Mais uma tragédia envolvendo prédios condenados pela Defesa Civil ocorreu na Região Metropolitana. Na manhã da sexta-feira (7), um edifício no Conjunto Beira Mar, no bairro do Janga, no município do Paulista, desabou parcialmente e soterrou 20 pessoas. Dessas, já tinham sido confirmadas oito mortes até 0h30 deste sábado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, quatro pessoas estavam fora do imóvel e foram socorridas por populares. Outras 16 ficaram soterradas. Até 0h30 de sábado (8), cinco pessoas permaneciam soterradas.
Durante todo o dia de ontem (7), cerca de 100 profissionais do Corpo de Bombeiros, SAMU, Defesa Civil de Paulista e Olinda trabalham no resgate das vítimas, além de cães farejadores. Até a meia noite e meia deste sábado (8), além das quatro pessoas inicialmente socorridas fora da edificação (todos do sexo masculino, com idades de 22, 21, 17 e 16 anos), outras três vítimas foram resgatadas com vida - todas do sexo feminino: uma idosa de 65 anos e duas adolescentes de 15 anos - e levadas para o Hospital Miguel Arraes para realizar exames.
Entretanto, oito vítimas foram resgatadas sem vida, seis pessoas do sexo masculino e duas feminino. Dentre os óbitos confirmados, duas crianças: um menino de oito anos e uma menina de apenas cinco anos. De acordo com a Defesa Civil de Pernambuco, cinco vítimas seguem desaparecidas: dois homens, uma mulher e duas crianças.
"Todos que aqui estão trabalhando ficarão até a última vítima ser resgatada. Assim é o nosso trabalho e essa é a nossa missão", declarou o coronel Robson Roberto, do Corpo de Bombeiros, informando que as buscas seguirão por toda madrugada e manhã do sábado.
Há menos de três meses, no dia 27 de abril, um outro prédio desabou, o Edifício Leme, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda. O desabamento parcial do prédio, que estava condenado havia mais de 22 anos, deixou 11 vítimas - das quais seis morreram. Após a tragédia, uma operação foi realizada para demolir o que sobrou do prédio.
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A semelhança nos dois casos é enorme, já que ambos os prédios estavam interditados pela Defesa Civil, mas moradores invadiram os imóveis e seguiam morando no local. "Os prédios aqui (no Janga), como um todo, estão condenados. Não era para as pessoas estarem morando aqui, habitando esse prédio", disse o coronel Robson Roberto.
O prédio tem três andares, além do térreo, cada um com quatro apartamentos. Vizinhos relataram que algumas famílias vivam no imóvel condenado há mais de uma década, mesmo com o prédio no Conjunto Beira-Mar apresentando rachaduras e correndo risco de desabamento.
"Recebemos um levantamento feito em 2008. Temos em torno de 245 prédios do tipo caixão em Paulista, só no Conjunto Beira Mar, no Janga, são 29 prédios e 9 estão condenados. Iniciamos em maio as vistorias e esse que desabou estava na lista da nossa programação. Já realizamos cerca de 40% das vistorias programadas, pois a nossa preocupação era justamente a chegada do inverno e estávamos fazendo esse trabalho de prevenção", informou Cíntia Silva, secretária executiva da Defesa Civil do Paulista.
De acordo com a secretária, a Defesa Civil tem encontrado dificuldade para a realização das vistorias. "Infelizmente a seguradora está envolvida. Quando chegamos nos prédios, a vigilância contratada pela seguradora não nos autoriza entrar nos prédios. Isso atrasa um pouco o nosso levantamento para saber toda a problemática dos edifícios", contou.
A secretária executiva da Defesa Civil de Paulista garantiu que a gestão municipal irá auxiliar as famílias vítimas do desabamento do prédio. "O município não vai deixar ninguém desassistido. Algumas pessoas já estão alojados, vão receber os benefícios e os auxílios necessários. No entorno do desastre conseguimos evacuar os outros blocos e fizemos o cadastramento das famílias para encaminhar elas para algum benefício", informou Cintia Silva.