Câmara do Recife

Renato Antunes segue como líder da oposição na Câmara do Recife

Vereador de primeiro mandato, Dr. Tadeu Calheiros (Podemos) será o vice-líder da bancada. Em 2022, deve haver rodízio das posições

Luisa Farias
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Publicado em 25/01/2021 às 16:37
CARLOS LIMA/CÂMARA MUNICIPAL DO RECIFE
OPOSIÇÃO Renato Antunes, do PSC, deve disputar mandato na Alepe - FOTO: CARLOS LIMA/CÂMARA MUNICIPAL DO RECIFE
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Atualizada às 17h19

Em reunião online realizada nesta segunda-feira (25), a nova bancada de oposição da Câmara Municipal do Recife anunciou a permanência do atual líder, vereador Renato Antunes (PSC), durante o ano de 2021, até uma nova eleição em 2022. O novo vice-líder será o vereador de primeiro mandato Tadeu Calheiros (Podemos). Ex-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), ele promete intensificar a fiscalização das ações de combate à covid-19 realizadas pela Prefeitura do Recife, sobretudo a vacinação respeitando a aplicação nos grupos prioritários. 

Tadeu lembra que mesmos os grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde - Idosos com mais de 70 anos, pessoas em instituições de longa permanência, trabalhadores da saúde, indígenas aldeados - não estão tendo acesso à vacina neste primeiro momento devido à falta de doses suficientes. "Teve que se fazer as escolhas e todos concordam quando as escolhas são coerentes e são seguidas. O ruim é que quando a gente vê pessoas que não deveriam estar ali naquele momento sendo vacinadas, furando a fila, isso causa repulsa a toda a sociedade", afirmou Tadeu.

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Desde o início da vacinação em Pernambuco, já surgiram vários relatos de pessoas que não se enquadram em nenhum dos grupos prioritários que receberam o imunizante. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recebeu uma denúncia sobre o caso de um fotógrafo da Prefeitura de Jupi, no sertão do estado, e a da secretária de saúde do município, que se vacinaram. 

"Já entramos através de instituições médicas com pedidos ao MPPE para acompanhar (a vacinação) e pretendemos tão logo saia do recesso, pedir que a prefeitura nos apresente um cronograma, a lista das pessoas que devem ser vacinadas para a gente acompanhar e para não haja a quebra de direitos de nenhum cidadão", afirmou Tadeu Calheiros. 

A oposição é formada por seis vereadores do PSC, Podemos e DEM, alinhados ao pensamento de centro-direita. O PT e PSOL, que também farão oposição ao prefeito João Campos (PSB), não integram o bloco. "Fizemos um bloco de oposição ideológico de centro direita. Eu falo por experiência da última legislatura: O PT é um partido que não se define, ora é governo, ora é oposição, então a gente preferiu compor uma base mais sólida, mais ideológica, mas isso não impede que a gente possa discutir a cidade (com outros partidos de oposição) no momento oportuno quando for necessário, como foi feito na legislatura passada", afirmou Renato Antunes.

Além de Renato e Tadeu, também compõem o bloco o Alcides Cardoso, novo líder do DEM, Felipe Alecrim, novo líder do PSC, Fred Ferreira (PSC), 3º vice-presidente da Casa, Pastor Júnior Tércio, novo líder do Podemos.  A bancada dobrou o número de integrantes em relação à legislatura anterior, que só tinha Renato Antunes, Fred Ferreira e André Régis (PSDB), que não se candidatou à reeleição. Ivan Moraes (PSOL) e Jayme Asfora (Cidadania; na época sem partido) adotavam uma posição de independência. 

A recondução de Renato ocorreu tendo a vista a sua experiência na função. Entra também na conta o fato da bancada ser majoritariamente formada por vereadores de primeiro mandato. "Após algumas reuniões, a gente chegando agora, eu Tadeu e Alecrim e Júnior, a gente achou melhor mantê-lo até por experiência e uma pessoa idônea que já vem fazendo com muita responsabilidade essa liderança de oposição e foi uma decisão de comum o acordo de todos. Acredito que tenha sido o mais acertada no momento", afirmou Alcides Cardoso. 

De acordo com o Regimento Interno da Casa, o mandato de líder e vice-líder tem a mesma duração que os da Mesa Diretora, de dois anos, mas foi acordado pela bancada que haveria um rodízio no próximo ano. Um rodízio também ocorreu na legislatura anterior, quando Marília Arraes (PT) foi líder em 2017, Rinaldo Junior (PSB; na época no Republicanos) em 2018 e o próprio Renato em 2019 e 2020. 

"Ao término desse ano de 2021, iniciando 2022, nada impede que a gente possa fazer uma nova reunião para fazer uma análise do que foi 2021 e caso seja necessário, e eu acredito que será, porque eu quero passar o bastão, a gente ter de fato esse um rodízio de maneira a dar a experiência para os demais membros para compor a liderança, a vice-liderança", explicou o líder. 

Os vereadores oposicionistas têm forte ligação com igrejas evangélicas, como Fred Ferreira, e Pastor Júnior Tércio, mas agora também com a Igreja Católica, através de Felipe Alecrim, fundador da Comunidade Católica Santo Angelus. Segundo o líder, a bancada evangélica formada na legislatura anterior - composta por vereadores governistas e oposicionistas - passará a se apresentar agora como cristã.

Esquerda

O PSOL adotava uma posição independente na legislatura anterior, com Ivan Moraes (PSOL), e agora ganhou o reforço de Dani Portela (PSOL), vereadora mais votada na eleição de 2020. Já o PT elegeu como líder Liana Cirne, que já orientou a bancada, Jairo Britto (PT) e Osmar Ricardo (PT), a adotarem uma postura de oposição. O PT rompeu com o PSB a nível estadual e municipal como resultado da postura adotada pelo prefeito João Campos no segundo turno da eleição do Recife contra a deputada federal Marília Arraes (PT), quando ele apostou forte no antipetismo.

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Juntos, PT e PSOL formam um bloco de cinco vereadores, um a menos do que a oposição à direita, que também tem um partido a mais. Por isso, eles têm a prerrogativa de indicar tanto o líder como o vice-líder. É o que diz o parágrafo 3º do artigo 45 do Regimento Interno: "O líder e o vice-líder da oposição serão indicados pela maioria absoluta dos líderes das bancadas de oposição na Câmara Municipal do Recife para período de até 2 (dois) anos". 

Segundo explica o presidente da Câmara, Romerinho Jatobá (PSB), precisa haver uma formalização de que PT e PSOL não integrarão a bancada de oposição e de que Renato e Tadeu foram eleitos líder e vice-líder. Mas a composição permanecerá a mesma, pelo fato do bloco à direita ser majoritário. "Por se tratar de uma oposição, eles tem que conversar e tem que ser dito que o PT e o PSOL não vão seguir essa linha. Eu não recebi nenhum documento ainda deles. Quando a gente receber, a gente vai consultar a oposição. Neste caso, eles tem a maioria, então teoricamente serão formalizados como bancada de oposição", afirma. 

Ivan Moraes ressalta que, na prática, "já há essa divisão natural das oposições a um governo que também tem uma base bem diversa", disse o psolista. Já Dani Portela reafirma que o PSOL fará uma oposição à esquerda. "Somos oposição local ao PSB e Nacional ao governo Bolsonaro. Ainda estamos dialogando com PT, para ver como nos comportaremos enquanto bloco", destaca a vereadora. 

Para Renato Antunes, não haverá um cenário de disputa entre os dois blocos. "Não existem dois blocos que se duelam, que estão em briga. Pelo contrário, existem divergências ideológicas. E quando houver o debate ideológico, cada um haverá de respeitar o seu espaço e essa pluralidade vai ser respeitada. No que concerne à fiscalização estaremos juntos para atender aos interesses do Recife", afirmou. 

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