REABERTURA

Após acidente, Mirabilandia reabre em meio a protesto e desconfiança com a segurança

Após 41 dias interditado, o parque de diversões voltou a funcionar

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JC

Publicado em 02/11/2023 às 21:08 | Atualizado em 02/11/2023 às 21:10
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Com clientes ainda receosos com a segurança do parque de diversões, o Mirabilandia voltou a funcionar, na tarde desta quinta-feira (2).

O equipamento foi fechado pelo Procon-PE em 22 de setembro, após o grave acidente que vitimou a professora de inglês, Dávine Muniz, de 34 anos, que foi arremessada do brinquedo "Wave Swinger", após o rompimento das correntes de segurança.

A jovem segue em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular no Recife. O retorno do parque às atividades revoltou familiares, que concederam entrevista à TV Jornal. 

"Foi um sentimento de surpresa e questionamentos. Caso aconteca algo com seus clientes, se depender do parque, ele não custeia nada. Enquanto lutamos pela vida de Dávine, o parque reabre como se nada tivesse ocorrido e, ainda, briga na Justiça alegando que ela está em um hospital que está sendo caro para eles", afirmou o primo da professora, Ricardo Lima.

De acordo com ele, Dávine respira sem aparelhos, mas segue em uma luta diária pela vida. "Ela fez duas cirurgias de correções na face, porque ela estava com essas lesões. E fez cirurgia com pessoal da ortopedia, na qual foram retirados fixadores e colocadas três placas defnitivas uma em cima e duas no antebraço. Ela respira sem ajuda de aparelhos, é cuidada por um grupo de multiprofissionais. A qualidade do serviço é o diferencial para que ela melhore, todo dia é uma batalha diferente, lutamos pela vida dela e o parque para que ela saia daqui para não pagar nada", concluiu Ricardo, que estava acompanhado do pai da professora, José Leandro, que também criticou a reabertura: "minha filha lutando pela vida e eles reabrindo, sabe-se lá o que pode acontecer". 

Retorno

Mirabilandia voltou a funcionar em seu horário normal, das 14h às 20h. O parque alega que a volta se dá após o cumprimento de recomendações dos órgãos públicos.

Uma hora antes da abertura, o parque abriu as portas à imprensa para prestar esclarecimentos sobre o retorno. "O parque cumpriu a exigência do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco), do Procon e do Corpo de Bombeiros. Uma delas era no equipamento ter informação sobre a manutenção. Lamentamos o que ocorreu e trabalhamos para que não ocorra novamente. Realizamos melhoria nos processos de manutenção e contratação de profissionais para revisar o processo e implementar as melhorias", afirmou o diretor do Mirabilandia, Bruno Peixoto. 

O parque ainda aguarda resultado da perícia para poder informar o que causou o rompimento das correntes do brinquedo. Diante do anúncio do retorno, vários seguidores criticaram o parque alegando pouca assistência dada à vítima, mas os comentários nas redes sociais do parque foram desativados pelos administradores do perfil.

Receio

Com a abertura dos portões, começaram a chegar os primeiros clientes para o retorno do parque. Alguns ainda receosos com a segurança no equipamento. "Vi pelas redes sociais a volta, comprei o ingresso e estou animado para voltar ao parque", disse o autonomo Abraão Victor. Sobre a segurança ele disse ainda não se sentir cem por cento seguro, "mas estou um pouco".

O sentimento foi compartilhado pelo operador de loja Josinaldo Cláudio Pires. "Fiquei meio receoso, mas se Deus quiser, vai dar tudo certo e todo mundo vai poder bricar novamente", concluiu.

Relembre o caso

A professora de inglês Dávine Muniz, de 34 anos, sofreu um traumatismo cranioencefálico (TCE) grave e fraturas de membros superiores, após ser arremessada do brinquedo "Wave Swinger", no Parque Mirabilandia, no dia 22 de setembro.

A vítima recebeu os primeiros socorros no local e foi transferida para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife. O Procon-PE interditou o Mirabilandia no mesmo dia e exigiu que a administração do parque apresentasse um relatório contendo toda a manutenção periódica de todos os brinquedos instalados no parque, além de cópia da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), de cada brinquedo, da cópia do Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) válido do parque e, também, da licença de funcionamento emitida pelos órgãos competentes.

Neste período, Dávine Muniz passou por algumas cirurgias no Hospital da Restauração e, quando teve a sua saúde estabilizada, foi transferida no dia 3 de outubro para o Hospital São Marcos, com a administração do Mirabilandia arcando com os custos - por determinação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE).

Os advogados do parque de diversões recorreram da decisão na justiça, solicitando que a continuidade da recuperação de Dávine Muniz ocorresse no plano de saúde contratado pela vítima., Entretanto, o juiz Ailton Soares Pereira Lima apontou que o acionamento da Hapvida (plano de Dávine) dependia exclusivamente da vontade da própria família da professora de inglês, já que a empresa não faz parte do processo.

Com a negativa da justiça, Dávine segue em recuperação no Hospital São Marcos e com todas as custas de sua internação sendo pagas pelo Mirabilandia. O estado de saúde dela ainda é grave e permanece em coma e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

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