O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) e o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-ministros da Saúde, pediram apuração ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o estudo do Ministério da Saúde para inserir medicamentos do "kit covid-19" no Farmácia Popular.
Revelado nessa sexta-feira (11), pelo Estadão, o plano prevê gastar até R$ 250 milhões para reembolsar farmácias conveniadas para que distribuam de graça a hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina. Essas drogas não têm eficácia comprovada contra o novo coronavírus, mas se tornaram aposta do governo Jair Bolsonaro para enfrentar a pandemia.
"Inadmissível tamanha irresponsabilidade com os recursos públicos", afirmou Padilha, no pedido, encaminhado ao ministro Benjamin Zymler, que relata processos sobre ações da Saúde na pandemia. Padilha também pediu informações ao Ministério da Saúde sobre a distribuição dos medicamentos.
Já o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), demitido da Saúde por Bolsonaro em abril, disse que o governo está "perdidinho". Mandetta afirmou ainda que há risco de o comando da Saúde cometer um ato de improbidade.
Apesar de querer usar dinheiro público para entregar o "kit covid" gratuitamente, o ministério tem mais de 2,5 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina encalhados. O estoque faz parte de um lote de 3 milhões de unidades, recebido de doações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da farmacêutica Sandoz, e não é parte do kit que será entregue nas farmácias. Além da baixa procura, o fármaco encalhado precisa ser fracionado.
Criador do Farmácia Popular, em 2004, o senador Humberto Costa (PT-PE), disse que a inclusão dos medicamentos não tem "qualquer fundamentação científica". Costa pediu para o Ministério Público junto ao TCU se debruçar sobre a proposta da gestão de Pazuello. "Subverte a lógica do programa, que é focar em algumas doenças que precisam ser tratadas permanentemente e de forma adequada", disse o senador à reportagem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.