METEOROLOGIA

"Apac acertou?" Saiba como a agência faz as previsões do tempo e o monitoramentos das águas em Pernambuco

Ao todo, cerca de 20 pessoas compõem a equipe, que é dividida em dois setores: meteorologia e hidrologia

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Katarina Moraes

Publicado em 03/06/2022 às 15:08 | Atualizado em 04/02/2023 às 11:26
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“Damos um zoom em Pernambuco”. A explicação da meteorologista Zilurdes Lopes talvez seja a que melhor resume o trabalho da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), instituição estadual que há 12 anos monitora 24h por dia. Isso porque, nacionalmente, há outros órgãos que analisam os recursos hídricos do Brasil de forma ampla, mas nenhum considerando as especificidades do Estado.

Todo pernambucano que se preze já fez uma piada ou outra envolvendo a Apac. É só ela divulgar um aviso de chuvas, por exemplo, para os comentários começaram a surgir nas redes sociais. Mas quando o inverno chega para castigar o Estado, como vem acontecendo desde a última semana, todos veem na instituição uma referência para se preparar para as enchentes.

“Fazemos uma previsão; uma inferência do que vai acontecer. Viemos refinando com várias ferramentas, mas há uma margem de erro. Às vezes o sistema meteorológico se dissipa no mar, aí as pessoas dizem ‘a Apac emitiu um alerta e não choveu’. Choveu, mas o sistema mudou de comportamento. Isso às vezes faz com que as pessoas não acreditem, mas faz parte, a gente vai se acostumando”, disse a diretora Suzana Montenegro.

Engenheira civil formada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pós-doutora pelo Centre for Ecology & Hydrology, em Wallingford, no Reino Unido, Suzana foi convidada em 2019 para comandar a Apac a convite do governador Paulo Câmara. Entre 2010 e 2012, já tinha atuado como Diretora de Regulação e Monitoramento da instituição.

Ao todo, cerca de 20 pessoas compõem a equipe, que é dividida em dois setores: meteorologia e hidrologia. O primeiro - e mais conhecido pela população - é o responsável por fazer as previsões do tempo, por exemplo. Na sala de situação, dez meteorologistas de referência, vindos de diferentes estados, se revezam 24h, todos os dias do ano, para observar os processos atmosféricos.

Eles ficam de frente a painéis que mostram imagens de satélite, monitoramento de radares e modelos meteorológicos globais e regionais - estes últimos padronizados para as características climatológicas de Pernambuco.

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Sala de situação meteorológica da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) - BETO DLC/JC IMAGEM
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Sala de situação meteorológica da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) - BETO DLC/JC IMAGEM

“Primeiro analisamos o que está acontecendo em tempo real, partimos de uma imagem de satélite que mostra onde está tendo mais nebulosidade, como está o desenvolvimento e deslocamento dela. Em seguida, usamos o radar meteorológico para ver onde está chovendo mais e quais são as áreas de chuvas mais severas”, explicou o coordenador da equipe, Rony Guedes.

Depois de entender o que está acontecendo no momento, os meteorologistas começam a fazer a projeção para as próximas horas. “Olhamos para o vento, que indica para onde o sistema está indo, onde está mais intenso e qual tipo de sistema vai acontecer e em qual nível da atmosfera. Depois, partimos para os modelos meteorológicos, que diz onde vai ocorrer mais chuva”, afirmou.

Duas previsões do tempo são divulgadas por dia. Quando é identificado que uma chuva de maior intensidade se aproxima, um protocolo é executado. A Defesa Civil recebe a previsão e alertas emitidos à população em três níveis distintos: o amarelo, o laranja e o vermelho, de acordo com o nível de precipitação esperado. Estes são divulgados à imprensa e nas redes sociais da Apac.

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TERMÔMETRO Chuva também é medida por 140 pluviômetros da Apac espalhados por todo o Estado - BETO DLC/JC IMAGEM

A chuva também é medida por 140 pluviômetros da Apac espalhados por todo o Estado. O reservatório recolhe a água e envia a intensidade das chuvas a cada 10 minutos para a central de monitoramento, que divulga balanços em curtos intervalos de tempo pelo site oficial.

Monitoramento de rios e barragens

Quando um alerta de chuvas é emitido, a equipe de hidrologia, na sala ao lado, já se atenta ao nível de subida dos rios e dos reservatórios. Por isso, entre abril e julho, meses mais críticos para precipitação no Estado, também fazem plantão de monitoramento junto à meteorologia.

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Parte da água desce, parte evapora, parte infiltra, parte alimenta os reservatórios subterrâneos e parte escoa - a que escoa é nosso maior interesse quando nos referimos ao alerta de cheias", diz a ger. de Hidrologia, Micaella Moura - BETO DLC/JC IMAGEM

Nos rios, um sistema automático formado por 30 plataformas de coletas de dados hidrológicas mandam de 15 em 15 minutos, via satélite, o nível das águas. Já nos reservatórios, o monitoramento é feito através de uma rede convencional com réguas, enviado diariamente à Apac por uma pessoa designada em casa barragem.

“Parte da água desce, parte evapora, parte infiltra, parte alimenta os reservatórios subterrâneos e parte escoa - a que escoa é nosso maior interesse quando nos referimos ao alerta de cheias, porque quando chove muito e o solo já está saturado, ela vai escoar e elevar o nível do rio. Isso é natural, mas ao atingir um certo nível, gera preocupação para quem mora nas margens”, pontuou a gerente de hidrologia, Micaella Moura.

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