Um dia após o escândalo em que a Polícia Federal flagrou o até então vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR), com R$ 30 mil na cueca, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou sobre o assunto em sua live semanal realizada na noite desta quinta-feira (15). Para o chefe do Executivo, "esse caso não tem nada a ver com o meu governo", disse.
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Chico Rodrigues foi um dos alvos da Operação Desvid-19, que apura supostos desvios de recursos provenientes de emendas parlamentares destinados à Secretaria de Saúde de Roraima para o combate à pandemia.
"Esse senador desse caso em Roraima era uma pessoa que gozava do prestígio e do carinho de quase todos e eu nunca vi ninguém falar nada contra ele. Aconteceu esse caso, lamento. Hoje, ele foi afastado da vice-liderança. Agora, querer vincular o fato dele ser vice-líder à corrupção do governo não tem nada a ver", afirmou o presidente na live.
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Mais cedo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou o afastamento do senador Chico Rodrigues do cargo por 90 dias. Pela decisão do ministro, caberá ao Senado dar a palavra final sobre o afastamento do parlamentar.
Para o ministro, o afastamento do cargo é necessário para evitar que o parlamentar possa utilizar o cargo para dificultar as investigações.
“O afastamento de parlamentar do cargo é medida absolutamente excepcional, por representar restrição ao princípio democrático. No entanto, tal providência se justifica quando há graves indícios de que a posição de poder e prestígio de que desfruta o congressista é utilizada contra os interesses da própria sociedade que o elegeu. Não podemos enxergar essas ações como aceitáveis. Precisamos continuar no esforço de desnaturalização das coisas erradas no Brasil”, decidiu o ministro.
'Grande volume na parte traseira' chamou atenção de delegado
A Polícia Federal afirmou em relatório, que, durante a operação realizada na casa de Chico Rodrigues, o que chamou a atenção do delegado foi "um grande volume na parte traseira das vestes do senador".
De acordo com o documento, em um certo momento, durante as buscas, o senador pediu para ir ao banheiro e o delegado Wedson Cajé, que comandava a ação autorizou o pedido, contanto que ele o acompanhamento. Neste momento, o delegado percebeu o grande volume dentro da bermuda do senador.
"Nesta hora, o Delegado Wedson percebeu que havia um grande volume, em formato retangular, na parte traseira das vestes do Senador CHICO RODRIGUES, que utilizava um short azul (tipo pijama) e uma camisa amarela. Considerando o volume e seu formato, o Delegado Wedson suspeitou estar o Senador escondendo valores ou mesmo algum aparelho celular. Ao ser perguntado sobre o que havia em suas vestes, o Senador CHICO RODRIGUES ficou bastante assustado e disse que não havia nada", disse um trecho do documento.
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Com a suspeita, o delegado disse ao senador que iria precisar fazer uma busca pessoal nele e pediu que os policiais filmassem o ato, com o objetivo de evitar suspeitas de abuso de poder. "Conforme imagens abaixo, ao fazer a busca pessoal no Senador CHICO RODRIGUES, num primeiro momento, foi encontrado no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas, maços de dinheiro que totalizaram a quantia de R$ 15.000,00, conforme descrito no item 3 do Termo de Apreensão em anexo", escreveu o órgão.
Apesar de inusitada, a história não para por aí. No final das buscas, quando os policiais estavam na sala da residência do senador, eles o indagaram perguntando se ele havia ocultado mais dinheiro. Foi nesse momento que Chico Rodrigues tirou mais dinheiro de dentro da sua cueca. Diante disto, a PF resolveu fazer uma última busca pessoal no senador e encontrou, por fim, o valor de R$ 250 escondido na peça íntima.
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