Desastres naturais

"Estamos trabalhando para que um desastre daquele nunca mais aconteça", diz secretário de Jaboatão

Após tragédia das chuvas em Pernambuco em 2022, o município de Jaboatão dos Guararapes adotou nova metodologia de prevenção e ações estruturadoras. Cidade é a quarta do País com mais pessoas vivendo em área de risco

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Adriana Guarda

Publicado em 31/05/2024 às 14:17
Depois da Tragédia de Jardim Monte Verde, Jaboatão dos Guararapes adotou nova dinâmica de combate e convivência com os desastres naturais
Depois da Tragédia de Jardim Monte Verde, Jaboatão dos Guararapes adotou nova dinâmica de combate e convivência com os desastres naturais - Leandro de Santana/Divulgação

“Estamos trabalhando para que um desastre daquele nunca mais aconteça”. A afirmação é do secretário de Defesa Civil do município de Jaboatão dos Guarararapes, coronel Elton Moura, sobre a tragédia de Jardim Monte Verde, que deixou 48 mortos e uma ferida aberta na nossa memória recente.

Jaboatão, no Grande Recife, foi o município mais afetado pelas chuvas acima da média em Pernambuco, no desastre natural histórico de 2022. Das 133 vítimas contabilizadas em todo o Estado, 64 eram da cidade, ou seja, quase metade (48%). Além das mortes em Cavaleiro, onde está localizada a comunidade de Monte Verde, também foram registrados óbitos em Santo Aleixo, Muribeca, Dois Carneiros, Zumbi do Pacheco, Sucupira e outros locais.

Prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, vem buscando captar recursos com os governos federal e estadual para garantir obras de convivência com os desastres naturais - Leandro de Santana/Divulgação

Com uma população de 653.793 habitantes (IBGE 2022), Jaboatão é o segundo maior município do Grande Recife. “Há uma enorme concentração de pessoas na área urbana, provocando uma grande densidade demográfica. Em consequência disso, existem muitas ocupações irregulares em áreas de risco”, contextualiza o coronel Moura.

O segundo maior município pernambucano é a quarta cidade do Brasil com maior população vivendo em área de risco, segundo estudo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). São 188 mil pessoas, quase um terço da população (29,2% - pelo Censo 2010), habitando em locais com histórico de deslizamentos de barreiras e enchentes.

Atualmente, a gestão municipal trabalha com quatro classificações de risco: inexistente ou muito baixo; médio; alto e muito alto. O desafio é lidar com quase metade (47%) vivendo em situação de risco alto (34%) e muito alto (14%). São 296 setores de risco para monitorar.

CONVIVER COM OS DESASTRES

O secretário de Defesa Civil diz que desde a tragédia de 2022, o prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros decidiu implementar uma nova dinâmica para enfrentar os desastres naturais. “Não conseguimos parar a natureza, mas quando um evento desses acontecer, precisamos estar preparados para agir”, observa.

A Prefeitura criou um Plano Integrado de Emergência para Chuvas, com cinco fases de ações preventivas e monitoramento de risco. Um dos diferenciais da iniciativa é incluir a população, por meio do Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil (NUPDEC), que participa de treinamentos e ações educativas.

Para melhorar a convivência com os desastres naturais, a Prefeitura de Jaboatão também criou, em fevereiro de 2023, a Secretaria de Defesa Civil, que antes era um braço da pasta de Infraestrutura. A nova Secretaria triplicou para 95 o número de funcionários, dobrou o número de veículos e adquiriu quatro embarcações para auxiliar nas enchentes.

Outra ação de convivência é a atualização do Plano Municipal de Redução de Riscos, em parceria com o governo federal. O trabalho está em execução pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O prazo de atualização é de 18 meses, com previsão de conclusão para 2025.

O coronel Elton Moura também adianta que o município não quer mais ser surpreendido pelas precipitações pluviométricas fora da média, provocadas pelas mudanças climáticas, como aconteceu em maio de 2022. “Jamais tivemos uma chuva daquela na história do município. Só em maio foram 788,4 mm; nada visto antes”, destaca.

Para monitorar as chuvas a Prefeitura investiu R$ 24 mil para adquirir seis estações meteorológicas. Os instrumentos vão captar dados para análise meteorológica, como índice pluviométrico, temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade do vento, intensidade das nuvens, entre outras tendências.

Depois da Tragédia de Jardim Monte Verde, Jaboatão dos Guararapes adotou nova dinâmica de combate e convivência com os desastres naturais - Leandro de Santana/Divulgação

MAIS SEGURANÇA

Além de fortalecer as ações preventivas, a Prefeitura de Jaboatão informa que também está em busca de recursos para garantir obras de infraestrutura, que vão garantir mais segurança às áreas de risco.

O município tem um déficit habitacional cadastrado de 20 mil unidades habitacionais, mas imagina-se que esse número está subestimado. Em dezembro de 2022, a prefeitura solicitou 496 unidades habitacionais ao governo federal e em outubro de 2023 houve um último pedido de exigências no projeto.

“Há 15 dias, o prefeito esteve em Brasília para discutir recursos do Novo PAC. Dos cerca de R$ 400 milhões destinados a Pernambuco, Jaboatão ficou com R$ 215 milhões”, comemora o secretário executivo de Obras, Eduardo Torres.

Os recursos serão aplicados em obras de contenção, pavimentação e recuperação de vias com novos sistemas de drenagem, construção e revestimento de canais e limpeza de 75 canais, 30 quilômetros de canaletas e galerias.

Sala de Emergência: 0800 281 2099

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