INCÊNDIO NO PINA

Palafitas do Pina: moradores não aceitam condições da prefeitura e marcam nova reunião

Em um documento, moradores e movimentos sociais demandaram pautas que não foram atendidas na reunião dessa segunda-feira (9) com a gestão municipal

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Bruno Vinicius

Publicado em 11/05/2022 às 17:08 | Atualizado em 11/05/2022 às 17:09
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Em uma nova mesa de negociação, os moradores das palafitas da Bacia do Pina, na Zona Sul, se reunirão com a Prefeitura do Recife na manhã desta quinta-feira (12). Em um documento, moradores e movimentos sociais demandaram pautas que não foram atendidas na reunião dessa segunda-feira (9) com a gestão municipal. Entre as principais respostas, os atingidos pelo incêndio que queimou dezenas de palafitas na última sexta-feira (6) cobram um aumento na indenização oferecida pela prefeitura, que é de R$ 1,5 mil.

Os movimentos creditaram à mobilização de segunda-feira (9) pelas ações que a Prefeitura do Recife fez nesta terça-feira (10), em apoio às pessoas que ficaram desabrigadas no incêndio. "Foi ali que denunciamos o descaso que ocorreu na sexta-feira, 06/05, dia do incêndio, quando só chegou até a comunidade a defesa civil no campinho de futebol, tratando as pessoas como animais. Ao invés de acolhimento psicológico, médico, entrega de colchões e alimentação, as pessoas ficaram numa fila por mais de 5 horas tentando um cadastro pra "provar" que seus barracos foram queimados", denuncia a nota.

"A comunidade estava sem energia, e a alimentação só chegou por doações da sociedade civil. A energia só foi reinstalada no sábado, 07/05, também por ação própria da comunidade com pareceria dos movimentos sociais ali presentes como MST, coletivo Pão e Tinta, MTST e o Comitê Popular de Luta de Brasília Teimosa", diz o comunicado.

Pautas na Prefeitura

Agora, em nova reunião marcada para esta quinta-feira, os moradores dialogarão com a Prefeitura do Recife para pressionar algumas pautas. Entre elas, o aumento na indenização. "Os R$ 1.500,00 de indenização anunciados pela Prefeitura é pouco, não paga a reconstrução de uma casa com eletrodomésticos, móveis e utensilio perdidos. Exigimos no mínimo 3.000,00 com emissão de novo decreto municipal regulamentando isso. O decreto de 2013 foi para atender desastres como esse mas os preços das coisas em 2013 são diferentes dos preços de hoje".

Há também uma demanda dos movimentos em relação ao auxílio moradia, que não seria suficiente para pagar o aluguel das pessoas que ficaram sem teto com o incidente. "O valor de auxilio moradia de 200,00 é pouco. Não existe aluguel na cidade em canto nenhum por esse valor. Isso só vai dar pra fazer uma feira da semana para ajudar na casa dos parentes onde estamos alojados. E afinal, quando será pago o valor do auxilio moradia? Defendemos que o valor seja de 500,00 pelo menos", pontou.

A população também reclama da falta de acesso à água, já que a comunidade possui apenas uma torneira, e da falta de diálogo com marisqueiros e pescadores do entorno. "É preciso ter uma resposta aos pescadores/as, marisqueiras/os que perderam seus instrumentos de trabalho no incêndio. Que secretaria pode chegar junto para repor isso e avançar de uma vez na cadeia produtiva da pesca incluindo e valorizando essa atividade econômica da pesca artesanal tão central na cidade das águas mas tão invisibilizada e desvalorizada?", questionou.

Demandas urgentes

Entre as pautas mais urgentes, os movimentos sociais e organizações também cobram novos itens na cesta básica, como kits de higiene e proteínas. "Precisamos de alimentos com proteínas (carne, ovo) agora. A secretaria de assistência social pode fazer uma parceria com a cozinha Solidária das Palafitas para esta poder servir as 3 refeições do dia. Existe um barco da solidariedade para inclusive levar refeições para outras palafitas. Mas é preciso apoio público para funcionar e manter! Institucionalidade é possível se construir com parceiros da cozinha como Arquidiocese, UFPE, Fiocruz e Armazém do Campo".

Prefeitura responde

Em resposta, a Prefeitura do Recife argumentou que vem prestando serviços aos moradores desde a sexta-feira (6). "Desde o início do sinistro do incêndio, na tarde a última sexta-feira (6), a Prefeitura do Recife esclarece que agiu imediatamente no atendimento às famílias da comunidade das palafitas do Pina, com o cumprimento aos protocolos da Defesa Civil para situações de desastre que a situação na ocasião requeria, como o cadastramento de vítimas para posterior entrega de doações de cestas e colchões. No mesmo dia, a gestão municipal anunciou a concessão de auxílios visando reparar as perdas materiais da população afetada", disse o comunicado da gestão municipal.

"Ainda na sexta, a Prefeitura do Recife ofereceu apoio disponível através da rede de proteção social municipal com acolhimento em abrigo emergencial, onde há garantia de fornecimento de três refeições diárias, além de transporte de bens. No dia, nenhum dos moradores afetados pelo incêndio manifestou desejo de se abrigar no equipamento do município", argumentou.

Sobre o auxílio moradia, a prefeitura explicou que o valor está dentro dos dispositivos legais. "A gestão municipal explica ainda que os valores dos auxílios (pecúnia e Auxílio Moradia) são valores previstos por instrumentos legais do município, regulamentados por decreto e lei, dentre outros dispositivos legais. A Prefeitura do Recife também informa que, desde o início da operação, mais de 300 servidores das mais diversas esferas como Defesa Civil, Assistência Social, Saúde e limpeza estiveram envolvidos na operação e na prestação de serviços e acolhimento às vítimas, que receberam doações de colchões, cestas básicas, além da oferta de vacinação, consultas médicas e encaminhamento para retirada de documentos e medicamentos", complementou a nota.

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