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Veja repercussão nacional da saída de Moro do Ministério da Justiça

Em pronunciamento, ex-juiz da Lava Jato informa que deixa o cargo após exoneração de Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal

Cadastrado por
Manuela Figuerêdo
Alice Albuquerque
Cássio Oliveira
Publicado em 24/04/2020 às 11:54 | Atualizado em 24/04/2020 às 15:02
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sérgio Moro é o ministro da Justiça e Segurança Pública - FOTO: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou sua demissão do governo federal, no final da manhã desta sexta-feira (24), após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal (PF). O comando da PF estava sendo ocupado por Maurício Valeixo, amigo e braço direito de Moro. Mas ele foi "exonerado a pedido", nesta manhã. Desde 2019, Bolsonaro já ameaçava trocar o comando da PF para, assim, ter controle maior sobre a atuação da polícia.

Moro abriu sua coletiva lamentando a realização da coletiva em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19). "Estamos passando por uma pandemia. Busquei evitar que isso acontecesse. Foi inevitável. Peço a compreensão pela circunstância".

Moro lembrou que teria carta branca para escolher cargos na PF sem interferência. "No fim de 2018, recebi convite de Bolsonaro, recém-eleito. Fui convidado a ser ministro da Justiça e Segurança Pública. Foi conversado que teríamos o compromisso com o combate à corrupção, crime organizado e criminalidade violenta. Foi-me prometido carta branca para nomear todos os assessores como a PRF e a PF", disse Moro nesta sexta.

"Não é uma questão do nome. Tem outros bons nomes para assumir o cargo de diretor-geral da PF. O grande problema da troca é uma violação de promessa que foi feita a mim, de carta branca. Não teria causa e seria uma interferência política na PF. Isso geraria um abalo de credibilidade. Não minha, mas minha também, e do governo. Geraria desorganização. Não aconteceu durante a Lava Jato, a despeito dos problemas de corrupção dos governos anteriores. O problema é que nas conversas com o presidente, havia intenção de trocar também superintendentes. Não só o diretor-geral. No Rio, em Pernambuco, sem que me fosse apresentado uma razão ou uma causa para essas substituições", disse o ex-ministro.

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Repercussão

Nas redes sociais, políticos e autoridades nacionais se posicionaram sobre a saída do agora ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública.

Fernando Haddad, ex-canditado à presidência do Brasil em 2018, falou sobre a ironia de Moro em reconhecer "a autonomia dada pelos governos petistas à Polícia Federal."

O governador de São Paulo, João Dória (PSDB), lamentou a saída de Moro e afirmou a importância dele para a história do país enquanto juiz da Lava Jato.

Recentemente demitido do Governo Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta parabenizou o trabalho do ex-juiz da Lava Jato.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) criticou a trajetória de Sérgio Moro enquanto juiz e também ministro. Ainda, afirmou que o ex-ministro "implodiu o Governo Bolsonaro."

 O deputado federal Kim Kataguri, do partido Democratas, comentou sobre a saída de Moro, fazendo críticas ao Governo Federal.

Ex-candidato à presidência em 2018, pelo PSOL, Guilherme Boulos fez críticas à figura pública e disse que o legado deixado por Sérgio Moro é "um governo de milicianos". Além de afirmar que Moro "interferiu nas eleições a favor de Bolsonaro, virou ministro sabendo de Queiroz e da relação com milicianos e nunca disse um piu sobre a milícia digital". 

Outro candidato à presidência nas últimas eleições majoritárias, João Amoedo (NOVO) classificou a gestão de Bolsonaro como lamentável e disse ser inaceitável que o presidente da República "tente inferferir na autonomia da Polícia Federal e controlar investigações e obter informações privilegiadas". Em seguida, teceu elogios à atuação a Moro.

Janaína Pascoal, deputada estadual do PSL, lamentou a saída de Sérgio Moro. "O Ministro provou todo seu valor na Magistratura e também na Pasta", afirmou em tweet.

Deputada federal, Carla Zambelli (PSL), também sentiu pela saída de Sérgio Moro do governo e elogiou sua "conduta exemplar" enquanto cidadão, juiz e ministro.

 

A ex-vice candidatada, pelo PCdoB, da chapa com Fernando Haddad (PT), em 2018, Manuela D'ávila questionou o motivo da troca do comando Policia Federal que fez com que o ex-juiz da Lava Jato decidisse sair do cargo.

 

A parlamentar Joice Hasselmann (PSL) provocou o Governo Bolsonaro após pronunciamento do então ex-ministro da Justiça.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou sobre Sérgio Moro admitir "mais uma ilegalidade" ao pedir pensão pensão para ganhar o cargo.

 O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou assistir "com tristeza" à demissão de Moro.

Guru de Bolsonaro, o ideólogo Olavo de Carvalho afirmou que "a cultura política do juiz Moro foi sempre deficiente"


O vice-líder do governo na Câmara, deputado Carlos Jordy (PSL-RJ), criticou a forma como o ministro pediu demissão. “Moro saiu, fomos pegos de surpresa. Ontem mesmo ele nos garantiu q não sairia. Para nós, base do governo, uma informação; para a extrema-imprensa, outra. Lamentável. E mais lamentável ainda a maneira como saiu. Enfim, o destino se encarregará de tudo. Vamos em frente!”, disse Jordy.

O deputado federal por Pernambuco, Daniel Coelho (Cidadania), ironizou "os que chamavam Moro de juiz ladrão" e ressaltou que já esperava a atitude do ex-ministro de não aceitar interferências na Polícia Federal.

O líder nacional do PSDB, deputado federal Bruno Araújo, chamou atenção para o atual momento que o País está passando de enfrentamento à pandemia e o presidente da República "especializa-se em fabricar crises". 

O deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) afirmou que Moro cometeu excessos e "o erro faz parte da vida". "Entretanto, é impossível não reconhecer os relevantes serviços que ele prestou ao País. Hoje, o Governo Bolsonaro fica menor".

O senador Jarbas Vasconcelos criticou a "desqualificação" de Bolsonaro no cargo de presidente da República. "Esse cidadão não está à altura de comandar a nação e seus atos, além de nos envergonhar, causam repulsa. Ele segue trabalhando para que seus interesses políticos rasteiros prevaleçam, atestando assim que de fato atua sobre as sombras de crimes e condutas que certamente deseja esconder e manipular. A Polícia Federal, seu mais recente alvo, é instrumento valioso. Não pode ser alvo de leilão político", e reconheceu a coragem de Moro por denunciar os "graves atentados" do governo Bolsonaro.

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