GURU DE BOLSONARO

Olavo de Carvalho ameaça derrubar o governo Bolsonaro e diz que o presidente "se aproveitou" dele

Conhecido por ser "guru" do presidente, o escritor afirmou que está sendo vítima de fake news

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 07/06/2020 às 9:31 | Atualizado em 08/06/2020 às 9:31
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"Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda, eu não quero sua amizade", disse Olavo se referindo a Bolsonaro - FOTO: Youtube

Mais um elo do governo Bolsonaro se desfez. Na madrugada deste domingo (7), o escritor Olavo de Carvalho, conhecido por ser "guru" do presidente, publicou no YouTube um vídeo onde se diz vítima de propagação de fake news a seu respeito. Na mesma publicação, Olavo reclamou que Jair Bolsonaro (sem partido) não é capaz de o defender. O escritor também ameaçou Bolsonaro de processo e de derrubar o seu governo. 

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"Milícia, gabinete do ódio, existe há muito tempo. Foi inventado contra mim, não contra o Bolsonaro. E esse Bolsonaro, o que é que ele fez pra me defender? Bost* nenhuma! Ah! Chega lá, me dá uma condecoraçãozinha, enfia a condecoração no seu...", disse em trecho do vídeo. "Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda, eu não quero sua amizade", completou. 

 

Em maio do ano passado, Bolsonaro concedeu a Olavo o mais alto grau da Ordem de Rio Branco, condecoração dada pelo governo do Brasil para "distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção".

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O escritor afirmou ainda que além de nunca ter agido para defendê-lo dos ataques, Bolsonaro apenas se "aproveitou" dele.

"Você não é meu amigo. Você simplesmente se aproveitou", afirmou. "Não quero mais saber. Você não está agindo contra os bandidos. Você presencia o crime em flagrante e não faz nada contra eles. Isso se chama prevaricação. Quero tomar um processo de prevaricação de minha parte? Se esse pessoal não consegue derrubar o seu governo, eu derrubo. Continue covarde e eu derrubo essa mer** de governo aconselhado por generais covardes ou vendidos", ameaçou.

Olavo volta atrás

Ainda na noite deste domingo (7), Olavo publicou em suas redes sociais reiterando o seu apoio ao presidente jair Bolsonaro. Segundo Olavo, ele estava "cem por cento" com Bolsonaro, o presidente que não estaria.

 

Em outra publicação do mesmo dia, Olavo afirmou que apoia o presidente mas que não iria apoiá-lo quando ele "erra gravemente contra ele mesmo".

 

Os "Olavistas"

Não é apenas o presidente Jair Bolsonaro que tem, ou tinha, essa forte relação de aconselhamento com o escritor. Olavo de Carvalho é "mestre" para muitos outros nomes ligados ao presidente da República, a começar pelos seus filhos, Carlos e Eduardo Bolsonaro, ferrenhos "devotos" do filósofo autoproclamado. 

Os entusiastas do olavismo também estão presentes na Assessoria Especial do presidente, conhecida como Gabinete do Ódio. O chefe adjunto do setor, Filipe Martins, juntou-se aos ideais de Olavo ainda em 2006. A chegada de Martins ao Planalto foi articulado, inclusive, por Eduardo Bolsonaro e Olavo de Carvalho.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, por exemplo, é um dos alunos do curso do escritor. Ao assumir o Ministério da Educação, ele afirmou que tem grande admiração pelo professor, apesar de não seguir "ipsis litteris tudo o que ele fala". Além de Weintraub, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também aparece entre os olavistas.

A Secretaria da Cultura é outro setor do governo Bolsonaro repleto de seguidores do escritor. Por exemplo, o maestro Dante Mantovani, que esteve à frente da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Além de aluno de Olavo, ele é membro da Cúpula Conservadora das Américas.

Mantovani havia sido nomeado para o cargo pelo então secretário de Cultura, Roberto Alvim, outro admirador do guru bolsonarista. Alvim, por sua vez, foi exonerado do cargo em janeiro deste ano, após fazer e publicar um vídeo com referências nazistas.

Ainda na pasta da Cultura, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, também é discípulo de Olavo. Camargo, entre outras coisas, classifica a escravidão como benéfica com os descendentes e sempre negou a existência do racismo no Brasil.

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