Mourão

Em artigo, Mourão repreende atuação da imprensa e defende posicionamentos de Bolsonaro

O vice-presidente falou sobre atuação da imprensa na cobertura da pandemia e demonstrou alinhamento com opiniões do presidente Bolsonaro

Gabriela Carvalho
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Gabriela Carvalho
Publicado em 14/05/2020 às 14:15 | Atualizado em 14/05/2020 às 15:04
Antonio Cruz/ Agência Brasil
General vice-presidente Hamilton Mourão - FOTO: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, o general vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) alertou imprensa sobre cobertura da pandemia e avaliou que o Brasil está tendo mais dificuldades que todos os outros países para enfrentar a crise do coronavírus por conta de desarranjos políticos e institucionais.

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Sem citar o presidente Bolsonaro (sem partido), nem crises do governo, Mourão afirmou que "para esse mal [a covid-19] nenhum país do mundo tem solução imediata, cada qual procura enfrentá-lo de acordo com a sua realidade. Mas nenhum vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil. Um estrago institucional que já vinha ocorrendo, mas agora atingiu as raias da insensatez, está levando o País ao caos e pode ser resumido em quatro pontos".

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O vice-presidente resumiu o “estrago institucional” em quatro pontos. Ele não cita diretamente nenhum personagem do atual cenário político. Veja os pontos:

Polarização que tomou conta da sociedade: a imprensa, segundo Mourão, precisa rever seus procedimentos;

"A imprensa, a grande instituição da opinião, precisa rever seus procedimentos nesta calamidade que vivemos. Opiniões distintas, contrárias e favoráveis ao governo, tanto sobre o isolamento como a retomada da economia, enfim, sobre o enfrentamento da crise, devem ter o mesmo espaço nos principais veículos de comunicação. Sem isso teremos descrédito e reação, deteriorando-se o ambiente de convivência e tolerância que deve vigorar numa democracia."

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Degradação do conhecimento político por quem deveria usá-lo de maneira responsável: magistrados, governadores e legisladores;

O vice-presidente criticou governadores, magistrados e legisladores "que esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União".

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Usurpação das prerrogativas do Poder Executivo: “Profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores”;

"A esse respeito, no mesmo Federalista outro de seus autores, James Madison, estabeleceu “como fundamentos básicos que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário devem ser separados e distintos, de tal modo que ninguém possa exercer os poderes de mais de um deles ao mesmo tempo”, uma regra estilhaçada no Brasil de hoje pela profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores, que, sem deterem mandatos de autoridade executiva, intentam exercê-la", argumentou. 

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Prejuízo à imagem do Brasil no exterior decorrente de manifestações de personalidades, que estaria inconformadas, segundo Mourão, com o governo democraticamente eleito em outubro de 2018.

O general alegou que personalidades estariam usando de seu prestígio para fazer "apressadas ilações" e apontar o País “como ameaça a si mesmo e aos demais na destruição da Amazônia e no agravamento do aquecimento global”. 

Mourão alegou que era uma "acusação leviana que, neste momento crítico, prejudica ainda mais o esforço do governo para enfrentar o desafio que se coloca ao Brasil naquela imensa região, que desconhecem e pela qual jamais fizeram algo de palpável".

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Para concluir o artigo, Mourão destacou que "o Brasil continua entregue a estatísticas seletivas, discórdia, corrupção e oportunismo" e que para reverter o "desastre", bastava que fosse respeitado "os limites e as responsabilidades das autoridades legalmente constituídas".


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