Pouco tempo após o novo ministro da saúde, Nelson Teich, ser anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, na tarde desta quinta-feira (16), um vídeo de 45 segundos começou a circular nas redes sociais. No conteúdo, retirado de um material de quase 8 minutos e intitulado "A complexidade do sistema de saúde e suas implicações para o paciente oncológico", o oncologista fala de fazer escolhas entre investir dinheiro público no tratamento de um idoso ou um adolescente. No entanto, o contexto geral do vídeo, gravado em 17 de abril de 2019, é uma avaliação de Teich sobre a saúde pública no Brasil e o tratamento de pacientes oncológicos. O resumo, segundo fala do próprio ministro no vídeo, é que "o dinheiro é limitado e escolhas são inevitáveis."
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Em tempo, vale esclarecer que a descrição do vídeo postado no YouTube traz a seguinte informação: "Dr. Nelson Teich, Oncologista Clínico e Doutorando na Universidade de York (Reino Unido), comenta sobre aspectos técnicos e orçamentários que compõem o sistema de saúde atual, seus respectivos desafios e a direta relação com o paciente oncológico. Este foi um dos temas do IX Fórum Nacional Oncoguia, que acontece na cidade de Brasília (DF), nos dias 16 e 17 de abril de 2019."
Na opinião do novo ministro, o maior problema enfrentado pelo sistema público de saúde no Brasil é escassez de recursos. Ele chega a comparar com a realidade dos Estados Unidos: "Para 2019 a estimativa é de que se gasta, por paciente, cerca de US$ 11.500, enquanto no Brasil isso não chega nem a 500 [não fica claro se são dólares ou reais]". Ele ainda levanta questões como má administração e corrupção, mas reforça que "até fazer uma gestão eficiente é difícil quando se tem pouco dinheiro."
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Nelson Teich segue sua avaliação citando a necessidade de melhor capacitar os profissionais de saúde e observa que a saúde pública é tratada com superficialidade. "Vira e mexe você tem uma solução milagrosa, ou faz a mesma coisa que fazia antes e só muda o nome achando que vai dar tudo certo. A complexidade é muito grande. Geralmente as pessoas estão muito sobrecarregadas e tornam as coisas superficiais", analisa.
Na visão do oncologista, para sanar parte desses problemas é preciso mapear os recursos financeiros e definir quais são os objetivos. É nesse momento, por volta dos 5 minutos, que surge a fala que foi retirada do vídeo e disseminada nas redes sociais. "Como você tem dinheiro limitado, você tem que fazer escolhas. Então você tem que definir onde você vai investir. Eu tenho uma pessoa mais idosa, que tem uma doença crônica avançada e ela teve uma complicação, para ela melhorar eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar para investir num adolescente. O dinheiro é igual, só que uma pessoa é um adolescente que vai ter a vida inteira pela frente e a outra é uma pessoa idosa que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?"
Teich encerra o vídeo ressaltando que quanto mais complexa é a saúde pública, é ainda mais importante que se tenha uma gestão, "de cima pra baixo", coordenando tudo, fazendo escolhas que sejam eficientes para a sociedade. Na tarde desta quinta-feita, o oncologista foi anunciado como o substituto do então ministro da saúde, Henrique Mandetta. Nelson Teich entra na pasta em meio à pandemia do coronavírus, que já matou quase 2 mil pessoas no Brasil.
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