Diante da melhor avaliação do Governo Jair Bolsonaro na pesquisa Datafolha, desde o início do mandato, o cientista político Antonio Lavareda avalia ser muito difícil o presidente da República não estar no segundo turno da eleição de 2022. Para Lavareda, nenhum nome, hoje, ocupa o espaço que vai do centro até a direita tanto quanto Bolsonaro.
"No quesito espectro politico, Bolsonaro pega do centro até a direita. Esse grupo seguia o PSDB, mas houve uma troca de guarda e o bolsonarismo tomou conta dessa representação. Até agora, não tem nenhuma força que faça frente a ele nesse campo. Pode surgir o ex-ministro Sergio Moro, que desponta bem nas pesquisas, principalmente em situações de segundo turno, mas no momento o presidente continua como o representante maior desse campo político ideológico. Então, se a eleição fosse hoje, com certeza, ele estaria no segundo turno e dificilmente ele não estará no segundo turno em 2022", afirmou Lavareda em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (14).
Pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo", na noite dessa quinta-feira (13), aponta que o presidente da República atingiu sua melhor avaliação desde o início do mandato. De acordo com o levantamento, 37% consideram o governo ótimo/bom, 27% enxergam como regular e 34% avaliaram a gestão como ruim/péssima. Um por cento dos entrevistados não soube ou não respondeu. A pesquisa foi realizada nos dias 11 e 12 de agosto, com 2.065 brasileiros por meio de telefone celular de todos os estados do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
"A partir do momento em que Bolsonaro parou com ataques ao Judiciário e não participou mais de atos que eram vistos como antidemocráticos, o clima arrefeceu e isso ajudou na melhora da avaliação. Já a queda da avaliação negativa tem a ver com intervalo das pesquisas, a última foi em junho, nesse tempo outras pesquisas já apontavam essa tendência", disse Lavareda.
Ainda sobre 2022, Antonio Lavareda enxerga o presidente se filiando a algum dos partidos do centrão para manter o apoio de partidos como Republicanos e MDB. "Precisamos dividir o governo Bolsonaro em antes do centrão e depois do centrão. O Aliança é da fase antes do apoio do centrão ao governo. Nessa fase nova e mais racional ele precisa se afastar de um círculo de ferro de bolsonaristas raiz, é possível ter o MDB com ele em 2022, mas o Aliança não combina com isso. Poderemos, então, ver a entrada dele no Republicanos ou até voltar ao PSL", afirmou Lavareda.
Bolsonaro afirmou nessa quinta-feira (13) que poderá voltar ao PSL, partido do qual se desfiliou em razão de divergências com a cúpula da legenda. O presidente chegou a lançar uma campanha de filiação ao novo partido que pretendia criar, o Aliança pelo Brasil. Mas o partido ainda não tem a quantidade de assinaturas suficiente para obter o registro na Justiça Eleitoral.
Segundo o presidente, há convites de de três partidos, um dos quais o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson, que hoje apoia o governo. "Difícil formar um partido, não é impossível, mas é difícil, burocracia enorme", declarou Bolsonaro. "Então, não posso investir 100% no Aliança, em que pese o esforço de muita gente pelo Brasil. Eu tenho de olhar outros partidos. Tenho recebido convites. Em três partidos, me convidaram para conversar. Um foi o Roberto Jefferson. Tem mais dois partidos também. Já conversei com os presidentes desses dois outros partidos. Tem uma quarta hipótese aí, o PSL", afirmou.