O ex-governador Marco Antonio Maciel completou 80 anos nesta terça-feira (21). Foram mais de cinco décadas de atuação, de forma intensa, na política. De líder estudantil a vice-presidente da República, passando pelos cargos de deputado estadual e federal, senador, governador de Pernambuco, além de ministro e presidente da Câmara dos Deputados. A influência dele se estende como “referência” por várias gerações de políticos, além de ter contribuído, nos cargos do Executivo que ocupou, para a implantação de empreendimentos que beneficiaram Pernambuco, como o Porto de Suape, a implantação do Metrô do Recife, a modernização do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, entre outros. De memória brilhante, a partir do fim de 2014, se tornou mais recluso porque passou a ter esquecimentos constantes provocados pelo Mal de Alzheimer. A partir dali, deixava a vida pública e um vácuo na política brasileira.
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A construção de diálogos e entendimentos marcou a sua trajetória política, inclusive como vice-presidente nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Nesse período, ele assumiu o comando do País 87 vezes, totalizando pouco mais de 10 meses entre 1995 e 2002. “Era o vice dos sonhos. Viajava e não tinha a menor preocupação, porque Marco era correto. E mais do que correto, minucioso, quase carinhoso”, afirmou FHC em depoimento ao documentário Marco Maciel – A Política do Diálogo.Em vídeo enviado ao JC, FHC relembrou a cumplicidade de Marco Maciel: “Pouca gente foi tão dedicada, tão atenciosa e tão competente quanto você nos anos em que trabalhamos juntos”, disse.
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Maciel fez parte de um grupo de políticos que teve um papel importante na redemocratização do País, participando de uma articulação que resultou na transição de um governo militar para um governo civil. “É a grande referência política pra toda uma geração pelo estilo e respeito aos valores republicanos. Do ponto de vista humano, é a pessoa menos imperfeita que conheci em toda a minha vida”, resume o ex-governador e ex-ministro Gustavo Krause (DEM). O raciocínio é complementado por outro ex-governador e ex-ministro, Mendonça Filho (DEM): “Maciel representa o que há de mais consistente e sério na vida pública. É discreto, simples, cordial. Não era de embates, mas tinha uma coragem política”.
“Desde cedo ainda como estudante universitário de Direito, Maciel exercia sua liderança, tendo sido eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ele candidatou-se a deputado estadual, sendo eleito. Exerceu seu mandato entre os anos de 1967 e 1971. Nilo Coelho, como governador eleito, o convidou para ser o líder de sua bancada na Assembléia Legislativa de Pernambuco. Na eleição seguinte, foi eleito deputado federal e conquistou novos mandatos, quando então alçou vôo”, lembra o ex-governador Roberto Magalhães, que se intitula “criatura política” de Maciel. Roberto se orgulha de ter concluído as obras iniciadas por Maciel em Suape.
Também entrou na política pela influência de Maciel o deputado federal André de Paula (PSD), que fazia parte do grupo jovem do partido do ex-senador. “Ele valorizava as bases e a vida partidária. Era uma aula de política”.
Para o presidente do Grupo JCPM, João Carlos Paes Mendonça, foi um “político sério, ético, aberto ao diálogo, que também gostava de ouvir representantes da sociedade civil, inclusive os empresários”. “Nesses seus 80 anos, tenho certeza de que, se gozasse de plena saúde, ainda estaria dando sua contribuição em benefício de nosso País”, afirmou.
O ex-governador Joaquim Francisco recorda de sua convivência com ele. “Sempre disposto a ouvir. Na política, jamais compartilhava segredos ou conversas. Ele tinha muito conhecimento, estudava a história do País, do Estado, a Constituição. É importante o homem público ser exemplar, porque isso é pedagógico. Maciel ensinava fazendo”.
Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) afirmou que Maciel “pertence à restrita classe dos políticos de trajetória longa e incansável”. “Um dos poucos que conseguem unir aliados e adversários”.
Religioso, participou, ao lado de Dom Helder Câmara, das procissões do Recife durante o regime militar. Em 2011, terminou o último mandato como senador e foi deixando aos poucos a cena política. Atualmente, mora em Brasília com a família.
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