O Passando a Limpo da Rádio Jornal desta quarta-feira (25), conversou com o procurador do Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco (TRE-PE), Wellington Cabral Saraiva, que comentou as denúncias feitas sobre as campanhas eleitorais de 2020 e ressaltou a credibilidade da apuração das urnas eletrônicas.
Wellington Saraiva comentou que a Procuradoria Regional Eleitoral recebeu muitas notificações de atos ilícitos nestas eleições, e também vários casos de desrespeito às normas sanitárias. "No primeiro turno, infelizmente, eu não sei exatamente por qual motivo, embora tenha meus palpites sobre ignorância, irresponsabilidade, egoísmo e falta de senso comunitário, muitos candidatos e candidatas promoveram aglomerações, e isso pode contribuir para o aumento dos casos do covid-19 que, como vemos, está chegando na sua segunda onda", repreendeu.
Questionado se a procuradoria está atuando para garantir que as apurações do segundo turno, que acontecem no próximo domingo (29) não sofram ataques que ocasionem atrasos, como ocorreu na apuração do primeiro turno, Saraiva pontuou que nestas eleições está havendo uma evolução negativa do que foi visto em 2018, com ataques à credibilidade e confiabilidade do sistema de votação e apuração da Justiça Eleitoral.
"Agora, tivemos um acréscimo dos ataques, com a realização de um ataque - antes eram verbais e nas redes sociais -, com um ataque verdadeiro à infraestrutura do TSE, o que não tenho acompanhado diretamente. Mas segundo a explicação do TSE, o que aconteceu foi um ataque maciço de tentativas de acesso ao sistema, que acabaram travando. Foram dois problemas que aconteceram: antes do final da eleição houve esse ataque chamado de negativa de acesso, quando milhares de computadores mandam tentativas de acessos e isso trava o sistema; o outro problema foi na totalização, que o TSE teve um atraso de aproximadamente três horas na divulgação, porque haviam instalado um supercomputador que apresentou problema no processamento de informações enviadas pelos Tribunais Regionais", explicou.
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De acordo com Cabral, não se pode misturar a existência de um problema e atraso de processamento com adulteração dos resultados. "Prova disso é que nenhum partido informou ou alegou alteração nos resultados numéricos das eleições. Nosso sistema eleitoral é de altíssima qualidade e confiabilidade, mas é claro que é um sistema falível".
Na ocasião, o procurador criticou o exemplo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que, como chefe do Executivo nacional, se coloca em uma posição contrária às urnas eletrônicas.
"Infelizmente, vemos um movimento combinado de ataque à credibilidade da Justiça Eleitoral, vemos autoridades importantes como o próprio presidente da República fazendo acusações sem provas contra a credibilidade do sistema. Em 2018, o presidente disse que houve fraude e jamais apresentou provas. Em fevereiro ou março de 2020 disse novamente que houve fraude, que ele tinha ganho no primeiro turno e ia apresentar as provas, jamais apresentou. Agora, ele disse novamente que haveria fraude no sistema das eleições. Que coisa grave é o chefe do poder Executivo nacional afirmar que a Justiça Eleitoral do seu País está fraudando as eleições, e não apresentar provas disso. É muito grave porque desacredita um dos aspectos essenciais da nossa democracia. Se o presidente ou qualquer autoridade, cidadão ou cidadã tem alguma prova verdadeira de que houve fraude na apuração, deve apresentar isso ou manter-se responsável e não fazer acusação leviana", observou.
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