Parte do prédio do Memorial de Medicina de Pernambuco, localizado no Derby, caiu no início da tarde da sexta-feira (26), assustando funcionários que estavam na instituição naquele momento. Testemunhas contam que primeiro ouviram um estrondo e depois perceberam os pedaços da marquise caindo. Após o incidente, que não deixou feridos, a Universidade Federal de Pernambuco - responsável pelo edifício histórico - decidiu interditar o Memorial por tempo indeterminado.
Na manhã deste sábado (27), entidades que funcionam dentro do prédio fazem reunião para discutir a situação do Memorial de Medicina, que vem passando por um processo de sucateamento nos últimos anos. Tombado como Patrimônio Cultural Pernambucano, o edifício em estilo neoclássico foi o berço da medicina no Estado, abrigando a primeira universidade da área. Nos anos 50, a estrutura foi doada à UFPE.
Atualmente, quatro instituições funcionam dentro do prédio do Memorial: a Academia Perbambucana de Medicina (APM), o Instituto Pernambucano de História da Medicina, o Museu da Medicina de Pernambuco e a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores. Todas elas participam da reunião deste sábado, além de entidades médicas, como Cremepe, Sindicato dos Médicos e Associação Médica de Pernambuco. Em função da interdição, o encontro será realizado do lado de fora do prédio.
O vice-presidente da APM, Antonio Peregrino, diz que há pelo menos 3 anos a entidade vem enviando ofícios e participando de reuniões com a UFPE, alertando sobre a necessidade de realizar reparos no edifício. "Os problemas estruturais são visíveis. Rachaduras, infiltrações e muitas goteiras. O anfiteatro, por exemplo tem um teto de vidro e a estrutura ao retor tem rachaduras, o que causa sensação de insegurança para quem frequenta o prédio. A situação é muito grave e de muito descaso com a história da medicina pernambucana", lamenta.
O JC entrou em contato com a Codecipe, que orientou procurar a Codecir. Por meio de nota, a Defesa Civil do Recife "informa que até o momento não foi acionada para a referida ocorrência. A solicitação de vistoria deve ser feita pelo 0800.081.3400, que funciona 24h, sete dias por semana".
O QUE DIZ A UFPE
Em sua página oficial no Instagram, a UFPE informa que interditou o prédio e justificou que as chuvas ocorridas desde maio de 2022 vêm comprometendo a estrutura do prédio. A universidade afirmou que voltou a formalizar pedido junto ao Ministério da Educação, apontando a necessidade de apoio financeiro para a requalificação plena do Memoria de Medicina.
"Desde 2022, após um investimento de requalificação no prédio de R$ 722 mil pela UFPE, que a instituição traça diagnósticos da situação infraestrutural. Um mapeamento dos danos, sinalizando a necessidade de ações de restauração e preservação deste patrimônio, foi enviado ao Ministério de Educação já nesse primeiro momento", diz o texto.
MEMORIAL GUARDA HISTÓRIA DA MEDICINA
O Memorial da Medicina e Cultura (MMC) é um equipamento cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), vinculado à Diretoria de Cultura da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) e está situado à Rua Amaury de Medeiros, nº 206, Derby - Recife-PE. O prédio, construído para abrigar a Faculdade de Medicina do Recife, primeira do Estado, é tombado como Patrimônio Cultural Pernambucano.
A Faculdade de Medicina funcionou nesta edificação desde sua inauguração, no dia 21 de abril de 1927 até o ano de 1958, quando foi transferida para o Campus Universitário. O prédio foi restaurado e reinaugurado em 27 de novembro de 1995, com a designação de Memorial da Medicina de Pernambuco.