Senadores e deputados federais da bancada pernambucana comentaram, nesta quinta-feira (16), a saída de Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, após ser demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os parlamentares de Pernambuco, em sua maioria, lamentaram a mudança na pasta da Saúde, mas demonstraram estar abertos a dar um voto de confiança ao novo auxiliar de Bolsonaro, o oncologista Nelson Teich.
O senador Jarbas Vasconcelos (MDB), por exemplo, classificou Mandetta como um "homem público devotado a servir o seu País", mas disse respeitar a prerrogativa de Bolsonaro de montar sua equipe como lhe parecer melhor. O emedebista, afirmou, ainda, esperar que essa mudança não prejudique as ações de combate ao novo coronavírus no Brasil. "O sistema de saúde precisa ser preservado e fortalecido para orientar e acolher os brasileiros vítimas ou não dessa doença. Continuarei vigilante, apoiando as medidas de ajuda e proteção à população. Desejo boa sorte ao novo ministro. Seus acertos são fundamentais para nos libertarmos dessa tragédia que assola o mundo e o Brasil", declarou, através de nota.
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Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB) afirmou que a nomeação de Teich para o Ministério da Saúde foi uma decisão técnica do chefe do Executivo nacional que, segundo ele, "deve ser reconhecida e valorizada". "O presidente traz para a equipe ministerial um profissional qualificado, com profundo conhecimento sobre gestão de saúde, e que, certamente, montará um time a altura do desafio que o País enfrenta", cravou.
Duro opositor de Bolsonaro, o senador Humberto Costa (PT) não poupou críticas ao presidente ao comentar a demissão de Mandetta. "O presidente Bolsonaro, de forma antiética, já vinha fritando o ministro da Saúde. Essa é uma decisão completamente irresponsável, a de substituir aquele que vinha coordenando uma luta tão difícil, que é essa luta contra a pandemia do coronavírus. Ele (Mandetta) pode ter cometido seus erros, como cometeu, mas a razão principal é que ele vinha seguindo as orientações e recomendações das autoridades sanitárias do mundo, que todos os presidentes de república, primeiros ministros, chefes de estado vinham fazendo em relação ao isolamento social. Como Bolsonaro não acredita na gravidade dessa doença, minimiza o tempo inteiro. Ele não aceitou ser contestado", pontuou Humberto.
Através do Twitter, o deputado federal João Campos (PSB) mostrou-se preocupado com o jogo de cadeiras no Ministério da Saúde e disse que a razão pela qual o presidente decidiu demitir seu auxiliar foi "inveja".
Que capitão mudaria o líder de sua tropa em meio a uma guerra (crise) mundial? A única resposta que (infelizmente) cabe: Bolsonaro. Preocupante a demissão de Mandetta. O motivo: inveja do protagonismo assertivo do ministro em seguir os protocolos da OMS. Vergonha desse presidente
— João Campos (@JoaoCampos) April 16, 2020
Túlio Gadêlha (PDT) também creditou a razões pessoais o que levou Bolsonaro a afastar Mandetta do governo. "Por ciúmes, vaidade, negação da ciência (ou tudo isso junto) Bolsonaro demitiu Mandetta meio à pandemia de Covid-19. Nenhum ministro equilibrado que realize um trabalho sério se segura nesse governo de terraplanistas", declarou, no Twitter.
Por ciúmes, vaidade, negação da ciência (ou tudo isso junto) Bolsonaro demitiu Mandetta meio à pandemia de Covid-19. Nenhum ministro equilibrado que realize um trabalho sério se segura nesse governo de terraplanistas. https://t.co/HvwbkOBfhS
— Túlio Gadêlha (@tuliogadelha) April 16, 2020
Para o deputado Wolney Queiroz, líder do PDT na Câmara, ao tirar Mandetta do comando da Saúde, Bolsonaro jogou fora tudo o que o então ministro fez durante o combate à covid-10. "O que se deu foi perda de tempo, desde que começou a ciumeira sobre a exposição dele (Mandetta) na imprensa. Nem chamo de êxito o trabalho do Ministério da Saúde nos estados e municípios, porque é muito ruim, mas ele pelo menos procurava seguir os protocolos, era uma voz da ciência e ponderada. Ele foi demitido por ciúmes, era contra achismo foi retirado porque estabeleceu-se uma briga de egos", disparou o parlamentar.
"A saída de Luiz Henrique Mandetta do comando do Ministério da Saúde é uma perda que, como brasileiro, lamento profundamente. Mandetta vinha desempenhando um trabalho responsável neste momento de caos e incertezas que vivemos e esta troca de comando no Ministério da Saúde, neste momento, nos deixa alarmados. A luta contra o novo Coronavírus não deve ser politizada. É um enfrentamento que precisa ser feito por todas as esferas políticas, governos federal, estaduais e municipais, sempre colocando a vida do cidadão em primeiro lugar", disse Augusto Coutinho (SD), através de nota.
Novo ministro
A deputada Marília Arraes (PT), por sua vez, disse torcer para que Teich siga as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a sua gestão. "Espero que o novo Ministro da Saúde respeite as normas estabelecidas pela OMS e que defenda a continuação do isolamento social. É preciso continuar com a defesa da vida e, principalmente, respeitando a ciência. É nesse caminho que vamos vencer o coronavírus", afirmou a petista.
Em entrevista ao JC, o deputado federal Daniel Coelho (CID) disse não conhecer com profundidade o ministro Nelson Teich, mas afirmou ter ouvido falar bem sobre a sua reputação. "Pelo currículo e pelas declarações do novo escolhido, aparentemente, é um médico muito respeitado e já tinha emitido algumas opiniões sobre o coronavírus. É um defensor do isolamento e controle da disseminação da doença. É uma pessoa bem qualificada. Mandetta tinha a característica de ser médico e político, o novo tem uma experiência maior na própria profissão e, nas declarações dele, todas parecem ser bem equilibradas. Temos que o aguardar como ministro e como vai se comportar", detalhou.
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