Governo de Pernambuco lança licitação de R$ 48,9 mi para local mais atingido pelas chuvas de 2022
A contratação da empresa de engenharia que vai tocar o serviço é esperada para meados de março, enquanto a conclusão das obras tem prazo de 18 meses
O Governo de Pernambuco abriu, nessa terça-feira (16), o processo licitatório para executar obras de contenção de encostas e urbanização de Jardim Monte Verde, comunidade que foi símbolo da tragédia das chuvas de 2022 no Estado, com mais de 20 mortes.
A contratação da empresa de engenharia que vai tocar o serviço é esperada para meados de março. Já a obra, orçada em R$ 48,9 milhões, tem prazo de 18 meses para conclusão — ou seja, deve ser finalizada no mínimo em setembro de 2025, após dois invernos.
A contenção das encostas no Jardim Monte Verde atende uma demanda histórica da população e foi anunciada durante as escutas do programa estadual Ouvir para Mudar, em 2023.
“Temos urgência na execução dessas obras porque precisamos preservar o direito de habitação das famílias que residem na região e evitar desastres decorrentes da falta de infraestrutura e preparo para receber águas em grandes quantidades”, afirma a governadora Raquel Lyra (PSDB).
A secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Estado, Simone Nunes, lembra que a urbanização de Jardim Monte Verde acontecerá com recursos do Estado, em uma região limítrofe entre os municípios do Recife e Jaboatão dos Guararapes.
“As estatísticas mostram que o número de mortos em desastres climáticos acontece nessas zonas adjacentes dentro do território metropolitano. São regiões onde há dúvidas sobre se o lugar pertence a um município ou a outro. São locais desassistidos e esquecidos”, destaca Simone.
URBANIZAÇÃO
Os trabalhos em Jardim Monte Verde serão realizados em três frentes: Chapada do Araripe, Alto Santa Izabel e Alto do Parnaioca. A técnica a ser utilizada é a de enrocamento, que consiste na contenção de encostas com pedras argamassadas. Além de preservar a estabilidade dos maciços de terra, o revestimento rochoso será instalado com infraestrutura para canalização adequada das águas pluviais.
O projeto prevê a urbanização das áreas com a instalação de equipamentos como pequenas praças, brinquedos e bancos de lazer, projetados para se harmonizar com o relevo da região e proporcionar prazer e tranquilidade para a continuidade das habitações.
A iniciativa prevê também um plano de assistência social para educar as pessoas a não expandir suas habitações para áreas impróprias para habitação.
DESASTRE DAS CHUVAS DE 2022
Pernambuco viveu, entre maio e junho de 2022, o maior desastre urbano do século em decorrência das fortes chuvas — que provocou 134 mortes sem nenhuma responsabilização.
Meses antes, a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) havia previsto que a precipitação seria mais intensa que o normal durante o período chuvoso no litoral do Estado - que ocorre entre abril e julho. Mesmo assim, o poder público não preparou uma estrutura de alerta e acolhimento.
Então, a previsão se cumpriu, e o desalento veio. Só no Recife, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) calculou que chegou a chover 551 milímetros durante cinco dias - 140 milímetros a mais que a média do mês de maio.
Com isso, mais de 130 mil pessoas foram afetadas no Estado - entre mortos, desabrigados, desalojados e gente que perdeu tudo o que tinha pelos alagamentos dentro de suas casas. Abrigos improvisados foram criados, às pressas, para direcioná-los.
As quedas de barreiras deixaram 123 vítimas em Jaboatão dos Guararapes (62), Recife (50), Camaragibe (7), Olinda (3) e Limoeiro (1), situadas em áreas de risco. Outros nove cidadãos morreram afogados em Olinda (3), Recife (2), Jaboatão (2), Paulista (1), Iati (1), mais um foi eletrocutado, em Jaqueira, e outro foi vitimado por um desabamento, em Bom Conselho.