarela do Hospital das Clínicas, na BR-101, foi paralisada no final do ano passado, quatro meses após o início das obras. Agora, a estrutura, fundamental para travessia segura de pedestres na rodovia, e esperada desde 2018, quando a anterior foi demolida, não tem mais data para ser entregue. 

A expectativa de que isso iria acontecer já havia sido adiantada pelo JC em reportagem de novembro de 2021. Isso porque, à época, ainda não havia sido concedida pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) a autorização para supressão da vegetação, exigida para que a passarela fosse feita de acordo com o projeto.

A CPRH mandou paralisar o serviço “até que fossem prestados esclarecimentos" sobre o projeto, que nunca teve análise solicitada, segundo a agência. Em nota enviada nesta semana, a CPRH também afirmou que, até o presente momento, “o processo não foi protocolado”.

A análise da agência é necessária porque o projeto prevê que parte da passarela ocupe o jardim projetado por Roberto Burle Marx (1909 - 1994), na antiga sede da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. Nele, há árvores frondosas que precisam de autorização oficial para serem retiradas.

A justificativa da CPRH foi endossada pelo Departamento de Estradas e Rodagens de Pernambuco (DER-PE), órgão responsável pela execução da obra, determinada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Ele informou que as obras foram paralisadas “pela necessidade de retirada das árvores do local, ao lado do edifício da Sudene, e aguarda a liberação dos órgãos ambientais para executar a remoção”.

REPRODUÇÃO/TV JORNAL
Projeto original previa rampas, escadas e trecho principal de passagem; mas teve as obras suspensas - REPRODUÇÃO/TV JORNAL
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Projeto original previa rampas, escadas e trecho principal de passagem; mas teve as obras suspensas - REPRODUÇÃO/TV JORNAL
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Projeto original previa rampas, escadas e trecho principal de passagem; mas teve as obras suspensas - REPRODUÇÃO/TV JORNAL

Na manhã dessa terça-feira (26), a CPRH e o DER-PE participaram de reunião junto aos departamentos de arquitetura e engenharia da UFPE para discutir o projeto. “Há duas questões importantes apontando contra o projeto atual: o dano ao jardim e a falta de acessibilidade. Cabe à universidade, com estudiosos, mudá-lo e achar uma nova solução”, pontuou a arquiteta e urbanista Ana Rita Sá Carneiro.

Enquanto isso, pedestres continuam em risco

Situada na Cidade Universitária, na Zona Oeste do Recife, a passarela é uma demanda urgente dos pedestres, que se arriscam atravessando a rodovia. Quando concluída, permitirá a retirada do semáforo instalado em 2018 - já que a existência do equipamento em rodovias vai contra a recomendação das regras de segurança viária, segundo a coluna Mobilidade, deste JC.

O autônomo Gilberto da Silva é um dos que se arriscam diariamente na BR-101. "A pista é perigosa, fácil de ter acidente. já morreu muita gente aí. Com a passarela, é melhor, porque aqui é ruim de atravessar e o sinal demora muito", disse.

Até a interrupção dos serviços, havia sido fundado o pilar central da passarela e parte da rampa no terreno do HC. A planta prevê fundações em estacas pré-moldadas em concreto protendido, com rampas, escadas e trecho principal de passagem. Tudo pelo custo de R$ 730 mil, com recursos do governo federal.

Por nota, o DER-PE esclareceu que o “prazo para início de execução das obras será imediato à liberação de retirada de parte dessa vegetação”, e que a previsão é de que a implantação seja executada ainda este ano. Por fim, disse que "as intervenções já iniciadas na obra serão utilizados na construção do equipamento", e que, até o momento, "não efetuou nenhum pagamento pelas ações já executadas."

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