Dicas e informações de viagens, férias e turismo
Turismo de Valor

Descubra dicas de viagem e roteiros para as férias, além dos destinos e atrações que estão em alta no turismo.

Desafios Urbanos

Planejamento guia retomada do turismo em Pernambuco

Recuperação da malha aérea, investimento em nichos e fortalecimento do turismo de negócios estão entre os pleitos do trade

Mona Lisa Dourado
Cadastrado por
Mona Lisa Dourado
Publicado em 08/11/2020 às 11:38
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Até janeiro, projeção é que Aeroporto do Recife volte ao mesmo patamar de voos que tinha antes da pandemia - FOTO: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Leitura:

A Aena Brasil havia assumido a administração do Aeroporto Internacional do Recife há oito dias quando a pandemia da covid-19 foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 11 de março. Eram grandes as expectativas de que a gestão privada trouxesse ganhos de qualidade e eficiência ao terminal, que em 2019 já era o oitavo do Brasil em tráfego de passageiros totais e sexto no de internacionais. Não houve tempo, entretanto, de executar nenhuma das ações previstas no contrato de concessão do aeroporto, que a empresa de origem espanhola arrematou em 2019 por R$ 1,9 bilhão em outorga, dentro do bloco Nordeste. Com a retomada da economia e enquanto uma vacina contra o coronavírus não chega, o desafio é reconquistar a confiança do viajante e recuperar a malha aérea, para que o fluxo de passageiros volte a crescer.

Paralelamente, o terminal passará pelas primeiras reformas a partir de janeiro, que incluem a requalificação dos banheiros e esteiras, além da instalação de sinalização e de recursos de acessibilidade.

>> Promover desenvolvimento sustentável é desafio em Porto de Galinhas, Recife e outros destinos da RMR

>> Diversificar atrativos turísticos é questão de sobrevivência na Região Metropolitana do Recife

INFRAESTRUTURA É ESSENCIAL

Em um território de dimensões continentais como o Brasil, ter uma boa infraestrutura aeroportuária e voos para diferentes partes do País e do mundo é condição básica para o desenvolvimento do turismo. Até porque o transporte aéreo costuma ser a atividade com maior participação nas receitas do setor. Representa uma fatia de 31% no Brasil, segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a partir de dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Terminal pernambucano passará pelas primeiras reformas a partir de janeiro, incluindo requalificação dos banheiros e esteiras, além da instalação de sinalização e de estruturas de acessibilidade - YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Frequência aérea sozinha, no entanto, não faz milagre. Trata-se de uma via de mão dupla, que precisa ser retroalimentada. É o que diz Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais e Novas Alianças da Azul Linhas Aéreas. A empresa mantém desde março de 2016 um hub no Recife. Para que as rotas sejam instaladas e se consolidem, é essencial ter demanda. "Recife é a única cidade conectada a todos os outros municípios importantes do Norte-Nordeste, além de todas as capitais do Sudeste e quase todas do Centro-Oeste e Sul. O mais difícil, que são as conexões aéreas, está aí", diz Bento.

ALÉM DE PORTO DE GALINHAS E NORONHA

O executivo lembra que a empresa já recuperou no Aeroporto do Recife mais da metade da malha pré-pandemia. Até janeiro, se não houver recuos relacionados à covid-19, deve chegar a 100%. "Mas se quiser manter esse ritmo, sobretudo para o futuro, o Estado não pode viver de Porto de Galinhas e Noronha. É preciso estruturar experiências únicas, com o que já se tem, de forma planejada em circuitos. Não se trata de construir um aquário de milhões de dólares, mas vale pensar em soluções para tribos, que envolvam a doçaria, a gastronomia, a religião de matriz africana, por exemplo", sugere, reforçando a necessidade de diversificação dos produtos turísticos do Estado.

NEGÓCIOS E EVENTOS

De mãos dadas com o turismo de lazer, será crucial reestruturar o segmento de negócios, diante das mudanças trazidas pela pandemia, quando as empresas perceberam a viabilidade do home office e do trabalho a distância. "Precisamos nos reinventar e buscar novos mercados, como o de Saúde. Recife é conhecida como segundo polo médico do País. Vamos promover isso em forma de pacotes, que incluam tratamentos, bilhetes aéreos, hospedagem e tudo do que as pessoas necessitam", diz o presidente do Recife Convention & Visitors Bureau, Simão Teixeira, revelando um dos projetos da entidade para a retomada.

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da RMR, os serviços jurídicos e de tecnologias da informação e comunicação também estão entre as vocações do Recife que podem ser mais bem aproveitadas do ponto de vista do turismo de negócios.

TVJC
EQUIPAMENTO Requalificação do Centro de Convenções de Pernambuco é crucial para recuperar espaço no turismo de eventos - TVJC

Outra urgência, destacada reiteradas vezes pelo trade, é a de revitalização do Centro de Convenções de Pernambuco, que já vinha perdendo espaço para equipamentos modernos de cidades vizinhas do Nordeste mesmo antes do coronavírus. Com 41 anos de construído, o espaço aguarda a conclusão de um estudo de viabilidade técnica para concessão à iniciativa privada.

"Os empresários precisam pensar em como tornar a cidade a maior estrutura para feiras e convenções. Com a localização estratégica, Recife não pode se dar ao luxo de não ser referência no segmento", sentencia Marcelo Bento, acreditando que os grandes eventos serão retomados, tão logo a pandemia esteja controlada.

PLANEJAR É PRECISO

O planejamento conjunto para a reestruturação do setor foi iniciado em outubro, com a realização de um evento inédito que reuniu empresários e gestores públicos.

Do encontro, saíram diretrizes que vão subsidiar políticas públicas e ações de governança privada para estruturar e promover a atividade turística nos próximos dois anos. O relatório final deve ser publicado ainda este mês.

DIVULGAÇÃO
UNIÃO PlanejaPE reuniu gestores públicos e privados para levantar necessidades e definir ações para os próximos dois anos - DIVULGAÇÃO

Entre as prioridades, a diversificação de atrativos é ponto pacífico, assim como a necessidade de fazer um inventário dos empreendimentos turísticos âncoras do Estado. Investimento em marketing digital, B2B e aproximação com operadores de luxo também estão na lista, além de estímulo à captação de eventos e apoio à divulgação.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), Eduardo Cavalcanti, defende, ainda, a integração com outras capitais do Nordeste, em um grande roteiro intrarregional.

As necessidades do turismo também foram sintetizadas em um documento entregue por representantes das principais entidades do setor a cada candidato à Prefeitura do Recife e outras cidades da RMR. "Não podemos mais trabalhar isoladamente. Se teve algo de bom na pandemia para o turismo local, foi essa união", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Marcos Teixeira. Os destaques entre as reivindicações incluem a reformulação do Conselho de Turismo, de forma a se tornar consultivo e deliberativo na tomada de decisões sobre investimentos públicos na área, e a criação de um Fundo de Promoção Turística.

FRANCISCO ANDRADE/SECRETARIA DE TURISMO E LAZER DE PERNAMBUCO
Houve um aumento de 157% na movimentação de passageiros no comparativo de julho em relação a junho deste ano - FOTO:FRANCISCO ANDRADE/SECRETARIA DE TURISMO E LAZER DE PERNAMBUCO
DIVULGAÇÃO
RETOMADA No Centro de Convenções, a expectativa é de arrecadar cerca de R$ 1,6 milhão com os eventos - FOTO:DIVULGAÇÃO
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
MOVIMENTAÇÃO.A expectativa é que os números continuem crescendo com a chegada da alta estação - FOTO:YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
DIVULGAÇÃO
UNIÃO PlanejaPE reuniu gestores públicos e privados para levantar necessidades e definir ações para os próximos dois anos - FOTO:DIVULGAÇÃO

Comentários

Últimas notícias