INVESTIGAÇÃO

Veja quem são os deputados e o senador bolsonaristas que tiveram os sigilos fiscais quebrados por decisão de Alexandre de Moraes

Dez deputados e um senador tiveram os sigilos fiscais quebrados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apura a organização de financiamento de atos antidemocráticos

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Publicado em 16/06/2020 às 22:32 | Atualizado em 16/06/2020 às 22:36
LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
PF apreendeu três armas em endereços de Carla Zambelli - FOTO: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Com Estadão Conteúdo

Dez deputados e um senador tiveram os sigilos fiscais quebrados por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apura a organização de financiamento de atos antidemocráticos. A decisão do ministro, que conduz as investigações, foi tomada no dia 27 de maio. Veja abaixo a lista dos atingidos pela decisão e o posicionamento deles:

 

Deputados

Alessandra da Silva Ribeiro (PSL-MG)

Conhecida como Alê Silva, é advogada e está no primeiro mandato. Em publicação no Twitter, ela disse que não precisava ter o sigilo fiscal quebrado para fornecer seus dados.

Aline Sleutjes (PSL-PR)

Duas vezes vereadora em Castro (PR), está no primeiro mandato como deputada federal. Em publicação nas redes sociais, ela disse que nunca financiou "nada que tenha relação com atos antidemocráticos".

Bia Kicis (PSL-DF)

Ex-procuradora do Distrito Federal, está no primeiro mandato como deputada federal. No Twitter, no início da noite desta terça-feira (16), ela disse que ainda não tinha sido notificada sobre a decisão de Moraes. 

Carla Zambelli (PSL-SP)

Fundadora do movimento Nas Ruas, em 2013, está no primeiro mandato na Câmara dos Deputados. Chamada a prestar esclarecimentos no âmbito do inquérito das fake news, aberto em aberto em março do ano passado para apurar notícias falsas, ameaças e ofensas dirigidas a autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares, Zambelli disse, no dia 4 de junho, que estava sendo a deputada 'mais perseguida'. Sobre a determinação de Moraes acerca do sigilo, Carla publicou no Twitter uma imagem de uma conta bancária com um total de R$ 5.868 reais, acrescentando que não é uma "deputada corrupta".

Caroline de Toni (PSL-SC)

Caroline é advogada e está no primeiro mandato. No Twitter, ela disse que "não há qualquer fato ou fundamento jurídico" que justifique a quebra de seu sigilo fiscal.

Coronel Girão (PSL-RN)

General da reserva, Eliéser Girão Monteiro Filho está no primeiro mandato como deputado federal. No Twitter, ele disse que o ato de Moraes "configura mais uma atitude de arbitrariedade e totalitarismo".

Daniel Silveira (PSL-RJ)

Ex-policial militar, o parlamentar está no primeiro mandato. Foi durante a campanha de outubro de 2018 que Silveira ficou conhecido por destruir, junto com seu colega de partido Rodrigo Amorim, uma placa de rua que homenageava a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros em 14 de março de 2018.

Nesta terça-feira (16), ele foi um dos alvos da Operação Lume, realizada a pedido da Procuradoria-Geral da República e por ordem do ministro Alexandre de Moraes. No Twitter, Daniel disse que o País "está em sério risco institucional".

O deputado também já foi alvo de busca no âmbito do inquérito das fake news.

José Guilherme Negrão Peixoto (PSL-SP)

Conhecido como Guiga Peixoto, está no primeiro mandato. Sobre a quebra do sigilo fiscal, ele disse que continuaria trabalhando "tranquilo".

Junio Amaral (PSL-MG)

Policial militar reformado, está no primeiro mandato como deputado federal. Nas redes sociais, ele criticou a medida do ministro do STF. "Direitos e garantias fundamentais garantidos, salvo se apoaidor do presidente", disse.

Otoni de Paula (PSC-RJ)

Pastor evangélico, já foi vereador por um mandato no Rio de Janeiro e está no primeiro mandato na Câmara. No Twitter, ele afirmou que alguns ministros estão "apequenando" o Supremo.

Senador

Aroude de Oliveira (PSC-RJ)

Engenheiro e economista, já foi deputado federal por nove mandatos e está no primeiro mandato no Senado. 

Youtubers, deputado e blogueiros: os bolsonaristas alvos da PF nesta terça

Entre os alvos da operação deflagrada nesta terça-feira (16) pela Polícia Federal, no âmbito do inquérito sobre a organização de atos antidemocráticos, estão os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro Allan dos Santos, Luís Felipe Belmonte, e o publicitário Sérgio Lima. A ação desencadeada também mirou um político com foro junto ao Supremo, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ).

Ao todo, A PF faz 21 buscas em cinco Estados e do DF. Leia mais sobre alguns dos bolsonaristas que estão na mira da corporação nesta terça:

Daniel Silveira (PSL-RJ)

Alvo da operação da PF desta terça, o deputado federal Daniel Silveira publicou em sua conta no Twitter pela manhã que a Polícia Federal estava em seu apartamento. O deputado, que também foi alvo de busca no âmbito do inquérito das fake news, é citado nas investigações sobre autoria e o financiamento de atos antidemocráticos ocorridos no mês passado em todo o País.

Allan dos Santos

Empresário e um dos sócios do site conservador Terça Livre, já mencionado nas postagens do presidente Bolsonaro nas redes sociais, Allan Lopes dos Santos é um dos principais blogueiros alinhados com o bolsonarismo.

Alvo da Polícia Federal nesta terça-feira, 16, no âmbito de um inquérito de investiga a organização e o financiamento de atos antidemocráticos, o blogueiro também é um dos investigados no inquérito das fake news, que apura ameaças, ofensas e notícias falsas disseminadas contra integrantes do STF e seus familiares.

Foi no âmbito do inquérito das fake news que Santos foi alvo de mandado de busca e apreensão em 27 de maio, quando a PF cumpriu ordens judiciais expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mirando nomes ligados ao 'gabinete do ódio' e aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Seguidor do escritor Olavo de Carvalho e crítico da imprensa tradicional, Allan dos Santos foi um dos principais mobilizadores digitais nos ataques contra a repórter Constança Rezende, do Estadão, em março de 2019.

Luís Felipe Belmonte

Empresário e advogado, Luís Felipe Belmonte dos Santos é o segundo vice-presidente e principal operador político do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta tirar o papel. Milionário, Belmonte já foi filiado ao PSDB, fez doações para legendas de esquerda, como PCdoB, e atuou como advogado do empresário Luiz Estevão, que foi condenado a uma pena de 26 anos por fraudes na construção do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.

Conforme mostrou reportagem do Estadão, Belmonte já auxiliou na organização de atos antidemocráticos em Brasília, como o que ocorreu em 3 de maio, um domingo. Na ocasião, o Aliança pelo Brasil foi a ponte, o contato entre as lideranças de grupos e movimentos de direita, que se organizaram para mobilizar os bolsonaristas em todo o País para participarem da manifestação. Em entrevista na época, Belmonte disse que não colocou nenhum centavo no evento, que prestou ajuda apenas como cidadão, e não como representante do partido.

Sérgio Lima

Marqueteiro do Aliança pelo Brasil, Sérgio Lima também foi alvo da operação da Polícia Federal nesta terça-feira. Publicitário, Lima foi uma das pessoas que estiveram presentes na comitiva do presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos em março deste ano, e foi uma das mais de vinte pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus após a viagem. Antes da pandemia, 'Serginho' - como é conhecido entre governistas -, vinha sendo incentivado por bolsonaristas a disputar a Prefeitura de SP.

Segundo matéria publicada pelo jornal O Globo, Lima, mineiro que não cursou faculdade e se diz autodidata, foi o responsável pela identidade visual do partido Aliança pelo Brasil, e também pela criação do site da legenda.

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