Atualizada às 22h23
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender, na noite desta quinta-feira (22), a não obrigatoriedade da vacina contra a covid-19. Em sua live semanal, o presidente disse duvidar que a Justiça "obrigue alguém a tomar vacina" e, sem citar nomes, atacou governadores contrários ao seu posicionamento, chamando-os de "aprendizes de ditadores".
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"O que serviu muito essa pandemia para revelar foram os aprendizes de ditadores. Figuras nanicas, hipócritas, idiotas, boçais, achando que mandam no estado deles. Vai tomar vacina? Vai tomar você. Vacina e o que você bem entender, está certo? Coca-Cola, Tubaína... E outra, o povo não vai admitir isso aí. Eu duvido que a Justiça, não interessa a esfera que seja, vai obrigar alguém a tomar vacina um dia. Isso não existe! O brasileiro tem liberdade e ponto final", disse o presidente.
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Governadores de diferentes partidos e regiões do País criticaram a decisão do presidente de suspender o acordo de compra da vacina Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã Eles defenderam o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, classificaram a decisão de "política, eleitoral e ideológica".
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Na transmissão, Bolsonaro questionou o posicionamento dos ministros da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, que geralmente não participam das lives do presidente. Pontes, que na quarta-feira (21) disse concordar com a obrigatoriedade de vacinação em casos "testados e comprovados", mudou de opinião ao lado de Bolsonaro e disse que a vacina deveria ser "facultativa".
Segundo o presidente, a Anvisa "não vai correr" para aprovar uma vacina contra a covid-19. "Não vai autorizar vacina em 72 horas ".
Bolsonaro nega que Pazuello sofra pressão de ala militar
O presidente afirmou ainda durante a live que não há pressão da ala militar do governo para que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, vá para a reserva. O general da ativa foi alvo de críticas após anunciar a compra de 46 milhões de doses da vacina chinesa, contrariando o discurso de Bolsonaro, que depois mandou cancelar o protocolo. "Não tem ala militar (no governo)", afirmou o mandatário em transmissão ao vivo. "Todos os ministros que trabalham comigo são pessoas que têm um compromisso com Brasil. Algum desentendimento acontece."
Mais cedo, em entrevista à rádio Jovem Pan, o mandatário disse que, por serem militares, ele e Pazuello sabem que "quando o chefe decide, o subordinado cumpre". Ele apontou "precipitação" do ministro em assinar o protocolo e falou da necessidade de ser informado sobre uma decisão "tão importante". Apesar disso, o presidente garantiu a continuidade do ministro cargo.
Na live desta quinta, Bolsonaro justificou que a vacina ainda não foi reconhecida pelo Ministério da Saúde e nem certificada pela Anvisa. "Queriam que comprasse 100 milhões de doses da vacina da China e a vacina não está pronta ainda."
Desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, a Coronavac contrapôs Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que anunciou a obrigatoriedade da vacinação no Estado.
Segundo o instituto, a Coronavac demonstrou ser o imunizante em desenvolvimento no mundo com o menor índice de efeitos colaterais. Os resultados de eficácia devem sair no fim do ano, conforme revelou reportagem do Estadão.
Oposição ameaça entrar com pedido de impeachment se Bolsonaro barrar vacina
O Cidadania ameaça entrar com um processo de impeachment contra o presidente se ele desautorizar a compra de uma vacina que se comprove eficaz contra a covid-19. A estratégia está sendo avaliada pela cúpula do partido e depende dos próximos passos do governo. A discussão aumenta a pressão sobre Bolsonaro após ele ter desautorizado o ministro da Saúde.
A compra de doses de um laboratório chinês produzidas com o Instituto Butantã, de São Paulo, havia sido anunciada pelo Ministério da Saúde na terça-feira (20). Bolsonaro, porém, ficou inconformado com o destaque recebido pelo governador João Doria (PSDB-SP) no episódio e avaliou que Pazuello se precipitou. A nacionalidade e o domicílio eleitoral da vacina deram fôlego à ala ideológica do governo, que atacou a iniciativa tomada com aval dos militares.
Se for comprovado que realmente a vacina pode imunizar a população do novo coronavírus, uma atitude de Bolsonaro para barrar o financiamento poderia ser enquadrada como crime de responsabilidade ou até mesmo crime comum, de acordo com o presidente do Cidadania, Roberto Freire. Um processo de impeachment precisa passar pelo crivo do Congresso e, inicialmente, depende de uma decisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que, até o momento, rejeita autorizar uma denúncia.
"Crime de responsabilidade, durante ainda o curto mandato do presidente, tem a granel. Se essa vacina for atestada do ponto de vista científico como eficaz e ele tentar impedir, não é nem crime de responsabilidade, é crime comum para ser processado por atentado à saúde e à vida dos brasileiros", afirmou o presidente do Cidadania, Roberto Freire. "Discutir a coloração política da vacina é uma imbecilidade." Freire ponderou que não vê ambiente político para impeachment no momento, apesar da posição de Bolsonaro.
O presidente afirmou que "qualquer vacina, antes de ser oferecida, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa". A posição de confronto com Doria incomodou líderes do Congresso. "Impeachment é quando há crime de responsabilidade. Se ele tomar alguma atitude que caracterize, podemos considerar um pedido, embora não seja o que discutimos neste instante. A postura do presidente é altamente repugnável", afirmou o líder do Cidadania na Câmara, Arnaldo Jardim (SP).
Na quarta-feira (21), a Rede Sustentabilidade protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar Bolsonaro a assinar protocolo de intenções para a aquisição de 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech e em desenvolvimento no Instituto Butantã, em São Paulo.
Na avaliação do partido, Bolsonaro agiu violando o direito à vida e à saúde, com o objetivo de "privar a população brasileira de uma possibilidade de prevenção da covid-19 por puro preconceito ideológico ou, até pior, por motivações estritamente políticas".
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