Atualizada às 19h50
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, lançou uma nota nesta segunda-feira (10) na qual informa que o partido apoiará a candidatura da deputada federal Marília Arraes (PT) na corrida pela Prefeitura do Recife. Esta é a primeira aliança formalizada pela petista para as eleições municipais deste ano, e ocorreu porque a pré-candidatura do professor universitário e ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago foi rifada pelos diretórios municipal, estadual e nacional do PSOL, abrindo margem para a coligação.
Em 2019, Paulo Rubem e outros dois filiados do PSOL (Severino Alves, presidente estadual do partido, e Zé Gomes, que deixou a disputa pouco depois para apoiar o ex-parlamentar) lançaram suas pré-candidaturas à PCR. Diante do cenário, conforme as regras do partido, deveriam ser realizadas prévias nos dias 18 e 19 julho de 2020 para que, entre as opções postas, fosse escolhido o nome que representaria a sigla nas urnas neste ano.
No dia 7 de julho, porém, Severino retirou sua pré-candidatura e apresentou uma proposta de apoio do partido à postulação de Marília, sugestão que foi acatada pelas instâncias municipal e estadual do partido no mesmo mês. O grupo de Paulo Rubem no PSOL, porém, recorreu à nacional para que prévias fossem realizadas na capital, mas a solicitação foi rejeitada no último sábado (8).
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"Foi rejeitado em votação no Diretório Nacional do PSOL, por 35 votos contrários e 28 votos a favor, o recurso apresentado por filiados do PSOL do Recife que solicitava a realização de prévias para a disputa eleitoral majoritária na capital pernambucana em 2020. O pedido apreciado na tarde de sábado (8), ao ser rejeitado, reafirma a decisão do Diretório Municipal do PSOL em Recife de formação de uma frente de oposição ao governo municipal e ao bolsonarismo em Pernambuco", diz trecho da nota.
O comunicado informa, por fim, que a sigla apoiará a candidatura de Marília no Recife. "Com o resultado, o PSOL declara oficialmente apoio à candidatura de Marília Arraes (PT), conforme definido pelo Diretório Municipal. Essa decisão se fundamenta na necessidade de unir a oposição e combater os retrocessos que temos visto em nosso País".
Procurado pela reportagem para comentar o caso, Paulo Rubem afirmou que a decisão da nacional demonstra que há um conflito na chapa PT-PSOL. Segundo o ex-parlamentar, enquanto o PSOL afirma que fará oposição ao governo municipal, o PT diz que, apesar do lançamento da candidatura própria, não entrará em choque com o PSB. "Muitos fatos novos vão aparecer até que se esclareça para os filiados do PSOL que campanha é essa, em que você diz que é contra o PSB, mas a candidata diz que não é contra o PSB", disse, pontuando que seu grupo na agremiação lançaria uma nota ainda nesta segunda-feira oficializando seu posicionamento no imbróglio. Até o fechamento desta matéria, às 19h50, nenhuma nota havia sido encaminhada.
O JC indagou Juliano Medeiros sobre o argumento usado por Paulo Rubem para questionar a aliança. O presidente do PSOL disse que não "responde pelas ações do PT", mas disse ser "óbvio" que se a deputada Marília Arraes representasse uma candidatura do governo, o partido não estaria com ela e o PT apoiaria o deputado federal João Campos (PSB) no pleito. "Me parece evidente que a candidatura da Marília é uma candidatura de oposição e, apenas por essa razão, estamos em diálogo com ela. (...) Quanto à decisão do partido, não há nenhuma instância recursal. O Diretório Nacional é a última instância de recurso a qualquer decisão tomada pelas instâncias inferiores, então o debate está encerrado no PSOL", cravou o dirigente.
PT
Através de nota, a deputada federal Marília Arraes comemorou a declaração de apoio do presidente do PSOL, disse que sua candidatura terá "um discurso legítimo de oposição" e que a aliança no Recife fortalecerá o vínculo que os dois partidos já têm em âmbito nacional, no combate ao governo federal. "A manifestação de Juliano Medeiros fortalece essa frente de oposição ao governo Bolsonaro que o PT e o PSOL já fazem no plano nacional e que será importantíssima para o debate que também faremos no Recife no enfrentamento a projetos que são de inspiração bolsonarista ou que não têm no centro da sua agenda a garantia de direitos dos trabalhadores, a defesa dos mais pobres e mais vulneráveis e o combate às desigualdades", afirma parte do documento.
A pré-candidata ressalta, ainda, que PT e PSOL têm diversos projetos em comum, sempre baseados "na inclusão social e na construção de uma cidade mais gentil com suas cidadãs e cidadãos, com as mulheres e crianças do Recife". "Eu sou a única pré-candidata que tem, desde o último mês de março, apresentado propostas para o Recife, com o Recife Cidade Inteligente. E recentemente o PSOL apresentou o Recife Arretado, que está totalmente sintonizado com o que planejamos para a cidade na saúde, na educação, no combate às desigualdades e em muitas outras áreas. E isso tudo valorizando a participação popular, colocando as pessoas no centro do debate", detalha Marília.
Por fim, a deputada diz estar animada com a união entre as agremiações para as eleições municipais recifenses. "Eu fico muito feliz de ter o PSOL como aliado nesse projeto de cidade melhor que quero apresentar ao Recife. Pelo que o partido representa no campo da oposição, pela qualidade dos mandatos legislativos, e pelo compromisso político de seus dirigentes", conclui.
Na última semana, os diretórios pernambucano e recifense do PT, antes contrários à candidatura própria, declararam que iriam apoiar a postulação da parlamentar e inclusive ajudá-la na coordenação de sua campanha. O senador Humberto Costa (PT), um dos principais defensores da manutenção da aliança do PT com o PSB no Estado, também cedeu e disse que aceitava a candidatura da correligionária.
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