Após sete anos e 10 meses de gestão, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), se despede do cargo amargando o título de gestor mais mal avaliado do Nordeste e o quinto com a maior desaprovação entre as capitais de todo o Brasil. De acordo com a pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, o socialista tem 55% de desaprovação, ante aprovação de 40% dos recifenses.
Na outra ponta, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), obteve o melhor desempenho entre as 26 capitais pesquisadas pelo Ibope, que ouviu eleitores para saber quem eram os melhores prefeitos. Ele tem 85% de aprovação e 12% de desaprovação.
Assim como Geraldo e ACM Neto, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), não pode concorrer à reeleição, pois já está no segundo mandato. O pedetista é aprovado por 66% dos fortalezenses e desaprovado por 29%. Com isso, no Nordeste, ele fica atrás apenas do gestor soteropolitano.
Apesar do resultado favorável, Roberto não consegue transferir sua popularidade para seu candidato, o deputado estadual José Sarto (PDT), que tem 16% das intenções de voto e está em terceiro lugar no Ibope. Situação parecida vivem os prefeitos de Teresina, no Piauí, Firmino Filho (PSDB), e de São Luiz, no Maranhão, Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Com aprovação superior a 55%, os gestores veem seus indicados à sucessão correrem o risco de ficarem de fora da disputa de um eventual segundo turno.
Em João Pessoa, na Paraíba, o cenário é ainda mais adverso para a candidata do prefeito Luciano Cartaxo (PV), que não pode concorrer à reeleição por estar já há quase oito anos à frente da administração municipal. Lá, Edilma Freira (PV) não empolgou e vem patinando nas pesquisas, com apenas 5% das intenções de voto.
De acordo com o cientista político e professor da Faculdade Damas Elton Gomes, isso acontece porque a transferência de popularidade é mais difícil se comparada à transferência de rejeição. Além disso, conta ele, outros fatores podem se impor na hora do eleitor decidir em quem votar, como uma eventual união do candidato com outras forças políticas que podem ser consideradas impopulares.
"Há uma maior facilidade de repassar o lado negativo para quem recebe o apoio de quem está na cadeira de prefeito. Isso porque, certamente, aquela pessoa já tem uma posição demarcada em relação à gestão, que pode ter mais de 40% de aprovação, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, acumular um considerável índice de reprovação", explica o professor. "O eleitor que rejeita quem está na cadeira de prefeito tende a rejeitar também quem recebe seu apoio. O oposto não necessariamente é verdade", completa.
Mesmo com essa tendência, o prefeito do Recife não tem atrapalhado o voo do seu candidato, o deputado federal João Campos (PSB). O filho do ex-governador Eduardo Campos está entre os três candidatos com maior percentual de intenção de votos nas capitais do Nordeste, atrás apenas de Bruno Reis (DEM), em Salvador, com 42%. Segundo a pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, João tem 33% das intenções, número idêntico ao obtido pelo candidato à reeleição em Natal, no Rio Grande do Norte, Álvaro Dias (PSDB). Na capital potiguar, o índice de aprovação de Dias chega a 63%.
Quem também concorre à reeleição aprovado pela maioria dos eleitores é o prefeito pedetista de Aracaju, Sergipe, Edvaldo Nogueira. O gestor tem 58% de aprovação e tem 32% das intenções de voto, o que o torna líder da disputa, segundo aponta pesquisa Ibope. Ele é seguido por Delegada Danielle (Cidadania), que tem 21%.
Para o cientista político e sociólogo Antônio Lavareda, a avaliação do prefeito Geraldo Julio não tem influenciado negativamente o desempenho de João Campos porque o parlamentar tem focado sua campanha em si e na figura do pai.
"A campanha de João Campos está fortemente centrada na sua figura, na figura pessoal, apresentando o jovem deputado. Além disso, reafirma muito a escola política que teve com o ex-governador Eduardo Campos, que, das lideranças políticas de Pernambuco, é a que tem a melhor avaliação retrospectiva. Tudo isso contribuiu para levá-lo à condição de líder nas pesquisas", afirmou o especialista, durante o quadro Corrida Eleitoral, da Rádio Jornal, nesta segunda-feira (19).
Desaprovado por 49% da população de Maceió, em Alagoas, o atual prefeito da cidade, Rui Palmeira (sem partido), também não tem sido empecilho para o candidato apoiado pela gestão, Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB). O emedebista divide o primeiro lugar da disputa pela prefeitura com JHC, que fora derrotado por Palmeira em 2016. Mendonça tem 26% das intenções de voto, enquanto o socialista registra 25%.
BRASIL
Pelo Brasil afora, os índices de desaprovação maiores que os índices de aprovação têm sido um calo no sapato de candidatos que concorrem à reeleição. Do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) é o que mais chama a atenção. Entre os entrevistados, 75% desaprovam a gestão dele na capital. Apenas 17% dos eleitores ouvidos pelo Ibope disseram aprovar a gestão de Crivella. Com esse resultado, o bispo licenciado da Igreja Universal corre o risco de ficar de fora do segundo turno, dando lugar a um nome da esquerda para a disputa com o seu antecessor, Eduardo Paes (DEM).
O prefeito de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), também tem um índice de desaprovação alto: 67%. O tucano, além de ser reprovado por grande parte do eleitorado, carrega apenas 9% das intenções de voto e está tecnicamente empatado em segundo lugar com Fortunati (PTB), 14%, e Sebastião Melo (MDB), 11%.
"Marchezan radicalizou, brigou com todo mundo, não tem apoio. E Crivella não mostrou trabalho. Até é possível ser um parlamentar e não trabalhar, mas não dá para ser um bom prefeito sem trabalhar muito", diz o cientista político e consultor, Alberto Carlos Almeida. "Eu apostaria com segurança que nenhum dos dois será reeleito", completa.
Na ponta de cima, o prefeito de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Alexandre Kalil (PSD) tem 74% de aprovação e é o candidato à reeleição com maior vantagem. Com 59% das intenções de voto, o ex-presidente do Clube Atlético Mineiro lidera a disputa com folga. O candidato numericamente mais próximo é o deputado estadual João Vítor Xavier (Cidadania), com 7%. Considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais, a vantagem de Kalil é de pelo menos 46 pontos.
Kalil já disse que não pretende ir às ruas para pedir voto e faltou ao primeiro debate na TV aberta.
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