Ex-governador e ex-ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM) está fora da disputa do segundo turno no Recife. Ele concorria, ao lado da deputada estadual Priscila Krause (DEM), à Prefeitura do Recife, mas após conquistar 200.551 votos, o equivalente a 25,11% da preferência do eleitorado, o candidato chegou apenas ao terceiro lugar no pleito. Os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT), que abocanharam 29,17% e 27,95% dos votos, respectivamente, se enfrentarão novamente na capital pernambucana no dia 30 de novembro.
Diferentemente do que havia divulgado no fim da semana passada, Mendonça acompanhou a apuração na sua residência, ao lado de Priscila e familiares, não no seu comitê, localizado no bairro da Torre. No ponto de concentração, cerca de 30 apoiadores dos democratas aguardaram o resultado da votação até aproximadamente as 23h. Após o fim da contagem de votos, o candidato informou, através de assessoria de imprensa, que só se pronunciará sobre o pleito nesta segunda-feira (16), às 11h. Priscila Krause também foi procurada para comentar o resultado das urnas, mas sua equipe não retornou às tentativas de contato da reportagem do JC.
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Esta foi a terceira vez que Mendonça concorreu à Prefeitura do Recife nos últimos 20 anos. Na primeira vez, em 2008, ele ficou em segundo lugar, mas não chegou a disputar o segundo turno porque o eleito, João da Costa (PT), conquistou 51,54% dos votos. Em 2012, o democrata contabilizou apenas 10% do total de votos que angariou no pleito anterior, pouco menos de 20 mil, e ocupou o quarto lugar entre os mais votados. Ele ainda perdeu as disputas para o governo do Estado, em 2006, e para o Senado, em 2018. Com o resultado da votação do domingo, resta saber se Mendonça, duro opositor do PT e do PSB, vai apoiar algum dos partidos nesta nova fase da disputa e que passos dará na carreira política a partir de agora.
Durante a campanha deste ano, Mendonça Filho foi o adversário do PSB que conseguiu fechar o maior número de apoiamentos para a sua candidatura, contando com o suporte do PSDB, PTB e PL na corrida eleitoral. Mesmo assim, ele não conseguiu unir a centro-direita recifense em torno de si, e precisou enfrentar nas urnas, além da esquerda, membros do mesmo espectro político a que ele pertence: Delegada Patrícia (Pode), Coronel Feitosa (PSC), Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) e Carlos (PSL).
E esse cenário não foi nada amistoso. Ao longo da campanha, não foram raras as vezes que os antigos aliados trocaram farpas e acusações, culminando com uma briga feroz entre Mendonça e Patrícia nos guias e redes sociais de ambos após o episódio em que foram divulgados prints de publicações antigas da policial se referindo à capital pernambucana como “Recífilis” no seu Facebook.
Apesar disso, não foi apenas dentro do seu campo político que Mendonça Filho concentrou os seus ataques. Muito pelo contrário, foi para nos candidatos do PT e do PSB que o então candidato focou praticamente todas as suas energias, na tentativa de desenhar um segundo turno de direita versus esquerda na capital pernambucana. Por conta disso, frequentemente o ex-governador relembrava em seus pronunciamentos o escândalo do respiradores testados em porcos, as investigações de corrupção envolvendo ambos os partidos, a inexperiência de João, a atuação parlamentar segundo ele “fraca” dos oponentes. Absolutamente qualquer coisa era motivo para que o democrata alfinetasse os adversários.
PROPOSTAS
A chapa Mendonça/Krause também ficou marcada pela grande quantidade de propostas apresentadas ao longo de 45 dias de campanha eleitoral. Entre as principais ideias da dupla estavam o programa Aluno Conectado, que previa que todos os alunos da rede municipal tivessem internet nas suas casas; A triplicação da BR-232, da Avenida Abdias de Carvalho até a entrada da BR-408, e a criação de um novo acesso para o bairro do Ibura; O saúde 24 Horas, que pretendia disponibilizar atendimento médico à população da cidade nos três turnos e o congelamento das taxas de IPTU e do Lixo por dois anos. O ex-ministro prometia, ainda, pulso firme no controle dos gastos da gestão, redução no número de cargos comissionados da administração e diálogo aberto com o governo federal.
Para tentar conquistar votos para si, a sua relação com membros do governo Jair Bolsonaro (sem partido) também foi utilizada grandemente por Mendonça, que chegou a se encontrar com cerca de 10 ministros antes e durante a campanha para acordar parcerias que poderiam vir a ser executadas após as eleições. O presidente, contudo, a uma semana para a votação declarou apoio e pediu votos para a Delegada Patrícia, fato que deixou até o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB) boquiaberto.
Nas pesquisas de intenção de voto divulgadas o longo da campanha, Mendonça começou empatado tecnicamente com João Campos no primeiro lugar, depois passou a manteve-se praticamente imóvel na segunda posição com Marília e Patrícia. No último sábado, quando foi liberada a última rodada da pesquisa Ibope/JC/Rede Globo para a cidade, o democrata mostrava-se numericamente exatamente no local onde ficou neste domingo: no terceiro lugar, com 18% das menções contra 39% de João e 26% de Marília.
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