1 ANO DA TRAGÉDIA DAS CHUVAS

Desastre das chuvas em Pernambuco completa um ano com 134 mortes e nenhuma responsabilização

Após um ano, maior tragédia em número de mortes do século no Estado continua sendo vivenciada no dia a dia das famílias que seguem em risco - sem ação efetiva do poder público em grande parte das áreas atingidas

Katarina Moraes Cinthia Ferreira
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Katarina Moraes
Cinthia Ferreira
Publicado em 28/05/2023 às 6:00
Tião Siqueira/JC Imagem
No Curado VI, Em Jaboatão dos Guararapes, tragédia de 2022 parece ter acontecido ontem - FOTO: Tião Siqueira/JC Imagem

A definição de chuva não traz, em si, uma relação com um desastre. É um fenômeno natural, incontrolável. Mas, em Pernambuco, virou o prenúncio da tragédia. Como há exato um ano, em 28 de maio de 2022, o ápice do que se tornaria o maior desastre urbano do século no Estado - com 134 mortes sem nenhuma responsabilização.

A madrugada de precipitação intensa escancarou a desigualdade social da Região Metropolitana do Recife. Do alto dos apartamentos, via-se, pelas televisões, as imagens das populações ribeirinhas sendo inundadas e dos morros das cidades indo abaixo. Cenas que, de tão chocantes, foram parar no noticiário nacional e internacional.

Mas não foi uma surpresa; ou não deveria ter sido. Meses antes, a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) havia previsto que a precipitação seria mais intensa que o normal durante o período chuvoso no litoral do Estado - que ocorre entre abril e julho. Mesmo assim, o poder público não preparou uma estrutura de alerta e acolhimento.

Então, a previsão se cumpriu, e o desalento veio. Só no Recife, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) calculou que chegou a chover 551 milímetros durante cinco dias - 140 milímetros a mais que a média do mês de maio.

Com isso, mais de 130 mil pessoas foram afetadas no Estado - entre mortos, desabrigados, desalojados e gente que perdeu tudo o que tinha pelos alagamentos dentro de suas casas. Abrigos improvisados foram criados, às pressas, para direcioná-los.

As quedas de barreiras deixaram 123 vítimas em Jaboatão dos Guararapes (62), Recife (50), Camaragibe (7), Olinda (3) e Limoeiro (1), situadas em áreas de risco. Outros nove cidadãos morreram afogados em Olinda (3), Recife (2), Jaboatão (2), Paulista (1), Iati (1), mais um foi eletrocutado, em Jaqueira, e outro foi vitimado por um desabamento, em Bom Conselho.

Consequências que chegaram a uma parcela da população de classe social, raça e localização definida. O dossiê popular “Uma tragédia anunciada”, lançado no último ano por diversas organizações sociais, revelou que 60% das áreas mais atingidas foram favelas ou assentamentos precários cuja população é majoritariamente negra (84%).

Tião Siqujeira
No Bairro do Areeiro, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, o risco de queda de barreiras não foi reduzido - Tião Siqujeira

Atingidas, sobretudo, pelo déficit habitacional de Pernambuco, que leva 207 mil pessoas (13,4% da população) a viverem em áreas de risco no Recife e 188 mil (29,2%) em Jaboatão - não por escolha, mas pela falta.

"É um ciclo de vulnerabilidade que se repete e é imposto a pessoas, e que se soma a diversas outras situações que são violações de direitos humanos", definiu Mohema Rolim, gerente de programas da Habitat pela Humanidade Brasil.

E se a prevenção ou a solução não foi feita pelos altos custos, estes vieram após as chuvas.

O Governo de Pernambuco desembolsou R$ 142,8 milhões a serem distribuídos a 98 mil famílias que perderam bens durante as chuvas e ganharam R$ 1,5 mil cada. Outras também foram incluídas em programas de auxílios-moradia municipais - que não passam de R$ 300 mensais.

São valores que, sobretudo, não bancam o preço alto da negligência urbana, nem tira ninguém do risco.

Por isso, relembrar a tragédia, neste domingo (28), é impedir que as vidas perdidas, os sonhos interrompidos e o luto não processado de famílias ainda em vulnerabilidade sejam jogados ao acaso. E, pelos 134 mortos, jamais deixar que predomine a narrativa de que as perdas foram acidentes.

"ME VI ENVOLVIDO NA DOR DAS PESSOAS"

Jemerson Teixeira precisou passar por um concurso público, cursos de formação e meses de treinamento para se tornar um Bombeiro Militar de Pernambuco. Mas nenhuma técnica foi capaz de blindá-lo da própria humanidade quando, há um ano, atuou naquela que foi, talvez, a mais importante e difícil ocorrência de sua carreira.

Quando foi acionado para atuar, sabia que haveria muitas batalhas perdidas. Em deslizamentos de barreira, é um verdadeiro milagre encontrar sobreviventes. O barro sufoca, tomando conta de todas as vias aéreas e levando vidas antes da maioria dos resgates.

“A gente não lembra muito do cansaço, porque fica focado em completar a nossa missão. O problema maior é o psicológico, em ver o sentimento [das famílias]. De início, vamos minando, mas depois a gente se vê envolvido na dor das pessoas. A empatia vai reinando dentro de você”, contou o bombeiro.

O nome do pequeno Arthur Cabral da Silva, encontrado sem vida no fatídico 28 de maio de 2022, jamais saiu de sua cabeça. Ao chegar ao Barro, Zona Oeste do Recife, onde a casa dele havia sido engolida pelo morro, o pai mostrou uma foto e indicou, para Jemerson, o local onde a criança deveria estar.

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Em 2023, o bombeiro militar Jemerson Teixeira espera não atuar, "mas, se for preciso, fazemos tudo de novo e ainda com maior excelência", disse - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

“Com o passar do tempo, vamos cavando e analisando em que cômodo a gente está. Entendi que estava no quarto de Arthur e achei a bolsa dele, que era igual a do meu filho, com os brinquedos dele”, relatou, emocionado. “Como pai, pensei no choque e na dor que ele iria sentir”.

Em um primeiro momento, o pai não aceitou. Depois, pediu para que retirassem o corpo - segundo o profissional. E a equipe seguiu. Depois de algumas horas, na impossibilidade de trazer as vítimas vivas à superfície, a missão - tão digna quanto - se torna a de dar às famílias a dignidade de poder enterrar os seus amores.

A dignidade que não tiveram enquanto vivam sob o perigo constante.

Arthur foi homenageado pelos Bombeiros em seu velório. Por uma triste e bonita coincidência da vida, o pequeno tinha o sonho de ser bombeiro. “Tinha uma foto em frente a uma viatura”, disse Jemerson. Um plano que, pela insegurança urbana em que vivia, jamais poderá se realizar.

As histórias que a equipe ouviu - e os consolos que, por vezes, precisou dar - fez com que a tragédia habitasse a mente do bombeiro por muitos dias. “Eu passei uns dias triste por saber que não pude fazer muita coisa. A gente está acostumado a salvar, levar ao hospital, ter as vítimas vivas nas mãos. Aqui é diferente.”

A corporação que faz parte foi uma das que integraram o socorro durante os dias que se equipararam a cenários de guerra durante o inverno do último ano. Para 2023, Jemerson espera não atuar, “mas, se for preciso, fazemos tudo de novo e ainda com maior excelência. A gente espera que não tenham mais Arthur passando por essa situação.”

SOCORRO DEMOROU A CHEGAR

Os relatos de familiares de vítimas e de sobreviventes por diversas localidades do Grande Recife foi que o socorro demorou a chegar aos locais de deslizamento. Com isso, os próprios vizinhos precisaram atuar retirando os corpos enquanto esperavam as autoridades oficiais.

Um deles foi o autônomo Thiago Alves da Cruz, de 28 anos, morador do Curado 4, em Jaboatão dos Guararapes, que presenciou a "imagem da avalanche" de barro, como ele mesmo descreve, e correu para socorrer os feridos. “Em um momento como esse, não importa dinheiro, classe social. Só se quer salvar a vida”, disse.

Sem nenhuma estrutura técnica, muito menos preparo emocional, ele e outros foram retirando corpo a corpo da lama. “Quando tiramos os mais velhos, a esperança era de achar mais gente viva, mas a ficha foi caindo quando achamos o primeiro corpo da criança (Hadassa Lima da Silva, de 3 anos)”, relatou.

O assessor do Corpo de Bombeiros do Estado, Coronel Wagner Pereira, afirmou que a preparação para o inverno deste ano começou mais cedo, desde a notícia de que deve haver uma chuva similar à do último ano. “Todo o efetivo treinou a execução de atividades específicas, como em deslizamentos e o resgate em áreas inundadas", disse.

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Assessor do Corpo de Bombeiros do Estado, Coronel Wagner Pereira, diz que corporação se preparou mais cedo este ano - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

Também estão passando por treinamento as equipes de posto de comando, parte do exército brasileiro e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) “para que todos saibam como se comportar diante desses cenários adversos, para que não se coloquem em risco e que tenhamos uma operação segura”, explicou.

“MEU MUNDO ACABOU”

365 dias se passaram desde então. Mas quem teve a vida mudada, para sempre, pelas violações de direitos expostas naquele inverno, sente o andar de cada ponteiro do relógio enquanto lida com a dor, as sequelas e as memórias de dias impossíveis de esquecer.

Em breve, a empregada doméstica Elaine Marques de Oliveira, de 49 anos, terá de fazer mais uma cirurgia. A moradora de Jardim Monteverde, em Jaboatão dos Guararapes, foi soterrada da cintura para baixo junto ao marido enquanto corria junto ao marido para se salvar do deslizamento de barreira.

Então, colocou uma placa de titânio na perna, que está sendo rejeitando. Só que a dor física, que a condiciona a se movimentar com uma muleta, não se compara à emocional: "meu mundo acabou", desabafou. Elaine perdeu 11 familiares naquele dia; entre eles, a filha, Thais Regina Ramos Feitora, de 31 anos, a própria paz.

Para ela, o dia virou noite, a noite virou dia. Permanece acordada durante as madrugadas "porque se algo acontecer tem como chamar todo mundo", como explica, e dorme durante a tarde. "Não consigo dormir bem à noite nem com remédio [...] Quando a chuva vem, já fico ansiosa, com medo. Me tranco no quarto para não escutar nenhum barulho.”

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Empregada doméstica Elaine Marques de Oliveira, de 49 anos, perdeu 11 parentes na tragédia - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

A comunidade, limítrofe entre Jaboatão e Recife, foi a que registrou mais vítimas durante as chuvas: no Ibura, Dois Carneiros e Cohab, bairros que cortam Monteverde, foram 56 mortes.

Pelo menos três morros deslizaram na região, o que a tornou um cenário de guerra com a entrada e saída constante do Corpo de Bombeiros, Polícia, Exército Brasileiro, Serviço Médico, entre outros serviços de socorro, enquanto o desespero tomava conta dos moradores.

Casas foram interditadas e outras, destroçadas pelo barro, foram demolidas; contudo, pela impossibilidade de um novo lugar para morar, diversas famílias retornaram ao risco - uma história que se repete também em outras localidades que foram visitadas pelo SJCC.

VULNERABILIDADE PERMANECE

Em Camaragibe, as sete mortes registradas não foram suficientes para que a Prefeitura desse início a qualquer projeto nas áreas atingidas, como no bairro de Areeiro. A falta da mínima infraestrutura urbana na região faz parecer que a tragédia aconteceu ontem.

O “castelo”, como o filho da aposentada Lúcia Gonçalves chamava a casa que construiu com todo esforço, está prestes a desabar. Os movimentos de terra deixaram rachaduras de cima a baixo, do quarto à cozinha, e sofrimento em quem teme perder o único teto que possui. “Desaparece o sono, tudo. Só resta medo”, disse.

“É um sofrimento para o meu filho e para mim também. Quando chove, meu menino deixa a porta aberta, minha nora e neta vão dormir na minha casa, e ele fica no sofá esperando o pior. Ninguém aparece, só tem promessa, mas, depois que morre um, vem viatura de tudo aqui. Alguém tem que morrer para eles virem”, narrou Lúcia.

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O feirante Wellington Oliveira (de camisa rosa) deixou de acreditar que mudanças chegarão à comunidade onde mora, em Camaragibe - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

O vizinho e feirante Wellington Oliveira, 50, deixou de acreditar que a mudança chegará à comunidade. “Desde que tirei meu título de eleitor, comecei a votar acreditando que o prefeito iria fazer coisas boas pela cidade - calçamento, barreira. Até agora, a gente espera solução e nada”, relatou.

A casa dele não chegou a ser danificada, mas o risco é iminente. Saiu da área durante alguns meses, mas também retornou, em novembro. “O pouco de dinheiro que eu ganhava ia todo para comer e pagar aluguel”.

Sem a ajuda da gestão municipal, retirou, sozinho, caçambas de barro do local, e vem fazendo serviços na barreira. “Quero conseguir trabalhar mais para comprar terra, areia e tijolo para botar nela.”

MORADORES TOCAM OBRAS SOZINHOS

A técnica de enfermagem Maria Rosilene Santos da Silva, de 38 anos, tem na barreira que fica por trás de sua casa o seu aperreio. A mesma já desabou no ano passado, levando os vizinhos aos gritos nas primeiras horas da manhã. “Corri junto ao meu filho para resgatar duas crianças, que saíram com vida”, relembra.

O que viu e ouviu durante os deslizamentos no Curado 4, em Jaboatão, segue presente da família, que fica “nervosa” sempre que chove. “Eu durmo e tenho pesadelo que a barreira vai cair. A imagem caindo não apaga da cabeça. Para minhas filhas é ainda mais difícil, porque são crianças.

Ela é a única pessoa, entre as entrevistadas pelo SJCC, que recebe apoio psicológico do poder público - neste caso, da Prefeitura. “Vem toda sexta na minha casa”. A cura, contudo, torna-se impossível enquanto o medo - real e palpável - permanece pela ausência de alternativa habitacional.

Rosilene chegou a sair de casa, mas, também impossibilitada de bancar um lar com o auxílio-moradia, voltou e decidiu construir, por si só, um muro de arrimo, sem qualquer assistência da Defesa Civil. “Um aluguel aqui é R$ 600, por isso estou construindo meu muro. Já gastei R$ 6 mil de material, fora o pedreiro e o ajudante. Vai chegar a uns R$ 8 mil”.

REAÇÃO INSUFICIENTE

No Recife, a própria fisiologia favorece a ocorrência de enchentes e movimentos de massa (deslizamentos de terra), segundo Osvaldo Girão, professor de geografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O especialista pontuou, ainda, que o problema tem se agravado pelo aumento populacional desordenado em áreas de morro da cidade.

“A saída hoje seria a realocação das pessoas ou urbanização dessas áreas, que demandam um sistema de drenagem para evacuação da água e diminuição dos processos de escoamento para não ocorrerem os movimentos de massa”, explicou.

Mesmo passando diretamente pela falta de moradia no Estado - onde mais de 326 mil famílias vivem em locais inadequados - foram produzidas somente 608 unidades habitacionais nas cidades mais atingidas, Jaboatão dos Guararapes e Recife, que já estavam atrasadas.

“A chuva por si só não é um risco, [a questão é] onde as pessoas estão morando e como o lugar é estruturado para receber a chuva. E o poder público não tem feito o suficiente para tornar as áreas seguras para as pessoas”, opinou Mohema Rolim.

Um exemplo foi a morte do motoboy Israel Campelo dos Santos, de 19 anos, soterrado em Águas Compridas, em Olinda, em fevereiro. Ele morava na Rua 6 de Janeiro, cujo risco já havia sido apontado pelo menos desde 2006 no Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR).

Tião Siqujeira
No Bairro do Areeiro, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, o risco de queda de barreiras não foi reduzido - Tião Siqujeira
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É sabido que o Córrego do Abacaxi, em Águas Compridas, Olinda, é uma área de risco há décadas - mesmo assim, problema não é solucionado - Tião Siqueira/JC Imagem

Esse é um dos territórios afetados no Grande Recife onde nem mesmo as medidas emergenciais chegaram, que dirá o início de projetos de grandes reformas urbanas capazes de transformá-los. Para os moradores, resta o temor de que temporais voltem a acontecer.

E, segundo a Apac, é possível que ocorram. A previsão é de que as chuvas também sejam intensas em 2023, segundo o gerente de meteorologia e mudanças climáticas, Patrice Oliveira. “Chuvas com potencial elevado de 100 milímetros podem ocorrer durante o período de inverno na nossa região. Tem que ficar em alerta sobre a previsão do tempo diária”, disse ele.

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Gerente de meteorologia e mudanças climáticas da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), Patrice Oliveira, avalia que inverno de 2023 pode ser tão intenso quanto no último ano - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

MUDANÇAS NECESSÁRIAS PARA REDUÇÃO DO RISCO

O urbanista Antônio Celestino, do Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico (IBDU), denuncia que há uma “baixa resposta dos municípios atingidos” como um todo. “Não é falta de dinheiro, mas de reconhecimento estratégico das prefeituras com o governo para se ter uma saída definitiva desse problema”, opina.

No Recife, foi feita a promessa de urbanizar amplamente as zonas vulneráveis através do Programa ProMorar. A verba necessária virá de um empréstimo de R$ 2 bilhões, assinado pelo prefeito João Campos (PSB) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em maio de 2023.

Segundo a gestão, 40 comunidades serão contempladas, incluindo as áreas mais atingidas pelas chuvas do ano passado. No conjunto de investimentos, estão obras para a construção de equipamentos urbanos, pavimentação, implementação de espaços de convivência, proteção de encostas, saneamento, moradia, entre outras iniciativas.

Celestino, contudo, defende que tais serviços sejam feitos através de um amplo diálogo com cada território - o que, de acordo com ele, ainda não tem sido feito.

“O temor é que as obras promovam mais remoções, aumentando o ciclo vicioso, de pessoas que saem de áreas de risco e vão para novas porque não recebem alternativas habitacionais concretas", expôs.

Ele e Mohema defendem que, enquanto isso não sai do papel, sejam instalados alertas, que planos de contingência sejam executados, que haja abrigos dignos, auxílios suficientes para pagar aluguéis e cuidado com a saúde mental em toda a Região Metropolitana. “Isso é tão básico e custa tão pouco, mas nem isso foi feito”, indignou-se ela.

O QUE DIZ O PODER PÚBLICO

O JC contatou o Governo de Pernambuco e as prefeituras de Jaboatão dos Guararapes, Recife, Olinda e Camaragibe para que respondessem as medidas tomadas contra novas tragédias em áreas de risco - porém, somente Jaboatão e Olinda responderam.

A Prefeitura de Olinda listou ações preventivas contra desastres em morros, como colocação de lonas, cadastro de moradores em sistema de alertas de desastres, obras de contenção, aplicação de geomanta, macrodrenagem e outros.

Ainda, afirmou ter preparado 8 pontos para acolhimento de possíveis desabrigados, a partir do mapeamento das áreas de riscos no município, e que pouco mais de 7 mil famílias olindenses foram beneficiadas com o pagamento de R$ 1.500 do auxílio emergencial no mês de junho de 2022, das quais 41 passaram a receber auxílio moradia. Atualmente, o auxílio-moradia, reajustado pela Prefeitura em 100% este ano, atende 1.052 famílias.

Jaboatão afirmou que tem cerca de R$ 200 milhões em projetos de proteção de encostas elaborados, sendo mais de R$ 80 milhões só para a área de Jardim Monte Verde, e está em busca de recursos para executá-los. Por outro lado, que executa obras como muros de arrimo, de contenção, e que estruturou a estruturação do Plano Integrado de Emergência, que estabeleceu gatilhos de alerta dos riscos de deslizamentos e inundações.

Por fim, alegou que está concluindo a estruturação de dois abrigos para receber as famílias que não tiveram para onde ir e que aguarda resposta de planohabitacional com 305 unidades enviada no último ano para o Governo Federal. Atualmente, há 916 famílias no auxílio-moradia do município.

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