'Tecnologias chegam a territórios vulnerabilizados?', questiona pernambucano durante fórum nacional
Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais aconteceu na última quarta-feira e debateu tecnologia, desigualdades sociais e desafios globais
Na última quarta-feira (4/9), representantes de organizações nacionais e internacionais se reuniram no 13º Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), para debater coletividade e desafios da filantropia estratégica.
Uma das temáticas discutidas foi o uso de dados, da tecnologia e da inteligência artificial para promover transformações sociais e ajudar na redução de desigualdades. Dentro deste contexto, o pernambucano Daniel Paixão, fundador da ONG Fruto de Favela e do Hub Periférico, localizado no Porto Digital, no Bairro do Recife, pontuou a necessidade de investimento social privado transformar as vulnerabilidades em oportunidades dignas para a população que vive e atua nos subúrbios.
Durante apresentação no Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais, Daniel Paixão questionou: “Será que as tecnologias atuais chegam a territórios vulnerabilizados?”.
De acordo com o levantamento TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros) Domicílios 2023, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, cerca de 29 milhões de pessoas não são usuárias da Internet. Os dados apontam que a maioria desses brasileiros têm um perfil: vivem em áreas urbanas, se autodeclaram pretos ou pardos e fazem parte das classes D ou E.
O ativista chamou atenção para a exclusão da periferia nos parques tecnológicos. “A gente percebeu que estávamos na cidade de um dos maiores parques tecnológicos do país, o Porto Digital, mas que a periferia não estava ocupando o seu espaço nele”, explicou, sobre a motivação que o levou a criar o Hub.
Paixão contou que o projeto Hub.Periférico busca impactar as periferias de Pernambuco e do Nordeste com a inovação e com a tecnologia e já contemplou mais de 39 mil pessoas com ações de educação empreendedora, projetos de pesquisa e inovação e assistência humanitária.
“O Nordeste, no Brasil, possui diferentes potencialidades tecnológicas e inovadoras que muitas das vezes são invisibilizadas”, afirmou. Ele participou do painel sobre Tecnologia como geradora de transformações sociais ao lado de Beatriz Johannpeter, Diretora do Instituto Helda Gerdau e Luana Génot, Fundadora do ID_BR.
OUTROS DEBATES
Além do debate sobre a participação das favelas e periferias na inovação, tecnologia e clima de Pernambuco, o Fórum Brasileiro de Filantropos e Investidores Sociais abordou a relevância da filantropia para prestação de serviços públicos de saúde, redução das desigualdades sociais e desafios globais.
Participaram do encontro vozes como a escritora Cida Bento, autora de ‘O pacto da branquitude’, a Chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde da Área de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, Carla Reis, e a presidente do Instituto Humanitas360, Patrícia Villela Marino.