A segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo apontou a candidata Delegada Patrícia (Podemos) como o nome mais forte na disputa de um eventual segundo turno contra o candidato João Campos (PSB). Segundo o levantamento, a postulante aparece com 39% das intenções de voto na simulação, enquanto o candidato socialista tem 44% das menções. Assim, os dois estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. Considerando esse cenário, 15% dos entrevistados votariam branco ou nulo. Os que não sabem ou preferem não opinar somam 2%.
Para especialistas ouvidos pelo JC, a bagagem de combate à corrupção e o fator novidade são fatores que influenciam nos números de Patrícia. Além de empatar tecnicamente com João, ela ainda aparece à frente de Marília Arraes (PT), com 42% dos votos a 38%, que deixa as duas em empate técnico. Além disso, um eventual segundo turno entre a delegada e o candidato Mendonça Filho (DEM) tem como resultado 43% dos votos para ela e 38% dos votos para ele, outro empate técnico.
"Considerando a chance de João estar no segundo, só Patrícia parece poder ganhar, pois na situação entre ele e Marília, ele vence fora da margem de erro. Ainda assim, essa disputa é a mais desejada pelo campo da centro-esquerda, pois mantém a prefeitura no controle do grupo político que governa a cidade há 20 anos. João também venceria Mendonça. Então, Patrícia consegue trazer os votos da centro-direita, fora sua base de classe média, mas ainda precisa retirar votos da periferia, onde tem esse voto de estrutura marcante que é conquistado pelas bases, normalmente ligado ao apoio dos vereadores, das igrejas, esse voto que hoje está associado a João, seja pela exposição na mídia, mas principalmente pela base de estrutura de partidos e cabos eleitorais. Creio que você teria uma disputa interessante entre João e Patrícia", analisa Arthur Leandro, cientista político e professor da UFPE.
Num eventual segundo turno entre João e Mendonça, o filho do ex-governador Eduardo Campos aparece com 48% das intenções de voto, enquanto o ex-ministro da Educação do Governo Michel Temer tem 33%. Já numa eventual disputa em segundo turno entre João e sua prima, Marília Arraes, o primeiro candidato tem 44% das intenções de voto, contra 33% da petista.
"Há expectativa de se vai haver no Recife a polarização que houve em 2018, se vai ser embate direita e esquerda. Esse crescimento do João, mais expressivo, com essa movimentação em torno do nome de Patrícia, acho que demonstra que não necessariamente será direita contra a esquerda como foi a eleição de 2018. Acho que vai ser mudanças das continuidades, de um novo perfil, ela representa o algo novo, ela tem polarizado isso no discurso, afirmando que é a única que pode derrotar o PSB. Realmente, ela é a novidade do momento que pode fazer frente a esse poderio da máquina da estrutura de João. Esse talvez seja o dado mais expressivo do que a intenção de votos dela, porque mostrou que ela só perderia no segundo turno para João Campos", comentou Priscila Lapa, cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho).
- Ibope/JC/Rede Globo: João Campos lidera no Recife; Mendonça, Marília e Delegada Patrícia empatam tecnicamente em 2º
- Ibope/JC/Rede Globo: Rejeição de João, Mendonça e Marília cai, e da Delegada Patrícia cresce no Recife
- Ibope/JC/Rede Globo: Delegada Patrícia é nome mais forte contra João Campos em eventual 2º turno no Recife
- Marília Arraes permanece com 14% na Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo e empata tecnicamente com Mendonça e Patrícia no 2º lugar na disputa no Recife
- Ibope/JC/Rede Globo: Após dividir 1º lugar com João Campos, Mendonça Filho briga pela 2ª colocação no Recife com outras duas candidatas
- Na segunda rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo, 7 dos 11 candidatos a prefeito do Recife não ultrapassam 1% das intenções de voto
Mesmo diante dos cenários postos na pesquisa, o professor do Departamento de Ciência Política da UFPE Ernani Carvalho enfatiza que a vaga para uma eventual disputa no segundo turno contra João ainda não está definida. "O segundo lugar está em aberto, a própria Marília tentou fazer um movimento de ‘paz e amor’ com parte do eleitorado bolsonarista, o que me parece que não deu muito certo, já que o PT é colocado como uma grande oposição. Na minha visão, esse eleitorado está com a delegada Patrícia. Podemos dizer que essa direita mais radical está com ela. E ela precisa se posicionar bem, porque tem também o peso de Mendonça, com possibilidade de ir ao segundo turno e ter, por osmose, esses votos", comentou.
"Temos três candidatos disputando a segunda colocação, do qual um deles está mais próximo de 20% [Mendonça] e, dos três, dois são do centro-direita, obviamente isso termina gerando uma possibilidade de voto útil para garantir presença da oposição no segundo turno. Existe um grupo de eleitores que vislumbra a mudança em relação à duradoura gestão do PSB à frente da prefeitura", completou Ernani.
O professor Arthur Leandro também acredita que a disputa passa a ser de quem vai ao segundo turno contra João Campos. "O melhor dos cenários para ele é ir contra Marília, isso talvez ajude a entender a subida no tom dela em relação a ele. Pode ser que alguma pesquisa interna revele que ela só tira voto dele, não tira de Mendonça, nem de Patrícia. Então, ela precisa reforçar esse discurso de oposição de esquerda em relação à prefeitura, é a chance de ela ir ao segundo turno. E há outra disputa pelo segundo turno de modo que Mendonça conta com o recall no campo da direita e Patrícia deve reforçar o discurso de candidata contra a corrupção, que fará uma 'limpeza' na prefeitura", concluiu o especialista.
Comentários