O Diretório Nacional do PSOL se manifestou nesta quinta-feira (9) sobre a estratégia eleitoral a ser adotada pelo partido nas eleições municipais no Recife, referendando a decisão tomada na última terça-feira (7) de apoio à pré-candidatura de Marília Arraes (PT). Um grupo de dirigentes e militantes do partido questiona a legitimidade da medida e defende o nome de Paulo Rubem para a disputa.
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Por meio de nota assinada pelo presidente nacional da sigla, Juliano Medeiros, o PSOL cita encaminhamento aprovado em 2019 a favor de uma política de alianças com partidos de esquerda. "Essa decisão se fundamenta na necessidade de unir a oposição e combater os retrocessos que temos visto em nosso país", diz trecho da nota.
A nota segue apontando frentes de esquerda que estão sendo articuladas nos municípios, a exemplo de Belém, onde PT e PDT declararam apoio à pré-candidatura de Edmilson Rodrigues (PSOL), deputado federal e ex-prefeito do município, e em Florianópolis, onde PSOL, PT, PCdoB dialogam.
"Em Recife, o PSOL aprovou apoio a Marília Arraes (PT) e em Macapá, Manaus e Rio Branco estamos trabalhando pela unidade da oposição. No PSOL quem dá a última palavra são os municípios. Respeitamos as definições locais. E é por isso que reconheço como legítimo o processo de escolha da tática eleitoral que ocorreu esta semana, no Diretório Municipal do Recife', diz trecho da nota.
O presidente reconhece as diferenças entre os partidos de oposição, mas aponta que "derrotar o bolsonarismo" no âmbito eleitoral é uma das prioridades do partido.
Nessa mesma linha, o PSOL em Pernambuco divulgou nota na última sexta-feira (3) em defendia a formação de uma aliança com partidos de esquerda que busque "derrotar o bolsonarismo" que segundo o partido vem ganhando força no Recife.
"A realidade estadual, mesmo sendo muito mais tranquila que a federal, ainda é preocupante. De um lado nós temos o crescimento do bolsonarismo, aliados a setores do fundamentalismo religioso - que já é visto dentro da Assembleia Legislativa de Pernambuco e da Câmara de Vereadores do Recife -; do outro, o PSB", diz trecho da nota.
Quatro dias depois, o Diretório Municipal aprovou, por quatro votos a três, a desistência da candidatura própria e a construção de alianças com partidos à esquerda do PSB do atual prefeito Geraldo Julio, e o consequente apoio ao nome de Marília Arraes. Ate então, estavam postas as candidaturas do presidente do PSOL-PE, Severino Alves, conhecido como "Severino Biu", e a do ex-deputado federal Paulo Rubem, mas Severino retirou seu nome e se posicionou a favor da aliança.
Divergências internas
Um grupo de dirigentes e militantes do PSOL, incluindo o pré-candidato Paulo Rubem, afirma que a decisão tomada na última terça (7) não está de acordo com o regimento e o estatuto da sigla, por ter sido feita em uma instância inadequada e sem a participação dos filiados. Segundo o grupo, ela vai de encontro a uma posição tomada pelo próprio partido no âmbito estadual de lançar candidatura própria, além de desrespeitar resolução do Diretório Nacional, do dia 30 de junho, que recomenda realização de prévias nos municípios quando há mais de um pré-candidato.
"Por quatro votos colhidos entre os sete membros do Diretório Municipal decidiu-se indevidamente pelo apoio ao nome externo, substituindo-se assim, dessa forma, a deliberação dos milhares de filiados do PSOL em Recife, a ser tomada em convenção municipal e, dessa maneira, cassando-se indevidamente a pré-candidatura do Professor Paulo Rubem Santiago", diz trecho de uma nota divulgada pelo grupo.
O grupo decidiu levar a pré-candidatura de Paulo Rubem para a Convenção Municipal, que deve ocorrer nos dias 18 e 19 de julho, e apresentar esses questionamentos para a Direção Nacional do partido. "Quando você tem em qualquer cidade mais de um nome, a resolução diz que serão feitas prévias, dentro do processo democrático. Na apresentação dele (na reunião dessa terça, 7) Severino retirou o nome dele indicando apoio a uma candidatura de fora do partido. Se ele retirou o nome dele só ficou o meu, esse nome tem que ser levado para a apreciação dos filiados para saber se eles querem ou se querem uma outra tática", resumiu Paulo Rubem.
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