Últimas casas da Comunidade do Pina, incendiada há 2 meses, no Recife, são demolidas. Saiba o que deve ser feito no espaço
Há cerca de um mês, agentes de limpeza da Prefeitura do Recife vêm retirando tralhas que sobraram no espaço
Já não existe mais o que se chamava de Comunidade Entre Pontes, no Pina, na Zona Sul da cidade. No começo de junho, o JC reportou que todos os moradores das palafitas - parte delas acometida por incêndio em 6 de maio - já haviam deixado o espaço, após pagamento do auxílio pecúnia de R$ 1,5 mil. Agora, nessa semana, as casas de alvenaria - as primeiras construídas no espaço - foram demolidas pela Prefeitura do Recife.
Mikeline Edilene do Nascimento, 29, era uma das pessoas que ainda aguardavam o depósito da indenização para se mudar do local. Pela casa dela e da mãe, recebeu R$ 43 mil, que foram usados para construir uma nova moradia em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes. “Por enquanto volto só para catar marisco e sururu, dia sim, dia não”, contou a pescadora.
Nesta sexta-feira (1º), continuava a limpeza da antiga Comunidade, feita por pouco mais de meia dúzia de garis há mais de um mês, em um trabalho incansável de ida e vinda de tralhas, objetos deixados para trás e tijolos das casas demolidas. Kleyton Alves da Silva, de 21 anos, antigo morador de uma das palafitas queimadas, retirava material para levar para reciclagem.
“Eu morava aqui há 2 anos e meio com minha esposa e cunhada, mas o meu barraco foi um dos que foram queimados. Estou aqui coletando para ver o que consigo vender. Agora estou morando com minha esposa na casa da minha mãe. Recebemos os R$ 1,5 mil e o auxílio moradia de R$ 300 também”, afirmou.
Entretanto, alguns moradores afirmam ainda não terem tido o auxílio moradia mensal de R$ 300 depositados em suas contas. É o caso de Moara Costa, 26.
“A prefeitura não cumpriu com a promessa de que até final do mês de junho todas as famílias estariam recebendo o auxílio moradia. Já é bem difícil que tenhamos que pagar aluguel com este valor apenas, e agora estamos com proprietários dos imóveis que alugamos nos cobrando e com medo de que eles peçam as casas”, contou.
Segundo a gestão municipal, 181 famílias que viviam no local, independente de terem sido afetadas diretamente pelo incêndio, vão receber o auxílio-moradia para reconstruir suas vidas em novos endereços a partir de julho, "à medida em que a documentação das pessoas esteja em dia".
Entre essas, 165 famílias que tiveram perda de pertences foram indenizadas com o valor de R$ 1,5 mil por núcleo familiar - o que representou R$ 247,5 mil gastos pelo município. Em relação às casas de alvenaria, a Autarquia de Urbanização do Recife informou que encaminhará "hoje o pagamento da última desapropriação".
A gestão relembrou que garantiu mutirões de serviços públicos de Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos, entrega de cestas básicas e colchões aos moradores, consultas médicas, vacinas e atendimentos de saúde bucal, encaminhamentos para emissão de documentação e outras iniciativas, bem como inclusão em programas sociais do Governo Federal. Também foi garantido o direcionamento da população para programas sociais do município.
O objetivo da Prefeitura do Recife é construir um "espaço de convivência para a comunidade, que envolva economia criativa, educação, cultura e geração de emprego e renda, reforçando a vocação econômica pesqueira da localidade".