A greve é por reajuste de salários, mas também pela recomposição do orçamento das universidades federais, que vem despencando nos últimos anos. Com docentes de 63 universidades envolvidas, o movimento é considerado o maior das últimas decadas.
Nesta segunda-feira (3), representantes do Comando Local de Greve da UFPE estiveram no Sistema Jornal do Commercio para informar o andamento da mobilização. Os grevistas aguardavam o resultado de uma reunião do Comando Nacional da greve, realizada ontem em Brasília.
Desde o ano passado, as negociações demoraram a avançar. Os representantes do Comando Local da Greve da UFPE contam que a pauta nacional de reivindicações foi protocolada 17 vezes, mas o governo federal só abriu as negociações em fevereiro, quando já havia indicativo de greve por parte dos técnicos das universidades.
O movimento em Pernambuco acompanha a mobilização nacional, que num primeiro comento reivindicou reestruturação de carreira, reajuste salarial, recomposição orçamentária e revogação de normas aprovadas nos governos Temer (MDB) e Bolsonaro (PL).
Os professores reivindicaram reajuste de 39,92%, em julho de 2023. O governo não propôs reajuste para 2024 e e ofereceu 4,5% para 2025 e novamente para 2026. Os docentes tentaram negociar um reajuste de 22,71% ao longo de três anos, começando em 2024, mas o governo federal não aceitou a proposta e vinha se mantendo inflexível em relação a qualquer reajuste para 2024.
Professor do departamento de Educação Física e integrante do Comando Local de Greve da UFPE, Paulo Rubem Santiago, diz que para otimizar as negociações, os professores decidiram enxugar a pauta para dois itens: o reajuste salarial e a recomposição do orçamento.
"Estão matando a universidade pública. Além da deterioração física de aparelhos e equipamentos, existe o desmonte das carreiras", observa o professor. Para tentar sensibilizar o governo federal a negociar, os professores decidiram reduzir o pedido de reajuste salarial de 22,71% para 18,85%.
O ORÇAMENTO ENCOLHEU
O professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPE e representante do Comando Local de Greve da UFPE, Félix Santos, explica que nos últimos 10 anos (entre 2013 a 2023) as instituições federais de ensino superior (IFES) perderam 49,9% na execução do seu orçamento de outras despesas correntes e investimentos (ou seja, orçamento total subtraído dos gastos com pessoal, indo de R$ 16,1 bilhões para R$ 8,1 bilhõese se for considerada somente a execução orçamentária de investimentos, a queda foi ainda maior, indo de 4,36 bilhões para 264 milhões, ou seja, uma redução de 93,9%. Os institutos federais de educação tecnológica passam por situação semelhante", destaca Santos.
MOVIMENTO NACIONAL
A paralisação nacional dos docentes das universidades e institutos é dirigida pelo Andes Sindicato Nacional (Andes-SN) e pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica,
Profissional e Tecnológica (SINASEFE). Eles são representados por seus Comandos Nacionais deGreve, suportados localmente em cada instituição pelos comandos locais de greve.