CRÍTICA

FHC avalia que coronavírus pode significar fim da era Bolsonaro e garante apoio à oposição em 2022

Ex-presidente considera que "há a chance de organizar uma oposição que seja razoável, racional, mas ao mesmo tempo, passional, que acredite nos valores da democracia e da igualdade"

José Matheus Santos
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José Matheus Santos
Publicado em 22/04/2020 às 12:56 | Atualizado em 22/04/2020 às 13:03
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
''Eu não votei nele (Jair Bolsonaro), e também não votei no PT'', disse o ex-presidente da República - FOTO: Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse, em entrevista à Agência Lusa, de Portugal, que as consequências da pandemia do coronavírus serão desastrosas para Jair Bolsonaro e que está disposto a apoiar um candidato forte contra o presidente nas eleições de 2022.

“As consequências da pandemia serão desastrosas para todos, mas para ele (presidente da República) em especial”, afirmou Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à Agência Lusa de Portugal.

FHC avaliou que cenário do Brasil pós covid-19 “pode” significar o fim da era Bolsonaro. “Acho que o Bolsonaro foi eleito por maioria de votos e tem um mandato, mas as chances de ganhar uma nova eleição diminuem muito agora, porque as pessoas vão sentir o momento e vão reagir em função dele. Agora, em política isto (a mudança) também depende de quem vem do outro lado”, disse o ex-presidente.

Na opinião de Fernando Henrique Cardoso, Bolsonaro ainda tem parcela de apoio popular, mas perde apoio no setor empresarial. “No governo dele, a classe média foi muito mais abalada do que no passado e os empresários, que tiraram muito benefício dela, estão agora com medo da irresponsabilidade e falta de visão do presidente”, afirmou FHC.

“O vírus que veio de avião, da classe alta, está chegando nas zonas periféricas, não só nas grandes favelas famosas do Rio, mas nas periferias das grandes cidades, todas. E aí a questão da desigualdade vai-se notar”, frisou o ex-presidente.

Na avaliação do tucano, Bolsonaro dá sensação de “estar perdido e surpreso” com a pandemia do novo coronavírus. “Porém, a responsabilidade do que vier a acontecer vai ser-lhe atribuída. Isso é inevitável”, disse FHC.

União da oposição

Fernando Henrique considera que “há a chance de organizar uma oposição que seja razoável, racional, mas ao mesmo tempo, passional, que acredite nos valores da democracia e da igualdade. Esse tema é muito importante e nos últimos tempos fala-se muito menos disso, do que é importante falar”.

“A política de Bolsonaro é desastrada, porque não tem um sentimento reinante de aceitação do adversário. Não é um jogo democrático no sentido pleno. É um jogo muito mais autocrático”, considerou FHC.

O ex-presidente ainda indicou que pretende participar da campanha de 2022 aliado à candidatura que faça contraponto a Jair Bolsonaro, que sinaliza para candidatura à reeleição. “Vou tentar apoiar alguém que tenha ambições de fazer do Brasil um país contra a desigualdade, que tenha crescimento econômico, que não se feche, um país aberto, humano, democrata e que dê sinais de compreensão”, afirmou Fernando Henrique Cardoso, que não apoiou abertamente Jair Bolsonaro nem Fernando Haddad no segundo turno das eleições de 2018.

“Naquela altura (segundo turno em 2018), eu não estava de acordo nem com um nem com outro”, disse FHC. “Portanto espero que surja uma força nova, independentemente do partido, que vai expressar esse sentimento de ser oposto à política dominante agora”, frisou o ex-presidente.

Ainda ligado ao PSDB, Fernando Henrique Cardoso espera que a oposição se una contra Bolsonaro e possa “jogar contra a continuidade de uma situação”.

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