Candidato a prefeito do Recife pela Frente Popular, o deputado federal João Campos (PSB), foi enfático ao afirmar que "não vai ter nenhuma indicação política do Partido dos Trabalhadores durante os quatro anos" de sua gestão, caso eleito no próximo domingo (29). A declaração provocou reação do diretório estadual do PT, e o presidente Doriel Barros se manifestou, por nota, rememorando o fato de que membros da legenda petista também estão presentes na gestão socialista.
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"João Campos precisa respeitar o Partido do Trabalhadores reconhecendo sua contribuição para o Recife e para o País e as transformações que realizamos na vida do povo com os governos de João Paulo, João da Costa e, em nível nacional, com Lula e Dilma. Essa história não pode ser manchada somente porque ele não sabe lidar com o desejo dos recifenses de eleger Marília Arraes, uma adversária qualificada e que tem tudo para fazer de nossa capital um local mais digno para se viver e trabalhar", afirmou Doriel.
Mesmo que em palanques opostos, o PT e o PSB sempre mantiveram-se alinhados em ambas as gestões. Em 2008, a chapa vencedora tinha João da Costa (PT), eleito prefeito, acompanhado do seu vice-prefeito Milton Coelho, que era presidente estadual do PSB na época. Ainda que nos anos seguintes os socialistas tenha empunhado derrotas aos petistas, com a eleição (2012) e reeleição (2016) do prefeito Geraldo Julio, os petistas continuavam a ocupar espaços dentro da administração municipal e estadual do PSB.
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Até o mês passado, Oscar Barreto ocupava a secretária de Saneamento da Prefeitura do Recife. A pasta foi entregue, segundo o agora ex-secretário, por determinação do Diretório Nacional do PT. No Governo do Estado, a esposa do ex-prefeito João da Costa, Marília Bezerra, é diretora presidente da Empresa Pernambucana de Transporte Coletivo Intermunicipal. O PT também possui cargos ocupados na Secretária de Agricultura e no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).
"O que ele (João Campos) precisa entender é que o PT participou da atual gestão municipal e participa do governo do Estado por ser um parceiro fundamental para a Frente Popular em Pernambuco e não por bondade de seu partido. Uma contribuição que sempre foi recíproca, pois o PSB sempre integrou as gestões petistas. Virar as costas para esses fatos mostra o quanto seu discurso é raso.", declarou Doriel Barros, em nota.
O presidente estadual do PT, esclarece que a presença do PT no Estado se deu por um convite feito pelo governador Paulo Câmara (PSB), mas que não descartam a possibilidade de entregar os cargos. "Mas entendemos que João Campos ainda precisa de muita experiência para aprender a respeitar as construções feitas para o bem comum. Ele parece não haver aprendido nada com a história de seu bisavô, Miguel Arraes.", disparou o dirigente. "No próximo domingo não serão palavras infantis e desrespeitosas que definirão a eleição, mas a vontade do povo. É 13! É Marília!", conclui.
Em entrevista à Rádio CBN, nesta quinta-feira (26), João Campos explicou que os questionamentos sobre a manutenção da presença de membros do PT nas atuais gestões do PSB, no sentido de uma postura coerente, devem ser direcionadas aos próprios petistas. "Eu estou como candidato a prefeito e já disse, no meu governo não vai ter nenhuma indicação política do Partido dos Trabalhadores durante os quatro anos", cravou.
Ainda segundo Campos, na disputa de comparações entre as administrações, o PSB teria muito mais o que mostrar ao Recife. " Se você quiser comparar a gestão de João da Costa com a gestão de Geraldo Julio, vamos comparar quem é o melhor gestor, quem fez a cidade avançar mais. Se quiser comparar a gestão do PSB e PT, vamos comparar, se quiser comparar meu mandato com o da candidata adversária, deputada federal, a gente pode fazer e quem produziu e entregou mais", declarou.
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