A Concatedral de São Pedro dos Clérigos, uma das principais representações da arquitetônica religiosa barroca em Pernambuco, será reaberta ao público em março.
Antes disso, nesta quarta-feira (8), foi celebrada uma uma missa que marca o fim dos trabalhos de restauração.
Situada no Pátio de São Pedro, no bairro de São José, a Igreja passou três anos em obras, que vinham sendo realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Inicialmente, a igreja reabriria nesta quinta (9), mas o padre Augusto César, reitor responsável pela concatedral, explicou que as atividades voltam em março, pois há uma série de agendas antes da reabertura ao público.
"O momento é muito esperado pela arquidiocese, é uma igreja muito importante. A partir de março, vamos normalizar as celebrações, as visitas, que serão realizadas no interior da igreja", comentou.
A restauradora Taiane Martins, responsável pelos trabalhos conta que 1500 folhas de ouro foram utilizadas na catedral. "Voltamos com esse douramento, o forro foi restaurado, feito por um importante artista, um pintor de Pernambuco, que é João de Deus Sepulveda, século XVIII", afirmou.
Desde o dia 18 de janeiro, uma equipe de cerca de 20 pessoas estava empenhada em deixar o ambiente pronto para os fiéis. A intenção do Iphan, que reconheceu o valor do imóvel em 1938, ano em que foi tombado, foi devolver à concatedral as características que tinha quando erguida, no século XVIII.
Agora, a talha voltou a ter detalhes dourados a partir de um revestimento em ouro - que apesar de não ter valor comercial, deu uma imponência ao seu interior.
Junto com a catedral de Olinda (dedicada ao Santíssimo Salvador), a concatedral de São Pedro dos Clérigos tem a "cátedra", uma cadeira somente usada pelo bispo responsável pela Arquidiocese.
Onde antes havia apenas uma horta e seis casas, a Igreja, idealizada pelo mestre-pedreiro Manuel Ferreira Jácome, é uma imponente e vertical construção que contrasta com as 63 edificações, entre casas térreas e sobrados, presentes no Pátio de São Pedro - um conjunto considerado um monumento nacional.
Ela possui uma nave octogonal com pequenos pedestais onde se assentam imagens, duas torres e uma pequena cúpula. A fachada tem um gradil de ferro que separa o átrio do pátio, com uma porta principal ladeada por duplas colunas.
O interior é exuberante, repleto de pinturas feitas pelo pernambucano João de Deus Sepúlveda. O forro, por outro lado, foi elaborado por seu ajudante, Manuel de Jesus Pinto. Há, também, obras delicadas de entalhamento e arabescos.
A capela-mor da catedral contém um teto em madeira, ricamente esculpido, onde é possível apreciar, sob a forma de medalhões, as armas de São Pedro, as imagens dos 12 apóstolos e dos 4 evangelistas, três balcões ou tribunas (de cada lado), e 36 cadeiras esculpidas em jacarandá.
Quem habita o bairro de São José, que possui um intenso comércio popular e é palco frequente de manifestações culturais da cidade, está animado para que toda a beleza dessa estrutura sagrada tenha suas portas reabertas e movimente ainda mais a região.