Em depoimento ao Ministério Público Federal nesta segunda (20), o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) negou ter recebido informações privilegiadas sobre a Operação Furna da Onça, que revelou movimentações financeiras atípicas nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz e o arrastou para o centro de uma investigação criminal sobre desvios de salários de funcionários na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Ele foi ouvido na condição de testemunha em seu gabinete, em Brasília, pelo procurador Eduardo Santos de Oliveira Benones, responsável pela investigação aberta para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente foi previamente avisado da operação.
O procurador disse que Flávio confirmou participação em uma reunião com Marinho e advogados. Segundo Benones, o encontro foi foco do interrogatório, uma vez que o empresário diz ter ouvido do próprio senador, na ocasião, que ele teria recebido informações sobre a investigação.
"Ele confirmou que esteve nessa reunião do dia 13, o que ele tá negando é que nessa reunião o (advogado) Victor Granado teria dito, segundo o depoimento do senhor Paulo Marinho, ele teria contado sobre como se deu o vazamento. É isso que o senador contradisse o senhor Paulo Marinho", disse Benones.
O procurador informou que agora vai ouvir agentes da PF responsáveis pelas diligências. "A gente vai ouvir principalmente as pessoas que participaram da operação, que tiveram acesso aos autos, entre policiais federais, agentes e delegados. Esse será o nosso próximo passo", adiantou.
Após o interrogatório, a advogada de Flávio, Luciana Pires, também negou o suposto vazamento. "Nunca chegou ao conhecimento do senador nenhuma informação sobre a Furna da Onça. Ele explicou ao procurador da República inclusive que ele apoiava o deputado André Corrêa, na época, à presidência da Assembleia Legislativa. E se ele soubesse de algum vazamento da Furna da Onça, obviamente ele não apoiaria um alvo da Furna da Onça", afirmou.
Luciana disse ainda que o encontro em que Paulo Marinho alega ter ouvido sobre o vazamento foi organizado para tratar da escolha de um advogado para defender Flávio após a revelação das transações suspeitas de Queiroz. "Ele (Flávio) não se lembra da data, porque tem um ano e meio mais ou menos. Ele lembra que teve uma reunião, na casa do Paulo Marinho, junto do advogado dele, Victor, advogado Cristiano Fragoso, para procurar um advogado para ele. Nesta época, estava protagonizando a questão do Queiroz e ele queria um advogado para se defender", declarou.
A advogada classificou a acusação de Paulo Marinho como 'invenção espetaculosa' e disse que o empresário está tentando se promover. "Provavelmente quer a suplência ou obter votos, que ele é pré-candidato à Prefeitura da cidade do Rio", disparou.